Biodiversidade preservada: zoológico de BH tem novos habitantes
Cinquenta peixes pacamãs, espécie que corre risco de extinção, chegam ao Aquário da Bacia do Rio São Francisco
compartilhe
SIGA

O zoológico de BH tem novos habitantes. Espécie classificada como vulnerável na lista internacional das ameaçadas de extinção (IUCN, 2025) e na lista oficial de ameaçadas da fauna brasileira (MMA, 2022), 50 peixes pacamã (Lophiosilurus alexandri) acabam de chegar ao Aquário da Bacia do Rio São Francisco, equipamento que compõe o zoo.
Na etapa juvenil de vida, eles agora integram o plantel e as ações de pesquisa e educação ambiental da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), nesse que é mais um trabalho voltado à conservação da biodiversidade.
O pacamã é um peixe de água doce endêmico do Rio São Francisco. Os indivíduos que chegaram ao aquário nasceram em um projeto de pesquisa do Laboratório Aquacultura (Laqua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que atua para a preservação e conservação das espécies ameaçadas de extinção, sob a coordenação do professor pós-doutor Ronald Kennedy Luz. A iniciativa foi criada e patrocinada por Bruno Vicintin, CEO da Rima Industrial S/A, em parceria com a empresa.
Leia Mais
Para o biólogo do aquário, Gladstone Araújo, a ação conjunta que permitiu a doação dos peixes é muito importante. "Tínhamos apenas seis deles, já com expectativa de vida superada, idade avançada, e apenas três filhotes, fruto da última tentativa de reprodução que fizemos, no ano passado. Com a chegada dos novos indivíduos e maiores possibilidades de reprodução, temos a garantia de poder continuar atuando na conservação desta espécie e, quem sabe, trabalhar a reprodução com fins de reintrodução na natureza, num futuro próximo”, espera.
O pacamã tem crescimento lento e hábitos sedentários. Nos últimos anos, segundo a bióloga Sandra Cunha, diretora da Zoobotânica e gerente interina do zoológico, as populações diminuíram significativamente devido à pesca predatória, alteração no fluxo do rio, poluição da água, mudanças climáticas, entre outros motivos.
"Essa parceria é de grande importância para juntos promovermos a conservação da espécie. A equipe técnica do nosso aquário visitou as instalações do Laqua para conhecer de perto esse importante projeto. O intuito de todos os envolvidos é ter sucesso reprodutivo ao ponto de possibilitar a reintrodução de indivíduos na natureza”, destaca.
No momento, os peixes estão em quarentena, o que se faz necessário para a avaliação da saúde e adaptação ao ambiente atual. Em breve, a maioria será alocada nos tanques de visitação disponíveis na área pública e o restante permanecerá no laboratório para as ações de pesquisa e reprodução.
Reprodução inédita
Em novembro do ano passado, o nascimento inédito de três filhotes de pacamã foi comemorado pela equipe do aquário. A tentativa de reprodução tinha o objetivo de perpetuar a disponibilidade da espécie no plantel da instituição, que contava com seis indivíduos em idade avançada, superando a expectativa média de vida deste peixe. O aquário passou a ter nove pacamãs, número relativamente pequeno perante a ameaça de extinção de uma espécie exclusiva da bacia do Velho Chico.
O pacamã pode ultrapassar 70 centímetros de comprimento e oito quilos. É um animal considerado “sedentário” e de hábitos noturnos. Vive camuflado no fundo dos rios e lagos, onde se enterra na areia à espreita das presas, apenas com os olhos para fora.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
É carnívoro (piscívoro) - alimenta-se de pequenos peixes, que caça principalmente à noite. Com a cabeça achatada, a boca voltada para cima, e três pares de barbilhões sensoriais, tem a mandíbula ressaltada, com dentes à mostra, que extrapolam o maxilar superior. O corpo é comprimido como a cabeça, revestido de couro e com cor marrom e pintas escuras.