Homenagem ao trabalho, valorização da ancestralidade e fortalecimento cultural – esses e outros pilares de dignidade e cidadania sustentam a exposição “Muros Invisíveis – Afroempreendedores”, que será inaugurada nesta terça-feira (5/8), às 19h, em Paracatu, (MG), Noroeste do estado. Instalada na Praça da Matriz, bem diante da Catedral Santo Antônio, no Centro Histórico, a mostra reúne fotografias de 42 homens e mulheres do município surgido nos tempos coloniais e denominado Paracatu do Príncipe ao se tornar a vila, em 1798.
“Trazemos à luz a atividade de muitos profissionais, do vendedor de algodão-doce ao empresário. Além da diversidade de ofícios, queremos mostrar a importância de cada pessoa preta em nossa cidade e da sua participação na sociedade”, diz a curadora da exposição, Rose Bispo, quilombola, capoeirista e presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Paracatu (Compir). A direção de arte é assinada por Coniiin, e as fotografias de Luana Neiva. Os retratos, junto a textos contando a história dos homenageados, estão expostos em 23 totens de aproximadamente 2 metros de altura.
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“Participar deste projeto é uma experiência enriquecedora e fundamental, pois permite uma reflexão sobre as barreiras invisíveis, a exemplo de preconceito, desigualdade e dificuldade na comunicação, entre outras, que enfrentamos no dia a dia. Além do significado de inclusão, a exposição valoriza o trabalho na construção da sociedade”, destaca o duplamente engenheiro ambiental e de segurança, José Júlio Rodrigues Sousa, de 41 anos, que é pai de cinco filhos, e como se não bastasse, ainda estuda direito. Outro lado valioso da exposição é mostrar Paracatu ao mundo, acredita José Júlio, quilombola da Família dos Amaros, de Paracatu.
Exposição Muros Invisíveis, em Paracatu
Trancista e cabeleireira afro há três décadas, Esdra Barbosa dos Reis, de 55, se mostrou surpresa com a homenagem. “Fiquei feliz. A melhor palavra para definir esse momento tão ‘gostoso’ é reconhecimento”, avalia Esdra, que tem três filhos e se orgulha dos netos Pedro, de 5, e Cecília, de 2. “Aprendi a fazer tranças aos 12 anos, fui uma das primeiras aqui de Paracatu. Cresci trabalhando, e a exposição levanta a autoestima e afasta preconceitos”, ressalta Esdra, cuja trajetória inclui projetos com a Fundação Concienciarte.
Realização
Em cartaz até 5 de outubro, a exposição “Muros Invisíveis – Afroempreendedores” tem à frente o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Paracatu, Plataforma Semente e Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma), e Associação Cultural Sempre Um Papo, em parceria com a Prefeitura de Paracatu. Segundo os organizadores, o objetivo é promover a conscientização e o diálogo sobre a questão racial em Paracatu, revelando sua realidade histórica e contemporânea. Dessa forma, a mostra destaca histórias de empreendedores negros que, em suas trajetórias, enfrentaram preconceitos relacionados à cor da pele, ao gênero e à classe social.
Os empreendedores homenageados pela exposição atuam em áreas diversas, e têm ocupações tão distintas como feirante, técnico de futebol, artista plástico, manicure, comerciante, pescador, produtor rural, chefe de cozinha, trancista, cantor, advogado, entre outras. São eles e elas: Adelson Caetano Barbosa, Ana Gabriela Ribeiro Assis, Anderson de Souza Oliveira, Alcione Gonçalves Ferreira, Aline Rodrigues André, Andrea Maria Alencar Damasceno, Andréia Gonzaga Gustavo, Carlos Alberto Alves da Silva, César Gonçalves Santana, Daianne Ferreira Da Costa, Daniela Pereira da Gama, Darley Ferreira Gomes, Denise Pires dos Santos, Dorinaldo de Jesus Ramiro dos Santos, Ênia Lesliê Moreira Mendanha, Esdra Barbosa dos Reis, Flávio Alves Costa, Geralda Tavares Miranda Torres, Gilcineia Gomes Tavares e Jacira Gonçalves Braga Moreira.
E também: Jeremias Santos Oliveira, John Kleberson Ribeiro dos Santos, José Maria Das Neves, Jussara Aparecida Rodrigues Ramos, Lívia Vilela Braga, Lucas Souza, Lucilene Duarte Gomes, Ludmila Moreira Mendanha, Marcelo Silva Ramos, Marcos Jose Oliveira Braga, Maria Duvirges Lemos Barbosa Tavares, Marilia Da Silva Pinheiro, Monalisa Maria Batista Franco, Rogério Pereira dos Santos, Ronaldo Ferreira Albernaz, Ronaldo Lopes da Silva, Rosemeire Moreira Gomes, Samuel Santos da Cunha, Sandra Alves Santana, Valéria Ferreira Gomes, Vanessa Marques Gomes Monteiro e Vânia Fonseca da Silva.
Na foto, Rose bispo, curadora da exposição
Debates
Com base na mostra, haverá o Ciclo de Debates Virtuais "Afroempreendedores", no qual os empreendedores fotografados serão entrevistados. Além de contar sobre sua trajetória de vida, eles discutirão temas como ancestralidade, desigualdades, representatividade e cultura afro-brasileira. As entrevistas serão gravadas e disponibilizadas no youtube do Sempre um Papo, com livre acesso ao público.
Serviço
Exposição “Muros Invisíveis - Afroempreendedores”
De 5 de agosto a 5 de outubro
Local: Praça da Matriz - Centro Histórico de Paracatu
Entrada gratuita
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