Uma comissão montada pela Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais (OAB-MG) vai acompanhar as investigações do assassinato da advogada criminalista Kamila Cristina Rodrigues dos Santos. Ela foi executada com 20 tiros nessa segunda-feira (22/9) na Rua Otaviano Fabri, no Bairro Ermelinda, na Região Noroeste de Belo Horizonte.
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De acordo com a portaria publicada pela entidade, a comissão foi criada com "a finalidade de acompanhar e apoiar, no que couber à OAB, os trâmites relacionados à apuração e responsabilização criminal pelo assassinato da Dra. Kamila". O documento também estabelece as atribuições legais e institucionais da comissão, que são as seguintes:
- Promover o levantamento de informações e dados junto às autoridades competentes sobre as circunstâncias do crime que vitimou a advogada Dra. Kamila Cristina Rodrigues dos Santos;
- Representar a OAB/MG, quando necessário, nos atos processuais e diligências relacionados ao caso, zelando pela dignidade e segurança do exercício da advocacia;
- Elaborar relatório circunstanciado, com pareceres técnicos e jurídicos, propondo, inclusive, eventuais medidas institucionais ou judiciais que se façam necessárias;
- Atuar, se requerido e admitido nos autos, como assistente da acusação, observando os limites da legislação vigente e do Estatuto da Advocacia.
A comissão será presidida pelo jurista Marcos Aurélio De Souza Santos. Os demais membros são Amanda Melo de Almeida e Silva, Andre Rachi Vartuli, Denise Maldonado Gama e Ércio Quaresma Firpe. O relatório final deverá ser apresentado à Diretoria da OAB-MG em um prazo de 60 dias.
Entenda o caso
A advogada foi assassinada quando chegava em casa, onde morava com o companheiro. A vítima estava em seu carro, um Fiat um Fiorino, utilizado para entregar encomendas do delivery do qual era sócia do atual namorado. O autor dos disparos seria um homem, que saiu de um sedã cinza.
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Um carro semelhante àquele utilizado no assassinato foi encontrado incendiado na noite de segunda-feira (22/9), na Rua Botão Rosa, no Bairro Etelvina Carneiro, na Região Norte da capital. "As características do veículo são as mesmas, cor, modelo, rodas, do que foi utilizado no crime", disse o sargento David Pimenta, da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
Kamila tinha 32 anos e atuava como advogada desde 2019. Formada pela Escola Superior Dom Helder Câmara, também era pós-graduanda em Direito Processual Civil pela Faculdade Líbano e mestranda em Direito pela Funiber, além de cursar uma segunda graduação em Ciências Contábeis.
Ameaçada
Após o homicídio, viralizou nas redes sociais um vídeo no qual a advogada diz: “Eu ‘tô’ de guerra”. A data de publicação da gravação é incerta, e não se sabe se a gravação tem relação com o homicídio de Kamila Cristina.
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“Boa noite, gente. Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa de luz, uma pessoa legal até certo ponto. Então, ‘tô’ botando aqui porque fofoqueiro tem um monte, né? Então, já pode passar o recado. Eu ‘tô’ de guerra, tá. Então, começou com história triste, com mimimi, com a put* que pariu, vai pra desgraça ‘pra’ lá. Eu estou de guerra e com quem eu ‘tô’ sabe, entendeu?”, afirma a advogada no vídeo.
“Mas como não me atende, como não me retorna, então é isso, porque daqui a pouco tá ‘ai, ai, ai, meu c* tá doendo’. E você pode saber, fui eu. Beleza. Fui eu. Eu não tô ameaçando. Eu tô avisando que eu vou fazer”, diz ainda em vídeo.
Investigações
As autoridades trabalham com pelo menos duas hipóteses para o crime. Uma delas, a de que o autor é um cliente insatisfeito com o trabalho do escritório da advogada. Outra hipótese é que o crime tenha sido cometido pelo ex-marido, que é ex-presidiário. Até o momento, não houve prisão de suspeitos.
Sepultamento
Às 15h dessa terça-feira (23/9), o corpo de Kamila foi sepultado no Cemitério da Paz, no Bairro Caiçaras, na Região Noroeste de Belo Horizonte. A cerimônia foi marcada pela comoção, e as lágrimas de parentes e amigos, incluindo integrantes do grupo de Umbanda do qual a advogada era frequentadora.
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