Imagens anexadas ao inquérito policial da investigação da morte do gari Laudemir de Souza Fernandes mostram que o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior tinha acesso e usava armas, inclusive as da esposa dele, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira. 


Os vídeos estavam no celular do indiciado pela morte do gari. Em dois deles, de 9 de janeiro deste ano, Renê está dirigindo um carro que parece ser da marca BYD, semelhante ao utilizado no crime. Neles, é possível ver duas pistolas no banco do carona. Segundo o inquérito, tais armas seriam as da delegada — uma usada no crime e a outra, a funcional. Ambas foram apreendidas pela Polícia Civil.


Para os investigadores, tais vídeos ressaltam que Renê “faltou com a verdade em seus depoimentos, demonstrando sua habitualidade em portar não só a arma pessoal, mas também a funcional de sua esposa”. Em outro vídeo, é possível ver o empresário, no que parece ser uma comemoração de Ano Novo, disparando uma espingarda em uma varanda.

Já em um terceiro, datado de 11 de abril deste ano, é possível identificar a voz de Renê, e aparecem duas pistolas, um documento que aparenta ser o registro de arma de fogo e um distintivo modelo antigo da carreira de delegado de polícia.


“Mais uma vez, resta evidente que Renê não só tinha acesso amplo, geral e irrestrito às armas de fogo de posse e propriedade de Ana Paula Lamego Balbino, dentre elas a utilizada para o cometimento do delito, como também ao símbolo de uso exclusivo de delegados de polícia, e gostava de ostentá-los em suas conversas privadas”, diz um trecho do inquérito.

Fascínio por armas

Durante a coletiva de imprensa na semana passada, os delegados do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) enfatizaram que o empresário tinha fascínio por armas de fogo


As investigações concluíram que Renê tinha um fascínio pelo poder que o armamento lhe concedia e fazia uso das armas com frequência. Além disso, o autor confesso também demonstrava grande admiração pelo cargo que a esposa ocupava.

Ele foi indiciado por homicídio duplamente qualificado — por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima —, ameaça contra a motorista do caminhão de coleta e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, podendo ser condenado a pena máxima de até 35 anos.

A delegada Ana Paula, que está afastada de suas funções desde a semana do crime, também foi indiciada e poderá responder por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. De acordo com o chefe da investigação, delegado Evandro Radaelli, dentro do entendimento da Lei de Desarmamento, o proprietário de uma arma que cede ou empresta o artefato a outra pessoa pode responder criminalmente por isso.

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O que acontece agora?

  • O resultado das investigações e o indiciamento do suspeito serão enviados ao Ministério Público de Minas Gerais;

  • Após o recebimento dos documentos, o MPMG tem até dez dias para denunciar, ou não, o indiciado à Justiça;

  • Além dos crimes relatados na conclusão do inquérito, o MPMG pode acusar o homem por outros delitos;

  • A delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira vai continuar afastada por motivos de saúde;

  • A Corregedoria da PCMG continua as investigações administrativas contra a servidora.

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