Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens - (crédito: Gustavo Werneck/EM/D.A. Press)
crédito: Gustavo Werneck/EM/D.A. Press
“Só o Caraça paga toda a visita a Minas.” O elogio feito por Dom Pedro II, em 13 de abril de 1881, tem um complemento: “Teria escrúpulos de vir a Minas e não chegar até o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Hei de voltar, padre superior”. Sempre me lembro da frase do imperador ao pegar a estrada em direção ao Santuário do Caraça, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) com mais de 12 mil hectares distribuídos entre Catas Altas e Santa Bárbara e administrado pela Província Brasileira da Congregação da Missão (PBCM).
Conjunto arquitetônico paisagístico tombado há 70 anos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Caraça, que sediou um dos colégios mais importantes de Minas (de 1820 a 1968), fascina do início ao fim do passeio. Dois séculos e meio de história, natureza exuberante, aconchego na hospedagem, comida da melhor qualidade, paisagem, trilhas e descobertas aguçam os sentidos e conduzem o visitante a ótimas surpresas. Nesse aspecto, fiquei muito feliz – e aliviado – ao saber que o forte incêndio que atingiu as matas do entorno, há nove meses, não exterminou um dos símbolos locais, o lobo-guará. Desde 1982, os animais surgem no início da noite, diante da Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens (a primeira em estilo neogótico do país), para receber alimentação das mãos dos padres. E, assim, em silêncio absoluto, encantar brasileiros e estrangeiros.
lobo-guará
GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS
Agora, vem uma boa notícia. No cenário de recuperação da paisagem devastada pelo fogo, foi registrado o nascimento de dois filhotes da loba “Sampaia”, monitorada por um rádio colar. A confirmação, capturada pelas câmeras de monitoramento, reacende a esperança na preservação da espécie e fortalece ações implementadas que podem mostrar, inclusive, as ameaças regionais sofridas pelos canídeos. Em parceria com o Instituto Pró-Carnívoros, a direção do santuário põe em prática o projeto “Turismo de Observação do lobo-guará como ferramenta de conservação”, contemplado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), via Plataforma Semente, para ajudar na preservação e cuidados. A supervisão é do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
"Só o Caraça paga toda a visita a Minas." O elogio feito por Dom Pedro II
GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS
Reforço
Para evitar incêndios florestais, especialmente no período de seca, o Caraça tem reforçado medidas de prevenção. Entre elas, construção de aceiros, que agem como barreiras para impedir a propagação do fogo, permanente diálogo com proprietários vizinhos, conscientização sobre práticas mais seguras e reuniões com empresas da região para alinhar estratégias conjuntas. Fundamental também é a oferta de um curso de formação de brigadistas voluntários ministrado pelo Corpo de Bombeiros, por meio do Projeto ‘Protetores da Serra’, com apoio do MPMG.
Ao caminhar pelo pátio com o jardim, o visitante vai ver o quadro com a famosa frase de Dom Pedro II. Mais do que guardá-la na memória, se torna essencial entender bem o sentido. Preservar para voltar sempre. Escolhido como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real, o Caraça, que funciona como hotel, apresenta enorme diversidade de fauna e flora, com raridades de animais e plantas. Há 386 espécies de aves, 64 espécies de anfíbios, 54 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos.
Por enquanto, os filhotes de “Sampaia” não estão em cena. Mas é só esperar para ver!
Melhoria do acesso à histórica...
reforma da estrada de acesso ao Parque Nacional da Serra da Canastra
ELETROBRAS/DIVULGAÇÃO
Outro santuário ambiental e histórico ganha atenção especial, desta vez com a reforma da estrada de acesso ao Parque Nacional da Serra da Canastra. Com investimento de R$ 51 milhões, a Eletrobras faz a obra que contempla um trecho de cerca de 10 quilômetros que, ao longo dos anos, se tornou alvo de severos impactos de erosão e degradação. O objetivo do projeto é restabelecer condições de trafegabilidade da estrada, reduzir o assoreamento dos cursos d’água e conter a perda de solo em uma das áreas de maior relevância ecológica do país. A expectativa é de que a intervenção contribua para a conservação do marco hidrográfico e cultural, bem como facilitar o acesso de moradores, turistas e pesquisadores à unidade de conservação.
...nascente do Rio São Francisco
cachoeira Casca D’Anta, com 186 metros de queda livre
Leandro Couri/EM/D.A Press
Criado em 1972, o Parque Nacional da Serra da Canastra engloba São Roque de Minas, Capitólio, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Delfinópolis e Sacramento. A unidade de conservação abriga a nascente do São Francisco e a cachoeira Casca D’Anta, com 186 metros de queda livre. Toda a área fica no cerrado, um dos ecossistemas mais ameaçados do país, daí a importância de iniciativas voltadas à proteção. A Eletrobras informa que, desde sua privatização, cumpre compromissos assumidos em sua capitalização, entre eles o repasse anual de recursos para programas de desenvolvimento regional e revitalização ambiental, previstos em lei. A aplicação dos recursos é definida pelo governo federal, sob a coordenação dos Ministérios de Minas e Energia e da Integração e Desenvolvimento Regional. “Trabalhar pela proteção da nascente do São Francisco é mais do que preservar um símbolo nacional. É uma forma concreta de garantir água, solo e biodiversidade para o presente e o futuro, com uso múltiplo”, diz o diretor de Engenharia e Implantação de Fundos Regionais da Eletrobras, Domingos Andreatta.
Cenário barroco
Santuário Arquidiocesano de Santa Luzia
Gustavo Werneck/EM/D.A Press
Sucesso absoluto o 18º Congresso Nacional Pueri Cantores do Brasil, realizado no Santuário Arquidiocesano de Santa Luzia. O cenário barroco do templo foi perfeito para a apresentação dos corais Mater Ecclesiae, de Santa Luzia, Puer Singers, de BH, Pequenos Cantores de Passos, Meninos Cantores de Pratápolis e Pequenos Cantores de Cássia (três cidades do Sul de Minas), Canarinhos de Itabirito, Dom Silvério, de Sete Lagoas, Canarinhos de Campo Largo (Paraná) e Carpe Diem, de Itajaí (Santa Catarina). A missa solene de encerramento, celebrada pelo reitor do santuário, padre Felipe Lemos de Queirós, teve o brilho das 400 vozes das crianças e adolescentes participantes do congresso.
Registro do Caminho Novo da Estrada Real (prédio de fiscalização de pagamento de impostos)
Reprodução
A coluna está em plena campanha pela restauração da Fazenda do Registro Velho, do século 18, localizada a 12 quilômetros do Centro de Barbacena. Vejam este retrato, de meados do século passado, da propriedade de fecunda história. No local, funcionava, em 1719, o Registro do Caminho Novo da Estrada Real (prédio de fiscalização de pagamento de impostos), via que ligava Minas ao Rio de Janeiro. Mais tarde, foi morador o padre Manoel Rodrigues da Costa, onde Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira, se hospedava. Passaram também por lá o imperador Pedro I e o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire. Na Justiça, a partir de ações do Ministério Público Federal e do Ministério Público de Minas Gerais, tramita um longo processo para salvar a propriedade que é particular e tem um compromisso de doação. A Justiça Federal já determinou que a União e o Município providenciem o projeto de restauro integral e promovam a desapropriação do imóvel para futura destinação de interesse público. Estamos aqui de olho!
O 18º Congresso Nacional Pueri Cantores do Brasil foi promovido pelo Coral Mater Ecclesiae, de Santa Luzia, cujo maestro é Paulo Ricardo Castro Costa. Realização em parceria com a Federação Pueri Cantores Brasil, presidida por Messias Faleiros, o Santuário Arquidiocesano Santa Luzia e a Prefeitura de Santa Luzia. No encerramento, foi divulgado o calendário para os próximos anos: Regional Sudeste, em julho de 2026, em Pratápolis (MG); Internacional, em dezembro de 2026, no Panamá; Regional Sul, em julho de 2027, em Novo Hamburgo (RS); e o 19º Congresso Nacional Pueri Cantores, em 2028, em Cássia (MG).
Obras restauradas
bandeira de Nossa Senhora das Mercês
ASCOM/FAOP/DIVULGAÇÃO
Arte em boas mãos. O Núcleo de Conservação e Restauro da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) concluiu a recuperação de duas obras históricas: um quadro de Dom Viçoso, do Acervo Eclesiástico Dom Oscar de Oliveira, de Mariana, e uma bandeira de Nossa Senhora das Mercês (foto), da Venerável Ordem de Nossa Senhora das Mercês e Perdões, de OP. Trabalho executado por estudantes do curso técnico de conservação e restauração integra atividades pedagógicas do programa de módulos das disciplinas. As peças foram entregues à comunidade sem qualquer custo, reforçando o compromisso da fundação com a preservação do patrimônio cultural e oferecendo aos alunos experiências práticas essenciais para sua formação.