O Festival de Carrinho de Rolimã ocorre pela primeira vez na Região Pampulha de Belo Horizonte neste domingo (19/10) e busca resgatar memórias de gerações e criar novos momentos com as crianças que comparecerem ao evento. Organizado pela Federação Mineira de Carrinhos de Rolimã (Femcar), o festival é realizado até às 13h na Avenida Dandara, no Bairro Trevo, e incentiva o convívio familiar longe das telas digitais.

A iniciativa faz parte de um circuito que leva a brincadeira para todas as regiões da capital mineira, transformando o antigo passatempo de rua em um movimento esportivo e social, com objetivo de apresentar e relembrar as brincadeiras antigas. De acordo com o presidente da federação, Gardner Gelton Furtado, o projeto é realizado em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a Secretaria de Esportes e é pensado em toda a população, inclusive pessoas de idades e condições diferentes.

Para isso, a federação preparou carrinhos adaptados para atender pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, além de monitores treinados para acompanhar participantes que nunca pilotaram um carrinho. Com trajeto de dois quarteirões da avenida, a pista foi demarcada com cones e pneus para garantir a segurança durante as descidas.

Além disso, a Femcar disponibiliza mais de 100 carrinhos para empréstimo para que ninguém fique de fora da diversão. O mais importante é a interação entre as famílias: “Nosso projeto é sobre isso: tirar as crianças da tela. Tirar da sociedade. É uma brincadeira retrô, que aproxima as pessoas, aproxima as famílias. E a força é principalmente o pai com o filho. Nós já estamos há 15 anos nesse projeto, há 5 anos na federação E conseguimos agora que fosse reconhecido como esporte”, diz Furtado.

Além dos carrinhos, o festival contou com brinquedos infláveis, pula-pula, escorregadores e outras atividades recreativas. Frutas e água foram distribuídas pela ação, em parceria com o programa “A Rua é Nossa”, da PBH. A iniciativa é bem avaliada pelos adultos presentes no festival. Segundo o armador de estrutura de concreto, Cleiton Ney da Costa Alfredo, de 26 anos, foi possível reviver a infância neste domingo.

“Esse desligamento dos jogos hoje em dia, tudo nos telefones, computadores, que alienam as crianças. Eu trouxe minha filha de dois meses e o outro [mais velho]. É o primeiro dia deles aqui. Eu estou super feliz. É um esporte bacana, que não tem perigo algum, é recreativo para a comunidade, assim como as crianças hoje estão brincando”, conta Cleiton, que afirmou ter descido a avenida mais de 50 vezes, já que os filhos não perdem a vontade.

Festival de Carrinho de Rolimã tenta tirar crianças das telas e convidá-las a participar de brincadeiras na rua

Leandro Couri/EM/DA Press

Brincadeira que virou esporte

O próximo passo é profissionalizar as corridas. “A partir do ano que vem, vamos realizar campeonatos oficiais, com percursos de até três quilômetros. Com carrinhos profissionais que chegam a alcançar 110 km/h. O esporte ensina respeito, paciência e superação. É uma forma divertida de educar”, afirmou Gardner.

Para celebrar a paixão sobre rodas, oficializado em 2023, o Dia Municipal do Carrinho de Rolimã é celebrado na capital mineira em 25 de maio. “Esse reconhecimento é um combustível pra gente continuar. O carrinho de rolimã faz parte da cultura mineira, e agora também faz parte do esporte. Nosso sonho é chegar às Olimpíadas, como aconteceu com o skate”, concluiu Gardner.

Neste ano, a brincadeira não é mais um passatempo. Desde agosto, a corrida de carrinho de rolimã foi reconhecida oficialmente como prática esportiva na capital mineira. A Lei 11.886 estabelece que os eventos licenciados devem contar com infraestrutura de segurança, atendimento médico e uso obrigatório de equipamentos de proteção, garantindo a integridade dos participantes.

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