A recente decisão judicial que negou indenização à família de um caminhoneiro morto em um acidente na BR-116, nessa quarta-feira (8/10), joga luz sobre uma realidade alarmante: as perigosas rodovias federais que cortam Minas Gerais. O caso reacende o debate sobre a segurança e as condições de tráfego que motoristas enfrentam diariamente, transformando viagens rotineiras em verdadeiros desafios de sobrevivência.
A tragédia na BR-116 não é um fato isolado. Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mapeou os pontos mais críticos das estradas mineiras, revelando um ranking preocupante. O excesso de velocidade, as ultrapassagens indevidas e a má conservação de alguns trechos são os principais ingredientes de uma combinação fatal. Conhecer essas rotas e os seus perigos são o primeiro passo para se proteger.
As estatísticas mostram que cinco rodovias concentram o maior número de acidentes graves e fatais no estado. Elas são artérias vitais para a economia, escoando produção e conectando cidades, mas também são cenários de histórias trágicas. A seguir, detalhamos o ranking do medo, com base nos dados oficiais da PRF, para que você entenda os riscos e saiba como se prevenir.
1. BR-381 (Rodovia da Morte)
Não é à toa que a BR-381 carrega o apelido de “Rodovia da Morte”. Principalmente no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade, a estrada se torna um funil perigoso, misturando tráfego intenso de veículos de passeio com o fluxo pesado de caminhões que vêm do Vale do Aço e do Espírito Santo.
A combinação de pista simples, curvas sinuosas e longos trechos sem acostamento eleva o risco de colisões frontais, o tipo de acidente mais letal. A duplicação da via avança a passos lentos, e enquanto não é concluída, a atenção do motorista precisa ser redobrada, especialmente em dias de chuva ou neblina, que são comuns na região.
2. BR-040
A BR-040 é outra via de grande movimento que liga o Rio de Janeiro à Brasília, passando por importantes cidades mineiras como Juiz de Fora e Belo Horizonte. O trecho que exige mais cuidado é o da Serra de Petrópolis, já no estado do Rio, mas a parte mineira também tem seus pontos de alto risco, como a descida para o anel rodoviário da capital.
O grande volume de carretas e ônibus, somado à velocidade elevada dos carros, cria um cenário propenso a engavetamentos e saídas de pista. A falta de manutenção em alguns pontos, com buracos e sinalização precária, agrava ainda mais a situação, exigindo que os condutores pratiquem uma direção defensiva constante.
3. BR-262
Conectando o Espírito Santo a Mato Grosso do Sul, a BR-262 corta Minas Gerais de leste a oeste. É uma rota fundamental para o agronegócio, mas seus trechos de serra e as longas retas que convidam ao excesso de velocidade a tornam extremamente perigosa. O trecho entre Belo Horizonte e o Triângulo Mineiro é particularmente crítico.
As ultrapassagens em locais proibidos são a principal causa de acidentes fatais na BR-262. Muitos motoristas, impacientes com o ritmo dos caminhões, arriscam manobras perigosas em trechos de baixa visibilidade, resultando em colisões de impacto devastador. A presença de animais na pista em áreas rurais também é um fator de risco constante.
4. BR-116
Palco do acidente que motivou essa reportagem, a BR-116 é uma das mais longas do país e, em Minas, apresenta trechos de altíssima periculosidade. As regiões dos Vales do Mucuri e do Rio Doce são as mais preocupantes, com asfalto irregular, falta de duplicação e um fluxo incessante de veículos de carga.
O cansaço dos motoristas, especialmente caminhoneiros que cumprem longas jornadas, é um fator de risco determinante. Acidentes por sono ao volante e perda de controle do veículo são comuns. A falta de pontos de parada seguros e adequados ao longo da rodovia contribui para que os profissionais se arrisquem para cumprir prazos.
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5. BR-251
Ligando a Bahia ao Mato Grosso, a BR-251 tem em seu trecho mineiro, especialmente no Norte de Minas, um dos pontos mais perigosos do Brasil. A rodovia é marcada por um relevo acidentado, com serras íngremes e curvas fechadas, como na Serra de Francisco Sá.
A infraestrutura precária, com pista simples e sem acostamento na maior parte do percurso, não comporta o volume intenso de bitrens e carretas que por ali trafegam. Falhas mecânicas, como perda de freios em descidas longas, são frequentes e causam acidentes de grandes proporções. Para motoristas de veículos leves, a dica é evitar a rota durante a noite.
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Como dirigir com mais segurança nas estradas mineiras
Diante de um cenário tão desafiador, adotar uma postura preventiva é a única forma de minimizar os riscos. A responsabilidade pela segurança começa antes mesmo de girar a chave na ignição. Confira abaixo um guia prático para você se proteger e proteger os outros.
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Planeje sua viagem com antecedência. verifique a rota, as condições do tempo e as notícias sobre o trânsito. Evite viajar durante a noite ou em horários de pico, se possível. Informe alguém sobre seu trajeto e a previsão de chegada.
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Faça a manutenção preventiva do veículo. antes de pegar a estrada, cheque freios, pneus, luzes, limpadores de para-brisa e níveis de óleo e água. Um carro em bom estado responde melhor em situações de emergência e evita paradas inesperadas em locais perigosos.
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Respeite os limites de velocidade e a sinalização. as placas não estão ali por acaso. Elas indicam curvas perigosas, trechos com risco de animais e limites de velocidade que garantem uma margem de segurança para frear ou desviar de obstáculos.
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Mantenha distância segura do veículo da frente. a regra dos dois segundos é uma boa referência em pista seca. Em caso de chuva ou neblina, aumente essa distância. Isso lhe dará tempo e espaço para reagir a uma freada brusca ou a um imprevisto.
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Só ultrapasse com 100% de certeza. a maioria das colisões frontais acontece em tentativas de ultrapassagem mal calculadas. Use as setas, certifique-se de que a faixa é permitida para a manobra e que há visibilidade e espaço suficientes para ir e voltar em segurança.
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Descanse antes de dirigir. o cansaço é tão perigoso quanto o álcool. Dirigir com sono diminui o tempo de reação e a capacidade de concentração. A cada duas ou três horas de viagem, faça uma pausa de 15 minutos para esticar as pernas e descansar.
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Cuidado redobrado sob chuva ou neblina. em condições adversas, reduza a velocidade, acenda os faróis baixos e aumente a distância do carro da frente. Se a visibilidade ficar muito comprometida, procure um local seguro para parar e espere o tempo melhorar.
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Foco total na direção. Evite distrações como usar o celular, ajustar o rádio ou comer enquanto dirige. Uma fração de segundo de desatenção pode ser suficiente para causar uma tragédia. O trânsito exige concentração máxima o tempo todo.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.