Uma comitiva de pesquisadores e representantes de instituições de direitos humanos da Ucrânia visitou, nessa segunda-feira (13/10), o Memorial Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O espaço homenageia as vítimas do rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, que ocorreu em 2019 e causou a morte de 272 pessoas.

Durante a visita, os pesquisadores conheceram o Centro de Referência do Memorial, que reúne pesquisas e registros sobre a tragédia, consolidando o espaço como um repositório de memória, conhecimento e investigação.

Os membros da comitiva também conversaram com a diretoria da Associação dos Familiares das Vítimas de Brumadinho (Avabrum) e com o Instituto Cordilheira sobre os avanços jurídicos e sociais obtidos desde 2019. Segundo Nayara Porto, presidente da Avabrum, o encontro reforça o papel de Brumadinho como exemplo internacional de resistência e busca por justiça.

A delegação ucraniana foi composta por Roman Romanov, diretor do Programa de Direitos Humanos e Justiça da International Renaissance Foundation; Nataliia Handel, pesquisadora da Academia Nacional de Ciências Jurídicas da Ucrânia; Masha Lisitsyna, pesquisadora associada à Johns Hopkins University (EUA); além de Olena Pelykh, Solomia Baran e Sofia Kosarevych. A visita foi articulada pela ONG Justiça Global, representada por Beatriz Dantas e Melisanda Trentin.

Intercâmbio

Antes de chegar a Brumadinho, o grupo foi recebido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), onde desembargadores apresentaram o modelo jurídico construído após as tragédias de Mariana e Brumadinho, destacando a articulação entre o Judiciário, órgãos públicos e entidades civis para garantir a reparação às vítimas.

A comitiva também conheceu o Núcleo de Acompanhamento de Reparações por Desastres do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para compreender as estratégias de responsabilização e monitoramento das ações de reparação. O grupo busca referências para os processos de reconstrução da Ucrânia, afetada pela guerra desde 2022 — daí o interesse em conhecer a experiência mineira no enfrentamento de tragédias e na reparação de danos.

A expectativa é que o diálogo se desdobre em novas ações conjuntas voltadas à defesa dos direitos humanos e à promoção de políticas de reparação em contextos de conflito e desastre. Além disso, o encontro pode estabelecer um intercâmbio permanente entre instituições ucranianas e brasileiras, com o objetivo de compartilhar metodologias, experiências de justiça reparatória e estratégias de reconstrução social.

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