Nada tão desolador como ver o fogo atingindo um bem cultural: um casarão dos tempos coloniais entre as labaredas, a igreja que acolhe a comunidade virando cinzas, o monumento transformado em ruínas, como ocorreu há sete anos com o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O exemplo mais recente, de cortar o coração, foi no Centro Histórico de Santa Bárbara, área tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) em 1989, e pelo município em 2006.

Embora fosse de construção recente e sem tombamento individual, o imóvel sede da Secretaria de Saúde de Santa Bárbara, em chamas, poderia ser condutor de um grande incêndio e varrer do mapa um valioso patrimônio. Três meses antes, no Serro, o fogo atingiu a agência do Banco do Brasil, e, felizmente, foi contido a tempo.

Prevenir é melhor do que remediar, reza a sabedoria popular sobre a necessidade obrigatória de tomar cuidado com o patrimônio de relevância histórica, tombado ou não. E também custa menos, vale lembrar, pois cuidado significa zelo, vistoria permanente, atitude, providências e adoção de medidas eficazes para preservação de igrejas, capelas, ermidas, mosteiros e outras edificações. Um descuido pode ser fatal e apagar páginas de nossa história.

A fim de destacar a importância de conservação dos bens culturais, o Iepha-MG, que comemora 54 anos de história, lança uma coleção de seis cartilhas com os seguintes temas: Eventos e festividades em bens protegidos, Prevenção contra incêndios em bens protegidos, Conservação preventiva em bens protegidos – identificação de patologias, Minas Gerais: Programa ICMS Patrimônio Cultural, Conservação preventiva em bens protegidos: fatores externos e Acessibilidade em bens protegidos. Conforme o instituto, elas se dirigem a toda a sociedade civil, principalmente aos proprietários de imóveis tombados e gestores municipais.

A distribuição ocorre de forma física em eventos e também está disponível no site do Iepha (iepha.mg,gov.br). O novo presidente do Iepha, arquiteto e urbanista Paulo Roberto Meireles do Nascimento, ressalta que as cartilhas são fundamentais para a gestão e preservação do patrimônio cultural de Minas. “Vamos promover, juntos, uma cultura de cuidado com as pessoas e a comunidade e valorização de nossos bens históricos”.

Incêndio em imóvel no Centro Histórico de Santa Bárbara pôs em risco patrimônio tombado

CBMMG/DIVULGAÇÃO – 26/9/25

IMÓVEIS PROTEGIDOS

• Medidas simples, como inspeções regulares, manutenções periódicas e instalações seguras, evitam tragédias e protegem os bens edificados


• Nas brigada de incêndio, todos os trabalhadores devem ser treinados em evacuação e proteção do acervo


• Saídas de emergência devem ser compatíveis com a capacidade do público, podendo ter corredores e escadas menores


• Alarmes e detectores de incêndio devem ser discretos, sem prejudicar o espaço e os elementos artísticos


• Sobre os cuidados com o sistema construtivo, devem ser analisadas medidas preventivas adequadas para diferentes tipos de construção, como pau a pique e adobe


• Após implementação das medidas por um responsável técnico, o Corpo de Bombeiros deve ser chamado para emitir o Auto de Vistoria (AVCB), certificando que o local está seguro


• Em caso de intervenções estruturais, deve-se solicitar a avaliação técnica do órgão de proteção, a fim de garantir a integridade do monumento e a segurança das pessoas


FONTE: IEPHA-MG

MARCOS IKEDA/ARQUIVO PESSOAL

PÉTALAS DE ROSAS PARA HOMENAGEAR...


Foi um dia de alegria, com pétalas de rosas colorindo o ambiente, sorrisos de boas-vindas e abraços abertos para receber um presente embalado em pura emoção. As religiosas do Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia, têm agora no seu acervo um quadro com a representação histórico-artística da Irmã Germana Maria da Purificação (1782-1856), que morou na Serra da Piedade, em Caeté, e, de 1843 até o fim da vida, na tricentenária edificação localizada na zona rural luziense. O óleo sobre tela, de autoria do artista visual Wesley Rocher Monteiro, mostra dois tempos na vida Irmã Germana: o passado representado pelo altar dedicado a Nossa Senhora da Piedade, na ermida no topo da Serra da Piedade, que guarda a imagem da padroeira de Minas atribuída a Aleijadinho; e em Macaúbas, fundado em 1714, já com o hábito de recolhida e o medalhão de Nossa Senhora da Conceição.

GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS


...A RELIGIOSA MINEIRA QUE LEVITAVA


A entrega do quadro a um grupo de religiosas de Macaúbas, tendo à frente a irmã Maria Imaculada de Jesus Hóstia, ocorreu na sede de Academia de Letras do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (Alemp), em BH, entidade presidida pelo promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda. Na ocasião, Souza Miranda fez palestra e lançou a segunda edição do livro de sua autoria, "Irmã Germana - a exilada de Macaúbas". A obra traz novas revelações sobre Germana, natural do distrito de Morro Vermelho, em Caeté, que, conforme relatos, levitava na Sexta-feira da Paixão. Segundo o autor, a enigmática irmã, de trajetória desconhecida da maioria dos brasileiros, foi visitada em 1818 pelo cientista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que publicou informações a respeito dela em um de seus diários de viagem. Interessados em comprar o livro, cuja renda reverte para o projeto Abrace Macaúbas, destinado ao restauro do mosteiro. O livro está à venda na Conhecimento Livraria (conhecimentolivraria.com.br) e na Amazon.

ARQUIVO EM


PAREDE DA MEMÓRIA

O dia 18 de outubro marca o nascimento de José Pedro de Freitas (1921-1971), o célebre médium mineiro que ficou conhecido pelo apelido de Zé Arigó. Nascido em Congonhas, ele atendeu, durante duas décadas, mais de 4 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, que o procuravam em busca de cura. O atendimento (cerca de 1 mil pessoas por dia) ocorria no Centro Espírita Jesus Nazareno, fundado em 1959, diante do qual se formavam longas filas. Ninguém pagava um centavo sequer. Conforme pesquisas, foi na década de 1930, quando ingressou na Companhia de Mineração de Ferro, que José Pedro começou a ser chamado de Arigó, sinônimo de “simplório, jacu ou gente da roça”. Os dons mediúnicos teriam se manifestado ainda na infância, e, na idade adulta, incorporava o espírito do médico alemão Adolf Fritz, morto no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Dizem que o médium não usava anestesia e assepsia, afirmando ao término de uma cirurgia: “Cristo não quer sangue”. Morreu num em 11 de janeiro de 1971, na rodovia BR-040, no trecho entre Congonhas e Conselheiro Lafaiete.

MAURÍCIO APARECIDO COSTA/PREF. DE CHAPADA DO NORTE/DIVULGAÇÃO

CHAPADA DO NORTE

Comunidade de Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha, comemora o término da primeira etapa de obras na Capela Bom Jesus da Lapa, fechada há sete anos. Executadas pelo Instituto Joaquim Artes e Ofícios, as intervenções têm recursos do Programa Minas para Sempre do Ministério Público de Minas Gerais, via Plataforma Semente. Satisfeito, o secretário Municipal de Cultura, Maurício Aparecido Costa, explica que os serviços contemplaram restauração estrutural, alvenaria, telhado e projetos complementares. Um dado surpreendente para autoridades e equipe de engenharia: a construção não tinha alicerce. “Foi, portanto, uma fase bem delicada. A capela tem agora uma base bem sólida”, observa o secretário, lembrando que a comunidade está em busca de recursos para a segunda etapa. Tombado pelo Iepha-MG em 1981, o singelo templo teve sua construção iniciada em 1874. Até o término de todos os serviços, ficará fechado.

JOÃO MONLEVADE


O professor, jornalista e escritor mineiro Erivelton Braz (foto) lança o livro “Nas terras pesadas de metais e espantos”, romance histórico que recria a trajetória do francês Jean Antoine Felix Dissandes de Monlevade, pioneiro no Vale do Aço. Considerado o último desbravador europeu a chegar ao Brasil no século 19, o homem que ficou conhecido por João Monlevade ergueu as bases da cidade que receberia seu nome. A obra propõe, conforme o autor, uma viagem no tempo e registra os passos de Jean Antoine desde a chegada ao país em 14 de maio de 1817. Juntando fatos históricos e elementos de ficção, “Nas terras pesadas de metais e espantos” revela não apenas o pioneirismo industrial do francês como também o olhar de um europeu diante das riquezas, contrastes e desafios da sociedade brasileira da época. O livro está sendo doado para escolas locais e bibliotecas da região do Médio Piracicaba. Mais informações com o autor: @erivelton_braz


REGISTRO INTERNACIONAL


Vai até 9 de novembro o prazo para envio de candidaturas ao Registro Internacional do Programa Memória do Mundo da Unesco, no ciclo de 2026-2027. O programa de preservação documental reconhece documentos e acervos de importância mundial a partir de candidaturas apresentadas pelos países. Os ministérios da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), das Relações Exteriores (MRE) e da Cultura (MinC) decidiram pela criação do comitê "ad hoc" (temporário), no âmbito da Comissão Nacional do Brasil para a Unesco, de forma conduzir o processo de seleção das candidaturas brasileiras ao Registro. O Iphan faz parte do comitê de seleção que escolherá duas candidaturas nacionais a serem enviadas para a avaliação da Unesco. As candidaturas deverão ser enviadas para o e-mail comissao.unesco@itamaraty.gov.br.

REGISTRO INTERNACIONAL 2

Minas tem oito bens reconhecidos como Patrimônio Documental da Humanidade, entre eles o Acervo da Comissão Construtora de Nova Capital Belo Horizonte – 1892-1903 (foto). Conheça os demais: Documentação da Câmara Municipal de Ouro Preto, Coleção Francisco Curt Lange, Processos judiciais trabalhistas: Doenças ocupacionais na mineração de Minas Gerais – Dissídios individuais e coletivos (1941-2005), Coleção de obras raras da Biblioteca Mineiriana do Instituto Cultural Amilcar Martins, Testamento do senhor Martim Afonso de Souza e de sua mulher, dona Ana Pimentel, Inventário post-mortem do Cartório do Primeiro Ofício de Mariana (1713-1920) e Livro de inventários da Catedral de Mariana (1749-1904).

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