RIBEIRÃO DO ONÇA

Festival celebra revitalização da área do Ribeirão do Onça

Evento gratuito segue até domingo e une mutirões, arte e música na revitalização do rio mais conhecido da capital mineira

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Às margens de uma cachoeira escondida na região Norte de Belo Horizonte, memórias antigas voltam a ganhar forma. De 1º a 7 de setembro, a 2ª edição do Festival da Onça reúne moradores, artistas e movimentos sociais no Bairro Novo Aarão Reis para celebrar a revitalização da área do Ribeirão do Onça. Com oficinas, mutirões, shows e cortejos, a programação gratuita busca transformar o território e recuperar o vínculo da população o rio.

A iniciativa criada pela Escola de Arquitetura da UFMG nasceu do desejo de devolver vida ao Onça, rio que nasce em Contagem, na Região Metropolitana de BH, atravessa a capital mineira e deságua no Rio das Velhas, na divisa com Santa Luzia. Com a desocupação de famílias devido aos riscos geológicos do local, há décadas sofre com poluição e descarte de entulhos.

“Na primeira edição do Festival da Onça, o local recebeu as primeiras intervenções e ganhou um mirante e um escorregador. Neste ano, o objetivo é dar continuidade às ações no território para a construção coletiva do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão do Onça, um corredor verde com quase seis quilômetros de extensão em leito natural com áreas de lazer, cultura e convivência”, explica Letícia Ribeiro, coordenadora de mobilização e articulação do projeto.

Em julho, o projeto avançou com o nivelamento do terreno, utilizando máquinas para preparar a área. A partir desta semana, começam os mutirões para a implantação de bancos e mesas em módulos, um palco para apresentação cultural e brinquedos para crianças e adultos.

“Nosso objetivo é criar um espaço de encontro, descanso e brincadeira em diálogo com a paisagem natural e a comunidade”, explica Débora Tavares, coordenadora de mutirões.

Para conectar o projeto com a comunidade, as atividades e atrações foram pensadas com a participação popular. “O Festival da Onça é diferente dos grandes eventos de BH porque aqui a gente constrói o próprio espaço da festa junto com a comunidade”, afirma Letícia.

A abertura do festival contou com uma oficina conduzida por Helena Gonçalves da Silva, que é moradora da região. A atividade de como fazer doce de laranja mostrou para a comunidade como transformar uma atividade simples em renda.

“Aqui na Fazendo Capitão Eduardo, que é a sede do Comupra, temos muitas laranjas e jaboticabas, mas ninguém sabia como aproveitá-las. Queremos que as pessoas aprendam a fazer doces para gerar renda”, explica Helena.

Eventos ao longo da semana

Até sexta-feira (5/9) vão acontecer diversas atividades, com destaque para a Exposição de Botânica Desidratada (2/9); a exibição do documentário “Arrancados das Raízes - Vivências de um Território Vulnerável, de João V. Vilete e João V. Fagundes” (3/9); corrida urbana com o grupo Calma Clima (4/9); e lançamento do livro “Lembra: isto é Rio - Histórias do Ribeirão da Onça" organizado por Isabela Izidoro, André Siqueira e Elisa Marques, com apoio de moradoras do Ribeirão do Onça (5/9).

No fim de semana, o encontro acontece no Mirante da Cachoeira, reunindo mais de 15 atrações. Entre as apresentações confirmadas, duas vão representar a força artística da região: o grupo A Onça Lambeu sobe ao palco no sábado com uma performance de cinco horas de arte urbana. A cantora Talita Silva, acompanhada da Banda Lance Livre, também se apresenta às 18h30 do mesmo dia.

O Festival da Onça tem apoio do Conselho Comunitário Unidos Pelo Ribeiro de Abreu (Comupra), do Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa, da Lambe-Lambe e de moradores da região do Baixo Onça. A segunda edição é realizada com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Sonho de recuperar o rio

Além da celebração artística, o festival traz de volta o sonho de poder nadar, pescar e brincar no Ribeirão do Onça, como aconteceu no Rio Sena, em Paris. Após mais de um século de poluição, o Sena foi despoluído, provando que rios urbanos podem ser revitalizados e voltar a ser espaços de convivência e lazer.

"Criar esse espaço de lazer traz uma outra relação para o rio. Estamos acostumados a chamar o Onça de córrego, de esgoto, mas temos que aprender a ver ele como rio, como um ribeirão. Quando chegamos na beira dele e vemos a força dessa cachoeira, dá de novo essa visão de um rio. O potencial dele é de um [rio] limpo. Hoje está sujo, mas a gente consegue limpar e aproveitar diferente do que vemos hoje”, relata Laura de Matos, integrante do Comupra e do Deixem o Onça Beber Água Limpa.

Com as ações de revitalização, Laura acredita que será possível um dia nadar nele. “Nasci no Ribeiro e hoje moro no Ouro Minas. Antigamente as casas ocupavam a margem, e a gente só via o rio quando chovia e ele inundava. Não cheguei a ver o Onça limpo, só ouvi histórias de moradores antigos que pescavam e nadavam no rio. Acredito que um dia será possível voltar a nadar e pescar nele. Essa é a nossa meta.”

Trajetória de resistência e cooperação

A história da mobilização pelo Ribeirão Onça não começou com o festival. Desde 2017, a Escola de Arquitetura da UFMG, em parceria com a comunidade e instituições como o Comupra, a Urbel e o Projeto Manuelzão, realiza mutirões para transformar áreas degradadas em espaços de lazer, promovendo melhorias nos bairros Ribeiro de Abreu, Novo Aarão Reis e Jardim Felicidade.

Em 2024, essa trajetória ganhou força com a criação do festival, com a construção de três equipamentos comunitários: a Praça da Oncinha, no bairro Areia Branca; áreas de lazer no Campinho da CBTU, no Novo Tupi; e um mirante com brinquedo em frente à cachoeira do Novo Aarão Reis.

Neste ano, a proposta é ampliar as intervenções e consolidar a região como referência cultural e ambiental. ”Nessa segunda edição, estamos atuando no Novo Aarão Reis. Decidimos concentrar todas as atividades em um único espaço, pensando na interação entre moradores, estudantes e programação cultural”, explica Letícia.

Confira a programação completa:

1º a 5 de setembro

Local: Mirante da Cachoeira | Rua Euro Luís Arantes, 185 - Novo Aarão Reis

  • 08h às 18h: Mutirão - manutenção, plantio de grama, fixação deck e cobertura do palco, oficina de tramas e nós, concretagem e instalação do mobiliário
  • 14h às 18h: Tenda da Cultura: informações sobre o Festival, troca de livros, pesquisa sobre saúde

2 de setembro (terça)

Local: Pergolado da Horta | Rua 50A, 48 - Novo Aarão Reis

  • 09h às 11h: Oficina de Elementos da Natureza - Com alunos da Escola Municipal Herbert José de Souza (PEI)
  • 14h às 16h: Exposição de Botânica Desidratada - Com alunos da Escola Municipal Herbert José de Souza (PEI)

Local: Escola Municipal Herbert José de Souza | Avenida Detetive Eduardo Fernandes, 320 - Novo Aarão Reis

  • 09h-11h: Oficina de Construção de Bonecos | Grupo Atrás do Pano - Com alunos da Escola Municipal Herbert José de Souza (PEI)
  • 19h às 21h: Roda de Conversa sobre calor e saúde - Com WRI Brasil (EJA)
  • 19h às 21h: Roda de Conversa e exibição do documentário: Arrancados das Raízes - Vivências de um Território Vulnerável - Com João V. Vilete e João V. Fagundes (EJA)

4 de setembro (quinta)

Local: Mirante da Cachoeira | R. Euro Luís Arantes, 185 - Novo Aarão Reis

  • 09h às 12h: Visita guiada com alunos da Escola Casa Viva Educação e Cultura

Local: Parquinho Comunitário | Rua 50A, 89 - Novo Aarão Reis

  • 14h às 16h: Visita guiada com alunos da Escola Casa Viva Educação e Cultura e Troca de Cartas com Escola Municipal Herbert José de Souza

Local: a ser divulgado na véspera

  • 19h: Calma Clima

5 de setembro (sexta)

Local: Mirante da Cachoeira | Rua Euro Luís Arantes, 185 - Novo Aarão Reis

  • 09h às 12h: Instalação de placas na trilha do bairro - Com alunos da Escola Municipal Herbert José de Souza (PEI)
  • 09h às 12h: Visita guiada com alunos da Escola Casa Viva Educação e Cultura

Local: Escola Municipal Hebert José de Souza | Avenida Detetive Eduardo Fernandes, 320 - Novo Aarão Reis

  • 19h às 21: Lançamento do livro e roda de conversa: "Lembra: isto é Rio - Histórias do Ribeirão da Onça"

6 de setembro (sábado)

Local: Mirante da Cachoeira: R. Euro Luís Arantes, 185 - Novo Aarão Reis

  • Durante a programação: Feira de Gastronomia
  • Discotecagem entre shows: Uai Sound System e DJ Guto Borges
  • 15h às 17h: A Banca Crianceira | Atividade para crianças, na Tenda da Cultura
  • 08h às 10h: Festival de Pipa (programação em parceria com a Urbel) no Campo de Futebol Novo Aarão Reis (R. 50A, 88 - Novo Aarão Reis)
  • 10h às 10h30: Humaitá | Cortejo até o Mirante da Cachoeira no Campo de Futebol Novo Aarão Reis (R. 50A, 88 - Novo Aarão Reis)
  • 08h às 10h: Plantio de Jardim | Oficina aberta
  • 10h às 15h: A Onça Lambeu | Arte Urbana
  • 10h às 11h30: Cerimônia de Abertura: Presença de autoridades da UFMG e PBH, e lideranças comunitárias + Apresentação do Grupo Percussivo da Escola Municipal Secretário Humberto de Almeida + Humaitá
  • 15h às 18h: Coletivo Highline Feelings
  • 14h às 17h: Slackline para todo mundo | Oficina aberta
  • 16h às 17h20: Fran Januário convida Dona Eliza
  • 17h40 às 18h10: Tio Caco, Neghaum e convidados
  • 18h30 às 19h: Talita Silva e Banda Lance Livre
  • 19h30 às 20h30: Bloco Swing Safado
  • 20h30 às 21h: Oficina Baile Charme
  • 21h às 22h: MC Dodo

7 de setembro (domingo)

Local: Mirante da Cachoeira: R. Euro Luís Arantes, 185 - Novo Aarão Reis

  • A partir de 10h: Música e clima de brincadeira no Mirante da Cachoeira | R. Euro Luís Arantes, 185 - Novo Aarão Reis
  • A partir de 12h: Feira de Gastronomia
  • 09h: Concentração - Praça em frente a Escola: Av. Detetive Eduardo Fernandes, 320 - Novo Aarão Reis
  • 10h às 13h: Cortejo de Carnaval de Rua e Cultura Popular Terno do Binga (Lançamento do Carnaval 2026 do bloco) + As Grandes Figuras + Boi da Manta (Guarda de Moçambique 13 de Maio)
  • 14h: Fim da 2ª edição do Festival da Onça

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Serviço

  • Festival da Onça – 2ª edição
  • Data: 1 a 7 de setembro de 2025
  • Local: Bairro Novo Aarão Reis, Belo Horizonte – MG
  • Mais informações: site

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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