MOBILIDADE

Governo recua e estuda Linha 2 do metrô de BH totalmente em via dupla

Após pressão popular e rejeição da proposta de trecho singelo entre as estações Ferrugem e Barreiro, o estado anunciou que a nova linha manterá dois trilhos

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O projeto da Linha 2 do metrô de Belo Horizonte, que ligará os bairros Nova Suíssa, na Região Oeste de BH, e Barreiro, no Barreiro, voltou a seguir o traçado original. O Governo de Minas anunciou, nesta quinta-feira (9/10), ter solicitado a elaboração de um projeto executivo para todo o percurso ser construído em via dupla, em meio a polêmica sobre a possibilidade de transformar o trecho final da linha em uma via singela, com apenas um trilho, entre as estações Ferrugem e Barreiro.

A confirmação foi feita pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), após meses de debates, audiências públicas e mobilizações de moradores e parlamentares. A proposta de uma linha singela havia sido apresentada pela concessionária Metrô BH, responsável pela execução do projeto, sob a justificativa de que a MRS Logística, proprietária do pátio de manobras onde será construída a Estação Barreiro, só teria concordado em ceder uma linha para o funcionamento do metrô.

A alteração, porém, representaria uma mudança substancial no modelo de operação e traria prejuízos à eficiência do sistema. Com apenas um trilho nos dois quilômetros finais, os trens precisariam alternar o uso da linha, ou seja, uma composição teria de esperar a outra completar o percurso para poder seguir viagem. O intervalo entre os trens poderia chegar a 15 minutos só nesse trecho.

A Seinfra então solicitou à concessionária Metrô BH a elaboração de uma proposta que com via dupla, como previsto originalmente. "Após análise dos estudos entregues pela concessionária, a Seinfra concluiu que era possível implementar a linha dupla", informou a secretaria em nota.

A decisão representa um alívio para os futuros usuários e os movimentos que vinham denunciando o risco de um “metrô pela metade”.

“Fizemos uma grande mobilização para garantir essa vitória importantíssima da nossa cidade: um metrô com dignidade, para que a população fique menos tempo esperando. É o mínimo que Belo Horizonte merece”, afirmou a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol), uma das principais vozes contrárias à implantação da linha singela.

A parlamentar lembra que a pressão começou assim que a mudança foi aventada. Em reuniões com ministros e representantes do governo federal, em audiências públicas na Assembleia Legislativa e em visitas técnicas, Bella cobrou a manutenção da via dupla e denunciou o que chamou de “anuência criminosa” do governo Romeu Zema (Novo) à proposta da concessionária e da MRS Logística.

“Não poderíamos aceitar uma expansão meia boca, com a anuência criminosa do governo Zema. A via de mão única causaria atrasos e transtornos. Vamos nos mobilizar para impedir que a proposta da via singela siga. A população de BH merece uma linha dupla, com mais horários e menos tempo de espera para os usuários do metrô. Celebraremos muito essa vitória da linha dupla junto ao povo", declarou.

O governo federal é o principal financiador da expansão do metrô. São R$ 3,2 bilhões em investimentos federais, além de R$ 440 milhões do Estado. O trecho entre Nova Suíça e Barreiro, de 10,5 quilômetros, contará com sete estações: Nova Suíça, Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro.

Expansão por etapas

A Metrô BH, concessionária que assumiu a operação e a expansão após a privatização do sistema, prevê que o primeiro trecho da Linha 2 -entre as estações Nova Suíça e Amazonas- entre em funcionamento em julho de 2026. Essa fase inicial deve atender cerca de 4 mil passageiros por dia.

As demais estações têm previsão de conclusão em 2027 e início de operação em 2028, quando a linha completa deve transportar cerca de 50 mil passageiros diários. A Linha 2 fará conexão com a Linha 1 (Eldorado–Vilarinho) na estação Nova Suíça, criando uma ligação direta entre o Barreiro e o vetor Norte da capital.

Acordo com moradores

A definição sobre o traçado da linha coincidiu com o desfecho de outro impasse: o reassentamento das famílias que vivem em áreas que serão desapropriadas para a construção do novo trecho. Após meses de negociações, a concessionária Metrô BH firmou, em maio, um acordo com os moradores dos imóveis atingidos, pacto que contou com a mediação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), do Governo do Estado e de parlamentares.

As tratativas se arrastavam desde o ano passado e envolviam cerca de 500 famílias localizadas às margens do traçado da futura linha. Pelo acordo, os moradores receberão indenização e quatro meses de aluguel social, com o valor depositado diretamente aos beneficiários, que poderão escolher o imóvel onde irão residir durante a transição.

Também foi garantido o custeio das mudanças, tanto para o local temporário quanto para a moradia definitiva. Após a liberação das áreas, os imóveis serão demolidos, respeitando um cronograma conjunto com o poder público.

A deputada Bella Gonçalves, que acompanhou o processo desde o início, destaca que o pacto foi essencial para garantir o direito das famílias e evitar remoções forçadas. “Conseguimos, junto ao governo federal e aos movimentos sociais, um acordo que assegura moradias dignas. Nenhum avanço em infraestrutura pode ocorrer à custa da dignidade das pessoas”, afirmou.

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Nesta quinta, uma audiência pública na Assembleia debate os aspectos técnicos e financeiros do contrato de concessão do metrô. O secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno Barros de Souza, foi convocado para a ocasião.

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