Festa de Padre Eustáquio: confira a programação deste sábado (30/8)
Santuário Arquidiocesano de Saúde e da Paz, no Bairro Padre Eustáquio, em BH, se prepara para receber um número maior de devotos
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Siga noDias de fé, oração, pedidos de bênção, agradecimentos pelas graças alcançadas e muita alegria no coração para festejar o Beato Padre Eustáquio. O Santuário Arquidiocesano da Saúde e da Paz, mais conhecido como Igreja Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte, recebe uma multidão de fiéis que chega de todos os cantos para a tradicional celebração religiosa em homenagem ao homem no caminho da santificação.
A expectativa é de que o número de devotos, estimado em 25 mil pessoas a cada 30 de agosto, seja maior, desta vez, por dois motivos: a data cai no sábado e inclui a comemoração do centenário da chegada do beato ao Brasil, onde ficou por 18 anos. Haverá intensa programação nesta e na próxima semanas, incluindo O Simpósio Internacional Saúde e Paz.
Na missa das 15h dessa quarta-feira (27/8), celebrada pelo vigário paroquial Wanderson de Souza e pelo reitor do santuário, padre Edmar Aparecido de Oliveira, o movimento era grande no templo da Rua Padre Eustáquio, 2405, no bairro de mesmo nome.
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Como sempre ocorre neste mês, chegam a BH parentes do beato nascido Hubbertus van Lieshout, em Aarle-Rixtel, no Sul dos Países Baixos. Entre eles, o sobrinho Will van den Boomen, holandês que participa de todas as celebrações e já fez muitos amigos em solo mineiro, acompanhado da mulher, Joke, e da cunhada, Francina.
Conforme divulgado pelo santuário da Congregação dos Sagrados Corações, da qual o beato fazia parte, virão ainda caravanas de Poá (SP), de cidades mineiras da Região do Alto Paranaíba (MG), onde Padre Eustáquio atuou, e do Paraguai.
Imagem do Beato
Neste ano, há novidades que farão brilhar os olhos de moradores e visitantes e levar à reflexão. Amanhã (29/8), véspera da Festa Litúrgica do Beato Padre Eustáquio, a Causa de Canonização vai apresentar, no Santuário da Saúde e da Paz, uma imagem representativa da morte do religioso holandês ocorrida em 30 de agosto de 1943, no Hospital Alberto Cavalcanti, em BH.
A escultura foi feita pelo artista sacro de São João del-Rei (Região do Campo das Vertentes) Osni Paiva, que assina obras dos beatos mineiros Padre Víctor, de Três Pontas, e Nhá Chica, de Baependi. Trata-se de uma peça em madeira de cedro, policromada, em tamanho natural, medindo 1,80 metro.
Para compor sua sacralidade, a escultura estará vestida com o hábito original usado pelo “Missionário da Saúde e da Paz”, como o beato é conhecido. O esquife (altar-urna), que abrigará a imagem do beato morto, foi confeccionado pelo Ateliê Estrela Guia, também de São João del-Rei. Em estilo barroco, rememora a arquitetura sacra das igrejas mineiras do século 18.
O conjunto foi encomendado pela Causa de Canonização em comemoração aos 100 anos da chegada do Beato Padre Eustáquio ao Brasil. “Com essa representação, a ideia é mostrar aos devotos que a vida de um santo não termina com a morte e que agora ele continua intercedendo por nós junto de Deus”, informa a nota da Causa de Canonização.
Saúde e paz
Ainda como parte da programação comemorativa do centenário da chegada do Beato Padre Eustáquio ao Brasil, haverá, em ambiente multidisciplinar, o Simpósio Internacional Saúde e Paz, realizado de segunda a quinta-feira (1º a 4/9), na PUC Minas Coração Eucarístico. Estão previstas atividades também no Teatro Padre Eustáquio (no Santuário Arquidiocesano da Saúde e da Paz).
Em conferências, mesas redondas e debates, serão propostas questões como: “A espiritualidade é aliada da ciência?”, “É possível se beneficiar da fé para potencializar os resultados da medicina? A inspiração vem do campo no qual a espiritualidade e a ciência se encontram na promoção da saúde humana integral e da paz”, segundo os organizadores do evento que reunirá pesquisadores da área da saúde e teólogos. Como tema do encontro, a habitual saudação “saúde e paz” usada por Padre Eustáquio.
Antes de chegar a BH e se estabelecer no bairro que mais tarde viria a receber seu nome, o religioso holandês percorreu o interior mineiro e de estados vizinhos, onde colheu e catalogou informações preciosas sobre medicina popular. Agora, o potencial curativo do conhecimento adquirido pelo sacerdote holandês, que unia espiritualidade e sabedoria popular no tratamento de enfermidades, merece atenção de médicos, farmacêuticos, biólogos e teólogos.
Entre os participantes do simpósio estão o médico psiquiatra, professor e um dos fundadores do curso de medicina da PUC Minas, Renato Diniz Silveira; a diretora do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da PUC Minas, Soraya de Mattos Camargo Grossmann; a professora no departamento de farmácia da PUC Minas, Marina Pereira Rocha; o vice-postulador da Causa de Canonização do Beato Padre Eustáquio, Padre Vinicius Maciel; o coordenador do programa de pós-graduação em Ciência da Religião da PUC Minas, Roberlei Panasiewicz; e o sobrinho do beato, Will van den Boomen.
Vida e obra
Com uma jornada iluminada pela fé, Padre Eustáquio está em processo de canonização, mas já é considerado “santo” por uma legião de devotos – viveu quase duas décadas no Brasil, com ação pastoral e social em cidades paulistas e mineiras e dedicação aos pobres e enfermos. Muitas graças e bênçãos, alcançadas por intercessão dele, são registradas em Poá (SP), Romaria, Patrocínio e BH, onde, por sinal, ocorreu o milagre de cura reconhecido pelo Vaticano para a beatificação.
Nascido Hubbertus van Lieshout, em 1890, em Aarle-Rixtel, no Sul da Holanda, e sepultado em BH em 1943, “Padre Eustáquio teve como grande inspiração o belga São Damião de Molokai (1840-1889), que cuidou de leprosos desprovidos de assistência material e espiritual, na ilha Molokai, no Havaí”, destaca padre Vinícius Maciel, da Congregação dos Sagrados Corações (a mesma do beato e do santo), vice-postulador da causa de canonização.
Em 2023, padre Vinícius liderou um grupo de 26 mineiros, incluindo a equipe do EM, à terra natal do beato e às cidades belgas de Lovaina, onde São Damião está sepultado, e Tremelo, onde nasceu, e onde Padre Eustáquio fez o noviciado.
Em Aarle-Rixtel, ainda existe, e muito bem preservada nas mãos de descendentes, a casa de fachada com tijolinhos à vista, que pertenceu ao fazendeiro Wilhelmus van Liesout (1850-1924) e Elisabeth van de Maulenhof (1859-1931).
Desde pequeno, Hubbertus (Humberto, em português), o oitavo dos 11 filhos do casal, desejava se tornar sacerdote, recebendo, ao ingressar no Seminário Menor da Congregação dos Sagrados Corações (SSCC), o nome de Eustáquio.
Ao Brasil, Padre Eustáquio chega em 1925, e parte para Água Suja, atual Romaria, no Alto Paranaíba (MG), ficando ali 10 anos. Se no país ele viveu dias de plenitude, pelo terreno fértil para semear fé e obras sociais, passou também por momentos de extrema tensão, muitas vezes obrigado a se proteger das multidões, que o procuravam em busca de “milagres”, e daqueles que viam nele uma ameaça tal a força de carisma e socorro aos necessitados (era chamado de “Pai dos pobres”).
Sobre seu novo destino, escreveu no livro “Padre Eustáquio – o Vigário de Poá” (1944), o padre Venâncio Hulselmans: “Água Suja e vizinhanças eram afamadas não só pela sua excelsa padroeira, Nossa Senhora da Abadia, como pelo diamante azul encontrado em jazidas importantes nas encostas do córrego Água Suja e do Rio Bagagem; a maior fama, porém, corria pela ausência de vigilância quanto à observação das leis civis, eclesiásticas ou morais”.
Após terminar sua missão em Água Suja, e promover grandes mudanças, Padre Eustáquio seguiu para Poá (SP), tornando-se o pioneiro titular da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes. Em 1936, após viagem à Europa, retorna à cidade trazendo água, considerada milagrosa, da gruta de Nossa Senhora de Lourdes, na França.
Ele “multiplica” infinitamente o líquido e, conforme o livro do padre Venâncio Hulselmans, são inúmeros os relatos de curas com a chegada “de romeiros de todas as partes à procura da fonte dos milagres”. Jornais (“O Diário da Noite”, “Folha da Manhã”, “O Dia” e “A Plateia”) mostravam “legiões de enfermos de todo o Brasil em busca da água milagrosa de Poá”.
Após seis anos, grande parte conturbados, e ao final de profundo esgotamento, Padre Eustáquio deixa Poá (antes ligado a Mogi das Cruzes, hoje município da Região Metropolitana de São Paulo) e vive tempos de exílio em cidades paulistas, mineiras e no Rio de Janeiro. Em Minas, mora em Patrocínio (MG), depois segue para Ibiá, onde fica menos de um mês.
O último destino foi BH. Em 2 de abril, o religioso holandês chega à capital, e, seis dias depois, toma posse como vigário da Paróquia São Domingos, onde hoje é o Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste. Na época, rezava na Capela Cristo Rei, perto do Aeroporto Carlos Prates.
O sonho de ver pronto o atual Santuário Arquidiocesano da Saúde e da Paz não se concretizou, pois o holandês morreu em 30 de agosto de 1943, vítima da picada de um carrapato. Mas ele lançou a pedra fundamental três meses antes, em terreno doado pelo então prefeito de BH, Juscelino Kubitschek (1902-1976).
Dez tempos do Beato
- 1889 – Em 3 de novembro, Hubbertus nasce em Aarle- Rixtel, na Holanda. Para a vida religiosa, na Congregação dos Sagrados Corações, recebe o nome de Eustáquio.
- 1915 – Inspirado no ideal missionário de São Damião de Molokai, Eustáquio professa votos temporários e perpétuos, para, quatro anos depois, ser ordenado sacerdote.
- 1925 – Parte para o Brasil como missionário, passando por Água Suja (atual Romaria, na Região do Alto Paranaíba), Poá (SP) e outras cidades do interior mineiro, além do Rio de Janeiro (RJ).
- 1942 – Chega a Belo Horizonte, onde fica por pouco mais de um ano e quatro meses. Picado por um carrapato, Padre Eustáquio morre em 30 de agosto de 1943, no Sanatório Minas Gerais (atual Hospital Alberto Cavalcanti), na capital.
- 1943 – Em 31 de agosto, os restos mortais de Padre Eustáquio são conduzidos para o Cemitério do Bonfim. Seu túmulo se torna lugar de preces e devoção.
- 1949 – Em 31 de janeiro, ocorre o translado dos restos mortais de Padre Eustáquio para a capela mortuária, na entrada da Matriz dos Sagrados Corações, iniciada pelo próprio beato e hoje conhecida como Igreja de Padre Eustáquio.
- 1956 – Em 5 de fevereiro, com a fama de santidade se propagando, há o início dos trabalhos preliminares para instauração do processo de canonização de Padre Eustáquio.
- 2003 – Em 12 de abril, o papa João Paulo II aprova e publica oficialmente o decreto sobre a heroicidade das virtudes de Padre Eustáquio. O Servo de Deus se torna Venerável Padre Eustáquio.
- 2005 – Em 19 de dezembro, o papa Bento XVI autoriza a publicação do decreto reconhecendo um milagre atribuído por intercessão de Padre Eustáquio. Padre Gonçalo Belém é curado de um câncer na garganta.
- 2006 – Em 15 de junho, Padre Eustáquio é beatificado, em cerimônia no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.
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Programação da Festa do Beato Padre Eustáquio
Sábado (30/8)
- Missas às 5h, 7h, 9h, 11h, 13h, 15h, 17 e 19h
- Procissão após a missa das 17h
- Terço: 8h e 16h
- Adoração: 12h
- Confissões: De 8h30 às 11h
- Barraquinhas durante todo o dia
Simpósio Internacional Saúde de Paz
- Segunda-feira (1/9), às 19h30, no Teatro da Igreja Padre Eustáquio (Bairro Padre Eustáquio) – Sessão solene de abertura, com a presença do arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira e Azevedo
- Às 20h – Mesa redonda com o tema “A devoção ao Beato Padre Eustáquio: vivências, narrativas e serviços”
- Às 20h45 – Debate e momento cultural