Ex-funcionária que envenenou 10 gatos é indiciada por maus-tratos em BH
A ex-funcionária pediu para ser voluntária e investigação apontou que mortes ocorreram após visitas dela à instituição
compartilhe
Siga noUma ex-funcionária de uma ONG de proteção animal localizado no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste da capital, foi indiciada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PC) pela morte de 10 gatos envenenados no dia 22 de fevereiro deste ano. A mulher, de 34 anos, havia trabalhado na instituição em serviços de limpeza e, após a demissão, assinou um termo de voluntariado para continuar frequentando o espaço.
O crime
De acordo com as investigações, logo após uma de suas visitas ao abrigo da ONG BastAdotar, localizado no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste da capital, diversos animais apresentaram sintomas de envenenamento. Dez felinos não resistiram, enquanto outros dois foram resgatados com vida e levados a uma clínica veterinária, onde um deles permanecia em estado grave. O inquérito, foi conduzido pela Delegacia Especializada em Investigação de Crime Contra a Fauna, vinculada ao Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Meio Ambiente (Dema), foi encaminhado à Justiça.
Leia Mais
Na época do crime, a protetora Mailce Mendes concedeu entrevista ao Estado de Minas relatando como os acontecimentos foram percebidos “Assim que uma das funcionárias chegou, ouviu o barulho de um dos animais agonizando no gatil externo. Ao andar pela casa, encontrei outros que já não estavam vivos. Foi uma cena horrível. Não temos como explicar o sentimento de encontrar animais que tiramos de situação de risco, castramos e cuidamos com tanto amor e atenção, nessa situação”.
Vômitos foram encontrados próximos aos corpos dos felinos, e exames laboratoriais realizados em restos de alimentos confirmaram que eles foram envenenados. O abrigo, que acolhe cerca de 100 gatos e 20 cachorros resgatados, nunca havia sido alvo de ameaças diretas, embora já tivesse recebido denúncias anônimas possivelmente de funcionários insatisfeitos, segundo os responsáveis.
Nesta quarta-feira (3/9), a ONG se posicionou a respeito das atualizações do caso, por meio das redes sociais.
O que diz a lei?
A suspeita foi indiciada pelo crime previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que trata de abuso, maus-tratos, ferimentos ou mutilações de animais silvestres, domésticos ou domesticados. Para cães e gatos, a legislação, reforçada pela Lei nº 14.064/2020, prevê reclusão de 2 a 5 anos, multa e proibição da guarda de animais. Além disso, a lei prevê aumento da pena de um sexto a um terço quando a conduta resulta na morte do animal, como ocorreu nesse caso.
Crescimento dos maus-tratos em Minas
O episódio acontece em um contexto de aumento significativo das ocorrências de maus-tratos no estado. Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram que, apenas no primeiro semestre de 2025, foram registradas 3.171 ocorrências consumadas, um aumento de 51,1% em relação ao mesmo período de 2024 (2.098 registros).
A maioria dos casos está relacionada a denúncias formais por infrações (57,2%), mas também há registros de agressões diretas, como abusos, ferimentos e mutilações (36,5%). Situações de crueldade representam 5,5%, enquanto negligência com animais sob guarda soma 1,9%.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Como denunciar
Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos telefones 197 (Polícia Civil) e 181 (Disque-Denúncia). Em casos de urgência ou flagrante, acione a Polícia Militar pelo 190.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos