Antiga banca em praça de BH ganha novo significado para as crianças
Iniciativa das educadoras Thais de Azevedo e Isabela Righi, a Banca Crianceira devolveu vida a uma antiga banca de revistas parada na Praça JK
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Quem passa pela Praça JK, na capital mineira, começou a perceber que ali tem uma banca diferente. Mais colorida, com livros espalhados, cartazes colados e som de risada ecoando. No lugar onde antes se vendiam revistas e jornais, agora se criam memórias. A Banca Crianceira, inaugurada em agosto de 2025, transformou o espaço em ponto de encontro gratuito que reúne arte, leitura e brincadeira para crianças e famílias.
A iniciativa surgiu do desejo das amigas e educadoras Thais de Azevedo e Isabela Righi em ter um lugar de convivência, criação e experimentação da cidade com crianças. “Queríamos criar algo além das paredes da escola”, conta Isabela. “A Banca nasceu do desejo de produzir para e com as crianças, em um espaço aberto, onde a cidade também participasse.”
Com um olhar curioso, Thaís, que é frequentadora da Praça JK, na Região Centro-Sul, notou uma antiga banca fechada há anos e encontrou ali a oportunidade ideal de dar vida ao projeto.
“Passeando pela praça com a minha irmã e meu sobrinho, comecei a perceber que nunca tinha visto a banca aberta. Fiquei encucada e fui atrás para saber quem era o dono e por que ela estava fechada. Depois de semanas procurando, descobri que o seu Edward era o ‘guardião’ dela e propus transformar o espaço em um ponto de encontros infantis”, conta Thais.
Fundada em 1997, a banca estava parada desde a pandemia, depois de furtos e danos que a deixaram vulnerável. Quando Thaís e Isabela apresentaram o plano de reabrir o espaço com uma proposta voltada às crianças, o dono João Paulo e o guardião Edward abraçaram a ideia.
“A Banca Crianceira trouxe vida para a Bancarte. É um resgate da infância de pé no chão, da criança que brinca com o que tem ao redor, e até dos adultos que redescobrem o prazer de brincar.” diz Edward.
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Laboratório de criação
Após três meses idealizando o projeto, a primeira edição veio em agosto. Cheio de cores, com uma estante cheia de livros, desenhos e cartazes, a banca de tornou um laboratório urbano de criação, onde o lúdico e o educativo se misturam.
A proposta da Banca Crianceira vai além da recreação. O projeto aposta no direito das crianças à cidade e na ocupação do espaço público como um ato de cidadania. “A praça é viva, mas a maior parte das atividades voltadas às crianças é paga. A banca vem para mudar isso, oferecendo arte e leitura de forma acessível”, explica Thaís.
As oficinas propõem um retorno das brincadeiras analógicas: desenhar, colar, tocar instrumentos, ouvir histórias e, principalmente, conviver.
Com pouco metros quadrados, rapidamente o projeto conquistou o coração dos moradores do entorno. Lais Ortiz, mãe da pequena Lívia, de 3 anos, participou da primeira edição e relata que amou a proposta.
"A banca é um programa respeitoso e diferente. É pensada para as crianças, mas também nos inclui como pais. Revive nossa nostalgia das bancas de jornal e mostra às crianças que o espaço público também é delas. É genial porque gera conexão familiar em um espaço público e por mais simples que pareça, essa ideia só pode sair de pessoas que têm sensibilidade e conhecimento suficiente para entender o lugar cidadão da criança e da família como parte integrante da cidade".
Pai do pequeno Bento, de 1 ano e 7 meses, Leonardo Jardim vê no projeto uma oportunidade de criar memórias ao ar livre junto com o filho. "Participamos das duas edições e vou aproveitar toda oportunidade de expandir o mundinho do Bento e a Banca é o lugar perfeito pra ele interagir com outras crianças, conhecer novas brincadeiras, ter mais contato com arte. É gostoso ver ele correndo pela praça cheio de oportunidade pra se divertir. Ele ainda é bem novinho, e quero que ele se acostume com essa forma de brincar, fora de casa, cheio de amigos. Acho muito legal a forma que as meninas brincam com as crianças, parece que tem uma mágica, um jeito todo especial de se aproximar e deixar as crianças confortáveis."
A força do coletivo
A Banca Crianceira é feita por muitas mãos. Educadores, artistas, músicos, designers, mães, pais e curiosos se juntam a cada edição. “O que mais me emociona é ver esse tanto de gente que se envolve no projeto. A banca é sobre isso, sobre encontros e colaboração”, conta Thaís.
Para Isabela, a experiência também é um experimento artístico. "A banca é uma aventura. Cada criança que chega inventa um novo jeito de ocupar o lugar."
Próxima edição
Para celebrar o Dia das Crianças, a terceira edição do projeto será realizada neste domingo (12/10), transformando a Praça JK em um espaço de brincadeira, música e leitura para toda a família.
As atividades começam às 8h e seguem até às 13h, com destaque para a oficina “Brincando de Circo”, conduzida pela educadora Naara Aroeira, às 10h, e, em seguida, a oficina de “Brincando de Música”, com o artista Thiago Braz, às 11h.
Segundo Thaís de Azevedo, a programação busca resgatar a infância e a convivência em espaço público. “Queremos que as crianças se apropriem da praça, descubram, inventem e brinquem. E que os adultos participem dessa experiência junto com elas.”
Isabela Righi complementa que a ideia é que o espaço seja aberto e acolhedor, um ponto de encontro intergeracional, onde todos possam se divertir, criar e compartilhar momentos únicos.
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Durante o evento, além das oficinas, a Banca mantém o ponto de coleta de livros e impressos infantis, reforçando o compromisso de incentivar a leitura e a circulação de arte entre as infâncias. A participação é gratuita e aberta a todos, comemorando o Dia das Crianças de forma criativa e coletiva.