A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou nesta sexta-feira (14/11) que Alice Martins Alves, mulher trans de 33, compareceu somente em 5 de novembro à Delegacia Especializada de Crimes de Intolerância e LGBTfobia, dando início às investigações sobre as agressões que sofreu em 23 de outubro após sair de um estabelecimento na Savassi, na Região Centro-Sul de BH.
Ela relatou aos policiais que demorou a procurar a unidade, pois sentia medo dos suspeitos e também por ter ficado envergonhada. Alice, inclusive, demorou a contar sobre a agressão para o próprio pai. Ela também relatou ter ficado com medo de não ser acolhida pelas instituições.
De acordo com a PC, responsável pelas investigações, os suspeitos de cometer o crime foram motivados por uma conta de R$ 22 que ela teria deixado de pagar, mas a intensidade das agressões pode ter sido gerada pelo preconceito. Alice morreu no último domingo (9/11) em decorrência dos ferimentos. Para a PC, a esteticista pode ter sido vítima de transfobia. 

A PCMG confirmou que Alice era frequentadora do estabelecimento, de nome não divulgado. A vítima relatou à polícia que sentia olhares diferentes, de caráter preconceituoso, quando ia ao bar. 
“É um local que ela já tinha o costume de frequentar, local que ela já era conhecida, que ela conhecia as pessoas ali e já havia revelado que sentia um certo preconceito de algumas pessoas, alguns olhares maldosos, alguns olhares preconceituosos. E ela estava ali, mas não saía há muito tempo. Ela estava reservada, era uma pessoa muito tranquila, mais tímida, uma pessoa sem nenhum prontuário criminal. Uma pessoa é formada em estética, uma pessoa muito tranquila, com a família muito acolhedora e muito presente na vida dela”, relata a delegada.

Como foi o crime?

Alice foi atacada na madrugada de 23 de outubro. Segundo o boletim de ocorrência, registrado em 5 de novembro, a vítima havia identificado apenas um agressor, que seria um homem alto, branco e com cabelos castanhos escuros ou pretos. Ele vestia calça jeans e blusa preta. A mulher afirmou não conhecê-lo e relatou ter sido agredida de forma inesperada, sem motivo aparente.
Depois de ser agredida, Alice perdeu a consciência e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), sendo encaminhada à UPA Centro-Sul. Em 2 de novembro, ela foi levada de ambulância para o pronto-atendimento da Unimed, em Contagem (MG), onde exames apontaram fraturas nas costelas, cortes no nariz e desvio de septo. Segundo o pai, ela passou os dias seguintes debilitada e com dores abdominais intensas. 
No sábado (8/11), os médicos identificaram uma perfuração no intestino, possivelmente causada por uma das costelas quebradas. Alice foi submetida a uma cirurgia de emergência, mas morreu no dia seguinte devido a uma infecção generalizada.

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