Um dia para celebrar o patrimônio, enaltecer os tesouros materiais e imateriais de Minas, e, principalmente, destacar homens e mulheres que preservam, com devoção, os bens culturais. Na manhã desta terça-feira (26), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) concede o Prêmio Guardião do Patrimônio Cultural, que está em sua primeira edição. A premiação, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, em Belo Horizonte, ocorrerá a cada dois anos.
Neste mês em que se celebra o Patrimônio Cultural, o objetivo é agraciar pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que, por seus méritos e relevantes serviços prestados ao patrimônio cultural, mereçam especial distinção. “Ser guardião é professar a ética do cuidado, zelar pelos bens coletivos, lutar contra a indiferença e o descaso. Nosso patrimônio carrega as marcas da história, assim, o prêmio é um farol a iluminar aquilo que, muitas vezes, parece despercebido”, disse o coordenador das Promotorias de Justiça do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC/MPMG), Marcelo de Azevedo Maffra Filho.
Na abertura da cerimônia, que reuniu autoridades e representantes de instituições e comunidades do interior mineiro, o procurador-geral de Justiça adjunto, Hugo Barros de Moura Lima ressaltou a importância de todos os homenageados.
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São agraciados com o Prêmio Guardião do Patrimônio Cultural: Sebastião Ribeiro Salgado Júnior (post mortem), fotógrafo documental e fotojornalista, dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro, bispo da Diocese de Oliveira, Associação Sociocultural Os Bem-Te-Vis (voltada à promoção e defesa do patrimônio cultural sacro), Efigênia Maria da Conceição (“Mãe Efigênia”), líder quilombola do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango e Maria das Graças Lins Brandão, professora da UFMG e fundadora do Instituto Cayapiá.
Há também homenagens especiais a Leônidas José de Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais/Secult-MG, ao Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor/UFMG), ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, Patrimônio Mundial pela Unesco (agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, localizado em Santa Luzia uma das construções mais importantes da arquitetura mineira, e a Miguel Ângelo Andrade, professor da PUC/MG, com atuação na defesa das Serras da Piedade e do Espinhaço.
Para o titular da Secult-MG, Leônidas Oliveira, a emoção fala alto num momento de premiação como esse. "O coração explode de alegria ao ver pessoas que atuam em defesa e preservação do patrimônio no nosso estado. No caso específico do MPMG, trata-se de um trabalho único no país, responsável pelo resgate de bens desaparecidos e outras ações de preservação, como o programa de restauração de bens, o Minas para Sempre". O secretário ressaltou ainda a ampla diversidade das ações mineiras premiadas: a Igreja Católica, as tradições afro-mineiras "e nosso povo reunido aqui".
Em nome dos homenageados, o bispo da diocese de Oliveira, dom Miguel Angelo Freitas Ribeiro, afirmou que "Minas é uma catedral de sonhos e trabalho". Ele destacou as múltiplas ações distinguidas que evidenciam a grandeza de Minas e são valorizadas no prêmio Guardião do Patrimônio, a exemplo da ancestralidade africana, as ações ambientais e a luta pelo resgate de bens desaparecidos.
Reconhecimento
Muito feliz com a honraria, Wilton Fernandes Guimarães, fundador da Associação Sociocultural Os Bem-Te-Vis, criada há 21 anos em Itatiaia, Ouro Branco, na Região Central do estado, disse que o prêmio é um reconhecimento que fortalece o coletivo e dá mais vigor para continuar o trabalho. Emocionado, afirmou que a associação atua em várias frentes, com destaque para preservação da Matriz Santo Antônio, joia barroca da comunidade que foi restaurada, ações educativas e incessante campanha para resgate de 21 peças desaparecidas da igreja em 1994.
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Coordenador cultural e de economia criativa de Os Bem-Te-Vis, Wilton dedicou o prêmio a todas as pessoas, muitas delas falecidas, que atuaram para manter a associação em funcionamento. “Dona Jandira (falecida em outubro do ano passado), uma das nossas pioneiras, me disse, certa vez, que chegaria a hora de colhermos frutos do nosso trabalho. Hoje, sem dúvida, é um dia de colheita. Esperamos que, em breve, possamos ter de volta nossas imagens desaparecidas e festejar ainda mais. Para tanto, contamos com o MPMG”, afirmou Wilton.