MORTE DE GARI

‘Não me vitimizei’: vídeo mostra depoimento de réu por morte de gari em BH

Renê da Silva Nogueira Júnior está preso desde 11 de agosto. Ele é réu pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes

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“Eu não me vitimizei, não fui para o lado errado. Muito pelo contrário”. A fala é de Renê da Silva Nogueira Júnior, réu pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, durante a audiência de instrução do processo, na manhã desta quarta-feira (26/11). O empresário foi ouvido por videoconferência do Presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde está detido desde a época dos fatos. O crime aconteceu em 11 de agosto, no Bairro Vista Alegre, na Região Oeste da capital.

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O empresário foi ouvido pela juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do 1° Tribunal do Júri Sumariante da Comarca de Belo Horizonte. O depoimento foi gravado. Nas imagens, a que o Estado de Minas teve acesso, o homem apareceu ao lado de seu advogado Bruno Rodrigues.

Renê não respondeu a perguntas sobre o crime, mas contou sobre sua própria história. Ele afirmou que nasceu fruto de um abuso sexual e que viver isolado por muitos anos por conta de uma doença contagiosa de seu irmão.

“Perdi meu pai com 15 anos. Mesmo assim, eu não me vitimizei, não fui para o lado errado. Muito pelo contrário. Como a imprensa falou que eu não tinha formação. Está tudo anexado no processo. Me formei em publicidade e marketing pela Unesp, fui para a FGV [...] e o último foi formação de conselheiros na Fundação Dom Cabral, inclusive a polícia deve ter que lá eu sou um dos melhores alunos”, afirmou o réu.

Por fim, o empresário afirmou que acredita estar sendo perseguido e não sabe dizer se o seu casamento com a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, denunciada no processo por porte ilegal de arma de fogo, resistiu aos fatos. “Sou um homem de 47 anos que nunca tive problema com ninguém, pelo contrário. Eu tenho familiares na polícia federal, casado com uma delegada, que já tinha experiência em defesa de minoria”, disse.

Em nota, a defesa de Renê afirmou que, após os dois dias de audiência, ficou "comprovado" que o empresário não foi identificado "na forma da lei processual". Além disso, os advogados afirmaram que os projéteis foram recolhidos por uma testemunha, o que representa quebra da cadeia de custódia da prova.

De acordo com os defensores, a obtenção de acesso ao celular do acusado se deu sem a prévia comunicação dos seus advogados, em notória violação ao princípio da não autoincriminação. A informação já teria sido incluída no processo, no pedido para anular as provas obtidas a partir da quebra do sigilo telefônico do réu. No entanto, a petição foi negada.

Confira, na íntegra, a nota da defesa de Renê:

"A defesa técnica de Renê da Silva Nogueira Júnior informa que, após 2 dias de audiência, as todas testemunhas presenciais foram ouvidas na qualidade de informante por terem interesse no resultado do processo, vez que ajuizaram ação indenizatória, restou comprovado que não houve reconhecimento do réu na forma da lei processual, que os projéteis foram recolhidos por transeunte não identificado, em clara quebra da cadeia de custódia da prova, e que a obtenção de acesso ao celular do acusado se deu sem a prévia comunicação dos seus advogados em notória violação ao princípio da não autoincriminação. No mais, confiamos que o trabalho seja reconhecido e alcance resultados pretendidos."

Como o crime aconteceu?

  • Equipe de coleta de lixo trabalhava na Rua Modestina de Souza, Bairro Vista Alegre, em BH, na manhã do dia 11 de agosto.
  • Motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, 42 anos, manobra para liberar passagem, após ver uma fila de carros se formar atrás dela.
  • Eledias e os garis acenam para Renê da Silva, que dirigia um carro BYD, permitindo a passagem.
  • O suspeito abaixa a janela e grita que, caso encostasse em seu veículo, ele iria "dar um tiro na cara" da condutora.
  • Na sequência, ele segue adiante, estaciona, sai do carro armado; derruba o carregador, recolhe e engatilha pistola, segundo o registro policial.
  • Ele faz um disparo que atinge Laudemir no abdômen.
  • O gari é levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, na Grande BH, mas morre por hemorragia interna.
  • No local, PM recolhe projétil intacto de munição calibre .380.
  • Horas após o crime, a PM localiza e prende Renê no estacionamento de academia na Av. Raja Gabaglia.
  • Flagrante convertido em prisão preventiva em audiência de custódia, no dia 13 de agosto, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais
  • Renê está preso no Presídio de Caeté, Grande BH

Fascínio por armas

Além da comprovação do envolvimento do empresário na morte de Laudemir, as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indicaram que Renê tem "fascínio" por armas de fogo e o "poder" que o armamento o concedia. De acordo com o delegado Evandro Radaelli, responsável pelas investigações, durante análises feitas no aparelho celular do investigado foram encontradas imagens em que ele exibe diversas armas.

Em alguns vídeos, o homem aparece fazendo disparos. Ainda segundo o chefe da investigação, o artefato não é o mesmo usado no crime registrado no Bairro Vista Alegre. Além disso, o homem também demonstrava “interesse” pelo cargo ocupado pela esposa. Em uma das fotos, ele chegou a exibir o distintivo da mulher.

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“Acreditamos que na situação em que ele disparou contra o Laudemir ele estava sim demonstrando um poder, porque ele julgou que a pressa que ele tinha era mais importante que o trabalho que os garis realizavam na coleta de resíduo”, afirmou o delegado, na época das investigações.

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