O Zoológico de Belo Horizonte, na Pampulha, vai receber um novo animal: o sauim-de-coleira, uma espécie de primata em risco de extinção. A chegada dessa fêmea foi confirmada por Carlyle Coelho, gerente da seção de Veterinária do zoo.

A intenção da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é que em breve seja adquirido também um macho para que a reprodução do casal seja viabilizada.

A nova moradora entra para a lista de primatas que vivem no local, que já recebe macacos há décadas em virtude de convênios com entidades de outros estados e até internacionais.

O caso mais famoso é o do gorila Idi Amin. Ele chegou ao zoo em 1975 e morreu em 2012, causando grande comoção entre os moradores.

Atualmente, a população de primatas do local contabiliza 41 animais, divididos em diferentes espécies. A família de gorilas tem Bu Bu como seu membro mais recente. As fêmeas Imbi, Lou Lou e Anaya completam o grupo.

Sauim-de-coleira

O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) tem esse nome devido a uma faixa branca de pelos que se estende do peito ao pescoço, lembrando uma coleira. 

Atualmente, a espécie vive em uma área restrita a apenas 7,5 km² no Amazonas, nas cidades de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. O animal é o mascote oficial da capital amazonense.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o sauim-de-coleira é um dos 25 primatas mais ameaçados do planeta, com uma queda populacional de 80% desde 1997. 

O macaco vive em uma região impactada por fatores como a expansão urbana, a construção de estradas, a colonização e a agricultura, que contribuem para o risco de extinção.

Ainda segundo o Ibama, os dados são preocupantes, já que a espécie desempenha um papel ecológico fundamental. Sua dieta, que inclui insetos, frutas, néctar, ovos e pequenos vertebrados, contribui para a dispersão de sementes, o controle de pragas e a manutenção do equilíbrio do ecossistema.

O Plano de Ação Nacional (PAN) Sauim-de-Coleira, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), trabalha desde 2011 com a implementação de iniciativas para evitar que a espécie desapareça.

Novo integrante no Zoo de BH

Segundo informações do Zoológico de BH, o novo integrante passa por quarentena. Ela veio do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ). Representantes do zoo não quiseram divulgar mais informações sobre o nome e a idade do novo animal.

Esse período de quarentena serve para que uma equipe veterinária acompanhe sua saúde e adaptação antes de ela ser levada ao local de exposição para visitantes. Nesse espaço, apenas técnicos e veterinários têm autorização para entrar.

Histórico reprodutivo

O Zoológico de Belo Horizonte tem um histórico de sucesso na reprodução e conservação de espécies ameaçadas de extinção. Em 2024, por exemplo, o zoo recebeu o gorila macho Bu Bu, vindo da Hungria, com o objetivo de iniciar um programa de reprodução com as fêmeas que já viviam no local.

O histórico reprodutivo do zoológico começou com a chegada do gorila Idi Amin em 1975. A formação de um grupo, no entanto, só foi possível em 2010, com a vinda de novas fêmeas da Europa. De 2014 a 2021, nasceram cinco filhotes, um marco histórico por ser o único registro de reprodução da espécie em toda a América do Sul.

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Ainda neste ano, em abril, a cidade de São Paulo também recebeu um sauim-de-coleira no zoológico da capital. O animal, que antes habitava o zoo de Sorocaba, foi enviado em parceria para integrar os projetos de conservação, reprodução e educação ambiental da instituição.

Atualmente, o zoológico de Belo Horizonte abriga 3.586 animais de 205 espécies.

Desses animais, cerca de 800 são aves, mamíferos e répteis. Muitos deles sofrem o risco de extinção, como o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), dentre outros.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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