ARREPENDIDO

Morte de gari: Renê diz que jogou a vida fora quando assassinou Laudemir

Natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, empresário ressaltou que Minas Gerais o acolheu muito bem e que teria decepcionado os amigos que fez no estado

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O empresário Renê da Silva Nogueira Junior, de 47 anos, afirmou estar arrependido de ter matado o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, durante uma briga de trânsito no dia 11 de agosto. A afirmação foi feita durante interrogatório na sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Bairro Lagoinha, Região Noroeste de Belo Horizonte.

Segundo o registro da oitiva, Renê disse que jogou sua vida e a da vítima fora ao cometer o crime. Ele diz, ainda, que seu ato atrapalhou a vida da esposa, a delegada da Polícia Civil de Minas Gerais Ana Paula Balbino Nogueira, do filho e da família de Laudemir.

Natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, o empresário ainda ressaltou que Minas Gerais o acolheu muito bem e que teria decepcionado os amigos que fez no estado.


Confissão

Renê Júnior confessou ter matado Laudemir Fernandes durante uma briga de trânsito. Em interrogatório na sede do DHPP, ele afirmou que não havia tomado remédios de bipolaridade, andava armado por ter medo do caminho e não prestou socorro porque não imaginou ter acertado alguém com o tiro.

A confissão ocorreu um dia depois da divulgação de imagens de câmeras de segurança, que constam em relatório acessado pela reportagem do Estado de Minas e mostram o investigado guardando a arma usada no crime. Agora, com a confissão, Renê pode ter a pena reduzida, caso seja condenado pelo crime.

O assassinato foi cometido com uma arma particular da esposa do investigado, a delegada da Polícia Civil de Minas Gerais Ana Paula Balbino Nogueira. Aos policiais, ele alegou que a companheira o proibia de pegar as armas, e que esta teria sido a primeira vez que usou uma delas.

Tiago Lenoir, advogado que representa a família de Laudemir, declarou ao Estado de Minas que, em nenhum momento, houve tentativa de contato por parte de Renê, de seus advogados ou de sua esposa para reparar, minimamente, os danos causados pela morte do gari. "Que arrependimento é este?", questiona.

Qual é a versão de Renê?

No depoimento, Renê admitiu que saiu do local do crime imaginando que seria penalizado apenas por porte ilegal de arma, pois não imaginou que o tiro que efetuou havia acertado alguém, uma vez que viu todos os coletores correndo depois de atirar. Em sua versão dos fatos, ele tentava passar em uma via onde estava o caminhão de lixo, mas não conseguiu atravessar por ter o carro largo.

Segundo o empresário, ele pegou a arma por estar “receoso” de ir trabalhar por uma rota desconhecida e, somado a isso, tinha esquecido de tomar a medicação para bipolaridade. Ele, porém, não soube especificar o nome do remédio, apenas afirmando que serve para estabilização do humor. Em suas palavras, servia para “equilibrar a cabeça”.

Prorrogação do inquérito

A pedido da Polícia Civil, o prazo para a conclusão do inquérito do assassinato de Laudemir foi prorrogado por mais 30 dias. Durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o porta-voz da Polícia Civil afirmou que os investigadores que apuram as circunstâncias do homicídio ainda aguardam o resultado de laudos periciais.

É possível, contudo, que os trabalhos da PCMG sejam concluídos antes dos 30 dias adicionais concedidos pela Justiça. Renê já está preso preventivamente na penitenciária de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Como foi o crime?

O gari Laudemir de Souza Fernandes foi morto com um tiro na barriga na manhã de segunda-feira (11/8), em uma discussão de trânsito no Bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte (MG). Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, ele trabalhava na coleta de lixo junto a outros garis quando a motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, de 42 anos, parou e encostou o veículo para permitir a passagem de um carro, modelo BYD, conduzido pelo empresário Renê da Silva.

De acordo com testemunhas, Renê abaixou o vidro e gritou para a condutora que, se alguém encostasse no carro dele, mataria a pessoa. Diante da ameaça, os garis, incluindo Laudemir, pediram que o motorista se acalmasse e seguiram orientando-o a continuar o trajeto. Ainda assim, ele desceu do veículo visivelmente alterado, apontou uma arma para o grupo e disparou, atingindo Laudemir.

Em seu depoimento à polícia, o também gari Evandro Marcos de Souza, de 35 anos, contou que o suspeito chegou a mirar contra a cabine do caminhão e ameaçar “dar um tiro na cara” da motorista. Ao ultrapassar o veículo, Renê teria desembarcado já com a arma em punho. Eledias confirmou a versão do colega e ainda disse à polícia que havia espaço suficiente para o carro passar sem que fosse necessário o tom agressivo.

O gari Tiago contou que a equipe de limpeza chegou a dar passagem ao empresário, que já se aproximava de forma ameaçadora. Ele disse ter tentado apaziguar a situação, pedindo que o motorista seguisse seu caminho em paz, já que os garis apenas cumpriam o trabalho. “Naquela hora, eu gritei: “Você vai dar um tiro na mulher trabalhando? Vai matar ela dentro do caminhão?”. 

O gari relatou que o suspeito teria seguido com o carro, mas logo parou o veículo, desceu, sacou a arma e disse: “Vocês estão duvidando de mim?”. Depois disso, Tiago disse que gritou questionando se o homem ia atirar neles, que estavam trabalhando. Em seguida, Laudemir de Souza Fernandes foi atingido por um tiro no abdômen. 

A vítima foi socorrida e levada ao Hospital Santa Rita, no Bairro Jardim Industrial, em Contagem (MG), na Grande BH, mas morreu no local por hemorragia interna.

Quem é o investigado?

Renê da Silva Nogueira Júnior atuava como vice-presidente de uma empresa de alimentos, mas foi desligado no dia seguinte à repercussão do crime. Ele é casado com uma delegada da Polícia Civil e, em uma rede social desativada após o crime, informava ter formação em administração e marketing pela PUC-Rio e Universidade Estácio de Sá, além de se definir como um “líder, com boa capacidade de comunicação e motivação de equipes diretas e indiretas, com prática no acompanhamento e desenvolvimento de profissionais”.

Renê também se apresentava como um profissional com “excelente capacidade de negociação e de construir relacionamento por meio de engajamento, resolução de problemas e comunicação eficaz”.

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Em seu perfil do Instagram, desativado poucas horas após a prisão, ele se descrevia, em inglês, como "cristão, esposo, pai e patriota".

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