LUTO NA SAÚDE

BH: morre médica que sofreu parada cardiorrespiratória em Centro de Saúde

Maggy Lopes da Costa passou mal logo após relatar um caso de violência psicológica do qual estava sendo vítima

Publicidade
Carregando...

Morreu nesta sexta-feira (19/9) a médica Maggy Lopes da Costa, de 63 anos, que sofreu uma parada cardiorrespiratória no Centro de Saúde Ventosa, na Região Oeste de Belo Horizonte. A servidora passou mal logo após relatar um caso de violência psicológica do qual era vítima e estava internada. O velório da servidora será neste sábado (20/9), às 9h, no Bosque da Esperança, no bairro Jaqueline, Região Norte. 

O episódio ocorreu durante uma visita técnica no local, organizada pelo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), para "averiguar uma situação de exposição pública de violência contra profissionais de saúde".

A servidora relatou que vinha sofrendo repetidos assédios por meio de publicações em redes sociais, provenientes de uma liderança comunitária. O autor apareceu em vídeos expondo nominalmente os profissionais de saúde, por meio de gravações feitas sem consentimento deles. Outros dois médicos da unidade também foram vítimas. Na ocasião, o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) emitiu uma nota de repúdio a tentativas de descredibilizar o trabalho dos servidores.

Ao Estado de Minas, a médica Elane Cristina Alves Guimarães comentou a morte da colega. "Conheci a Maggy há 18 anos, quando tomei posse na UPA Oeste, onde ela trabalhava. Meu primeiro plantão noturno foi com ela. Tivemos uma emergência, e ela conduziu muito bem. Ela me ensinou muito. Era uma mulher cheia de vida, muito bondosa, atenciosa com os pacientes e colegas. Fiquei sabendo da exposição que ela sofreu e fiquei muito chateada. Ela era uma excelente profissional, muito humana, não merecia isso. A comunidade está dando muito apoio", lamentou.

A amiga comentou que Maggy foi médica por 35 anos e atuou cerca de dez deles na UPA Oeste. Posteriormente, mudou-se para o Centro de Saúde Ventosa. Elane ainda contou que a servidora não era casada, não possuía filhos e deixou mãe e irmãos, que vivem no Rio de Janeiro.

Nas redes sociais, o Sinmed-MG publicou uma nota de pesar pelo falecimento da servidora. "A diretoria e toda a equipe expressam as mais sinceras condolências a seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Seu legado e sua memória permanecerão vivos naqueles que tiveram o privilégio de conviver com ela", escreveu.

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) também lamentou a morte da médica. "Maggy dedicou sua vida à promoção da saúde e ao bem-estar da população, deixando um legado de dedicação, cuidado e compromisso com o serviço público", disse a instituição.

A categoria também ressaltou pedido por providencias imediatas à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), à Secretaria de Saúde e à Secretaria de Segurança, para que episódios revoltantes como o falecimento da Dra. Maggy, não continuem ocorrendo. "Os trabalhadores e trabalhadoras da saúde estão adoecendo física e mentalmente, sofrendo graves consequências em razão das condições precárias de trabalho e falta de insumos, da falta de uma solução concreta para a segurança nas unidades de saúde, da sobrecarga de trabalho e da constante intimidação e exposição desses profissionais de forma desrespeitosa, antiética e ilegal", manifestou o Sindibel.

Revolta

Diante da onda de violência que tem abalado os centros de saúde de BH, uma audiência pública foi realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nessa quarta-feira (17/9). Representantes da categoria relataram casos de violência a profissionais e cobram ações contra agressões em unidades de saúde.

“É inadmissível que profissionais médicos, dedicados a salvar vidas e cuidar da população sejam vítimas de intimidação e acusações infundadas, especialmente em um ambiente já tão sobrecarregado”, disse o Sinmed-MG.

A associação ainda afirmou que a violência afeta diretamente o bem-estar dos profissionais e a qualidade do atendimento prestado à população. “Estamos tomando as providências jurídicas cabíveis e não hesitaremos em defender a integridade e a honra de nossos representados. A segurança e a dignidade de quem cuida da saúde da população não podem ser negociadas”, ressaltou o sindicato.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

Procurada pela reportagem, a Guarda Civil Municipal informou que, de 1º de janeiro de 2025 até o momento, foram registradas 52 ocorrências em centros de saúde da capital. Já nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital, já foram contabilizadas 23 ocorrências no mesmo período. Em relação à morte de Maggy, a prefeitura ainda não se manifestou.

Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

Tópicos relacionados:

almg bh hospital saude

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay