
S�mbolo de f� e tamb�m da recupera��o de bens culturais desaparecidos em Minas, o Santu�rio Arquidiocesano de Santa Luzia, conhecido como Matriz de Santa Luzia, na cidade de mesmo nome, na Grande BH, ter� amanh� um dia especial na sua hist�ria. Na abertura do jubileu da padroeira, �s 19h30, ser�o celebrados os 240 anos de t�rmino da constru��o da igreja, que recebeu b�n��o oficial em 13 de dezembro de 1778. A festa religiosa ter� a presen�a de integrantes do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Minas Gerais (IHGMG) e de v�rios setores da cidade.
H� dois meses como titular da Par�quia de Santa Luzia, o padre Felipe Lemos de Queir�s destaca a import�ncia espiritual, hist�rica e cultural do templo na vida do munic�pio tricenten�rio. “Trata-se de uma das matrizes mais bonitas de Minas. Erguida no s�culo 18 no estilo joanino, ou segunda fase do Barroco – mais ornamentado e pomposo, embora delicado – a igreja, hoje santu�rio, tem grande significado na arte e arquitetura, mas tamb�m nos trabalhos pastorais e sociais, j� que s�o 11 comunidades e tr�s capelas, com diversas realidades sociais e econ�micas”, disse padre Felipe, que assumiu a par�quia em 20 de setembro.
No per�odo de dois meses como p�roco, contou o padre, ele j� teve oportunidade de ouvir relatos de romeiros que chegam ao santu�rio, que tem no altar a imagem da protetora dos olhos e a data m�xima em 13 de dezembro. “O dia inteiro podemos ver gente subindo as escadas, depois rezando, e muitos d�o o seu testemunho de milagres alcan�ados por intercess�o de Santa Luzia”, afirmou. “Assim, sentimos grande alegria em participar da celebra��o dos 240 anos e do jubileu, pois representa a hist�ria do povo mineiro.” Na cerim�nia de amanh�, presidida pelo vig�rio episcopal para as cidades hist�ricas, padre Wellington Santos, e em parceria com a Associa��o Cultural Comunit�ria de Santa Luzia, estar� presente o secret�rio de Estado da Cultura e membro do IHGMG, Angelo Oswaldo.
DESCOBERTAS Visitar o Santu�rio de Santa Luzia, na Pra�a da Matriz, no Centro da cidade, � entrar num universo de f�, beleza e hist�ria e fazer descobertas. O altar de S�o Jos�, por exemplo, tem um enigma a ser desvendado. Em 1989, durante a �ltima restaura��o do templo, foram encontrados, na parte de tr�s do ret�bulo, um compasso e um esquadro esculpidos na madeira e em policromia dourada, que estariam relacionados � ma�onaria. J� que foi deixada uma passagem sob a mesa do altar, � poss�vel ver, com nitidez, a talha com o esquadro – para os ma�ons, s�mbolo de retid�o e integridade de car�ter –, e o compasso, que representa equil�brio, justi�a e vida correta.
Pela tradi��o oral, as pe�as localizadas atr�s do altar pertenceriam ao forro do camarim, depois ocultado em raz�o da liga��o com a iconografia ma��nica. Estudiosos dizem que, como os entalhes do trono de S�o Jos� s�o semelhantes ao altar-mor de Santa Luzia, � poss�vel que ele estivesse � mostra no s�culo 18. No s�culo seguinte, a exposi��o criaria problemas para os padres, pois a bula Syllabus, editada em 1864 pelo papa Pio IX (1792-1878) proibia rela��es da Igreja com a ma�onaria.

HIST�RIA Conforme pesquisa da historiadora luziense Elizabete de Almeida Teixeira T�fani, a capela primitiva dedicada a Santa Luzia foi erguida por volta de 1701, formando-se no entorno um rancho para tropeiros. “No in�cio, ficava de frente para a Rua do Serro, e s� depois que se tornou igreja � que ficou virada para a Rua Direita, como est� hoje”, conta.
A hist�ria se completa com informa��es contidas no Invent�rio do Patrim�nio Cultural da Arquidiocese de BH/Pont�ficia Universidade Cat�lica de Minas. Entre 1721 e 1729, a capela foi ampliada por iniciativa do capit�o-mor Jo�o Ferreira dos Santos, com o apoio do padre Louren�o de Valadares Vieira, vig�rio de Sabar�. Assim, o templo se tornou capela filial da freguesia de Santo Ant�nio de Ro�a Grande, j� que Santa Luzia estava vinculada � Vila Real de Nossa Senhora da Concei��o de Sabar�.
Mas nem tudo foram flores no in�cio da Par�quia de Santa Luzia, criada em 19 de novembro de 1744 pelo bispo do Rio de Janeiro, dom Frei Jo�o da Cruz. A popula��o de Ro�a Grande, por perder a posi��o da sede, protestou e foi se queixar ao bispo. Relatos do c�nego Raimundo Trindade, autor de Institui��o de igrejas no bispado de Mariana, mostram que a transfer�ncia foi anulada pelo desembargador do Pa�o da Bahia e s� foi regularizada em 29 de fevereiro de 1780, por ordem r�gia.
De 1744 a 1778, a pequena constru��o sofreu v�rias altera��es, tendo contribu�do nos servi�os o sargento-mor Joaquim Pacheco Ribeiro, em agradecimento � cura de sua vis�o, diz a pesquisadora Elizabete T�fani, que destaca o apuro ornamental do interior do templo, que reflete tr�s fases estil�sticas do per�odo colonial. Ao longo dos s�culos 19 e 20, a edifica��o passou por v�rias interven��es, algumas alterando sua fisionomia original, outras promovendo a sua conserva��o.
