O policial penal que fazia dupla com Euler Oliveira Pereira Rocha, de 42 anos, se apresentou à Corregedoria da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) na última terça-feira (5/8). Euler foi morto a tiros dentro do Hospital Luxemburgo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, durante a escolta de um detento.

Segundo informações iniciais da Sejusp, o colega de trabalho da vítima teria deixado o posto de forma não autorizada e sem comunicação prévia ao Departamento Penitenciário. A conduta está sendo apurada em âmbito administrativo, e o servidor permanece em atividade enquanto as investigações estão em andamento.

O crime aconteceu na madrugada do último domingo (3/8), o detento Shaylon Christian, de 24 anos, detento do Presídio Inspetor José Martinho Drumond é suspeito de ter matado Euler e fugido com suas roupas e sua arma.

Segundo as primeiras investigações, Euler deveria estar acompanhado, uma vez que as escoltas de detentos são feitas em dupla. Mas, segundo a Sejusp, a dupla da vítima teria abandonado o posto de trabalho sem qualquer comunicação prévia ao Departamento Penitenciário.



O agente também não retornou ao trabalho no dia seguinte ao crime e, desde então, também não havia prestado esclarecimentos, até esta terça (5).

A morte do policial encontra-se sob apuração administrativa no âmbito da Corregedoria. Paralelamente, as investigações criminais estão sob responsabilidade da Polícia Civil. 

Em nota a Sejusp informou que as investigações estão em andamento. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) também disse que ainda está ouvindo os envolvidos, além da análise de câmeras de segurança e solicitação de laudos.

Relembre o caso

O policial penal Euler Pereira da Rocha morreu assassinado com dois tiros. O crime aconteceu dentro do Hospital Luxemburgo na madrugada de domingo (3/8).  O principal suspeito é Shaylon Christian, de 24 anos, detento do Presídio Inspetor José Martinho Drumond. Ele foi preso pouco depois de fugir, em um veículo de aplicativo.

Shaylon estava internado no hospital em tratamento. Junto de Euler, estava escalado outro policial penal, que no momento do crime, não estava presente no hospital.

A principio a suspeita é de que, durante a madrugada, Shaylon aproveitou um momento de distração do vigilante e matou o policial. Em seguida, o detento teria tirado o uniforme de Euler e usado para sair do hospital, pegando também a arma. Um vídeo do hospital mostra o momento em que ele passa pela portaria fardado, em seguida, entra em um carro de aplicativo.

O que diz a Sejusp?

De acordo com a Sejusp, a escolta hospitalar de presos é realizada, conforme protocolo interno, por dois policiais penais e equipes volantes fiscalizam regularmente o cumprimento desses procedimentos. 

O órgão afirmou que no sábado (2/8), por duas vezes, a equipe de fiscalização do Departamento Penitenciário (Depen-MG) esteve no Hospital Luxemburgo e confirmou a presença de dois servidores escalados para a escolta do preso. Uma às 8h50 e outra às 20h30. Porem, após a última confirmação, a dupla de Euler teria abandonado o posto sem nenhuma justificativa.

O detento foi transferido direto para a Penitenciária de Francisco Sá, no Norte de Minas. A transferência foi feita na última terça-feira (5/8).  

Após o crime, segundo a Sejusp, o agente que acompanhava Euler não retornou ao trabalho no dia seguinte e não havia prestado esclarecimentos até a última terça (5/8).

Família está inconformada

A família está inconformada com a morte e a maneira como tudo aconteceu. O irmão de Euler, Fernando Alves da Silva, está revoltado. "A gente sabia que era uma profissão de risco. Ele também, mas não se importava. A gente nunca pensou que fosse acontecer alguma coisa. E aconteceu. Estamos revoltados e o que esperamos é que a justiça seja feita", declarou.

Fernando disse ainda que o irmão era amoroso e que cuidava da família.

Thais Maford, sobrinha de Euler, conta que no sábado (2), o tio chegou a ligar para ela, pedindo ajuda, para que levasse a avó a um hospital, pois não estava bem de saúde.

"Eu atendi. Levei para o Hospital Municipal, aqui de Ibirité, onde ela permanece internada. Falamos sobre a morte do meu tio, mas ela não está processando as informações", disse.

Euler deixou três filhos, de 18, 13 e cinco anos. De acordo com a família, ele estava construindo um sítio, no Bairro Tony, em Ibirité, na Grande BH.  E começou a trabalhar na Polícia Penal em 2009.

O agente foi sepultado às 11h, na última segunda-feira (4/8), no Cemitério Municipal Nossa Senhora da Piedade, em Justinópolis, distrito de Ribeirão das Neves.

Sindicato se preocupa

Jean Otoni, presidente do Sindicato dos Policiais Penais, diz que essa é uma situação inusitada. Segundo ele, a última vez que um policial penal morreu em serviço foi em 2003. Quando um policial penal foi morto numa guarita, em Ribeirão das Neves, na Grande BH.

Para Jean, a morte de Euler mostra um descaso com o profissional que participa de escoltas. O presidente conta que, no caso da Polícia Militar, o revezamento acontece de quatro em quatro horas e uma viatura chega para render a outra. 

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“No nosso caso, não. Geralmente, o período de trabalho é de 12 horas. E, muitas vezes, o policial penal vai em seu carro particular”, conta. Além disso, ele explica que o ideal é que fossem três policiais na escolta, para que não exista a hipótese de um ficar sozinho com o detento.

O dirigente sindical diz que há muito o que se discutir e que um dos maiores problemas é o número de profissionais, que atualmente é muito inferior ao necessário. "Há muito não é feito um concurso", finaliza.



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