PATRIMÔNIO

Imagem de São Elesbão volta para casa

Peça sacra, furtada em 1994 do Museu Regional do Sul de Minas, é recebida com emoção por fiéis de Campanha

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Cortejo na rua, emoção na igreja, e, mais ainda, alegria no coração dos moradores. A cidade de Campanha, no Sul de Minas, já tem de volta a imagem de São Elesbão, furtada do Museu Regional do Sul de Minas em 1994. A peça sacra do século 18, em madeira policromada, com 43,9 centímetros (cm) de altura e 22 cm de largura, foi resgatada em ação do Ministério Público (MPMG), via Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Turístico e Cultural (CPPC).

A entrega da peça ocorreu durante cerimônia na Catedral de Santo Antônio, na presença de autoridades locais e fiéis. Em seguida, houve missa e cortejo com a participação do congado até o Museu Regional. O coordenador da CPPC/MPMG, promotor de Justiça Marcelo Azevedo Maffra, foi representado pela historiadora e restauradora Paula Carolina Miranda Novais, que destacou a importância do objeto de fé nos aspectos espiritual e cultural.

Minas tem 1.920 bens desaparecidos, tendo sido resgatados 640 e restituídos, incluindo a imagem de São Elesbão, 136. No total de 2,7 mil cadastrados pela instituição, a maior parte (1.071) contempla documentos, seguindo-se os objetos sacros (834).


INVESTIGAÇÃO

De acordo com o setor técnico da CPPC/MPMG do MPMG, documentos produzidos, antes do furto, pela Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais (Superintendência de Museus) e pela Prefeitura de Campanha (Museu Regional do Sul de Minas), demonstram que é anterior ao extravio a ausência das duas mãos e de parte do antebraço esquerdo, bem como do resplendor que compunha a imagem de São Elesbão.

Em 7 de março de 1994, 28 peças sacras foram furtadas do Museu Regional do Sul de Minas. O local abriga relevante conjunto de bens culturais móveis, entre imagens, oratórios e cálices, com datações dos séculos 18 e 19. Do material levado pelos ladrões, quatro já haviam sido recuperados: imagem de Santa Cecília, em 1998, de Santa Bárbara, em 2003, de São Vicente Férrer, em 2004, e de Nossa Senhora da Apresentação, em 2021. A imagem de Santo Elesbão foi a quinta a ser restituída.

Segundo a CPPC, as primeiras informações sobre a localização da peça chegaram em 2024, durante a realização do projeto Sondar para Todos, no município de Campanha. A localização da imagem resultou de um trabalho de pesquisa de alunos da disciplina de História da Arte na Comunidade Propedêutica São Pio X, vinculado ao curso de formação de sacerdotes da Diocese da Campanha.

Para comprovar a informação, foi elaborado dossiê relacionando a imagem desaparecida com a localizada, e a Prefeitura Municipal de Campanha, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, encaminhou laudo e ofício, assinado em conjunto com o bispo diocesano de Campanha, requerendo a restituição da imagem de Santo Elesbão.

Com as informações enviadas pela comunidade e as constantes na plataforma Sondar, a equipe técnica da CPPC analisou minuciosamente os aspectos da imagem de Santo Elesbão, concluindo que a peça localizada era a mesma furtada do museu de Campanha. Foi realizado então amplo diálogo com a instituição detentora do bem, a qual se mostrou colaborativa e acessível em todas as tratativas. Por fim, a peça foi resgatada pelo setor técnico da CPPC.


CULTURA

A região de Campanha contou com quase 7 mil escravizados de origem africana e mantém viva a tradição das congadas, reconhecida como patrimônio cultural imaterial do município e associada à organização da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, à edificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e à veneração dos santos negros, a exemplo de Santo Elesbão, São Benedito e Santa Efigênia.

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SONDAR

Desenvolvido pelo MPMG em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Sondar é uma ferramenta colaborativa que reúne bancos de dados de bens culturais desaparecidos no estado em uma única plataforma e disponibiliza informações sobre bens resgatados e restituídos. O sistema oferece recursos que permitem a contribuição ativa das comunidades e possibilitam: adicionar novas informações sobre os bens cadastrados, solicitar a inserção de bens desaparecidos em uma cidade, informar sobre a localização de um bem desaparecido, realizar a restituição voluntária de um objeto de valor cultural, além de denunciar vendas ilegais ou suspeitas. A proposta do Sondar é intensificar a participação das comunidades na preservação e na defesa do patrimônio cultural de Minas.

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