O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, gerou uma onda de críticas ao comparar o adiamento do casamento de seu filho, Avner, aos sacrifícios enfrentados pela população israelense durante o atual conflito com o Irã. A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva nessa quinta-feira (19/6), no hospital Soroka, na cidade de Bersheba, atingido por mísseis iranianos.

“Há pessoas que, infelizmente, também foram mortas. Famílias que perderam seus entes queridos. Eu realmente lamento isso. Cada um de nós carrega um preço pessoal. Isso não passou despercebido pela minha família. Sim, é a segunda vez que meu filho, Avner, passa por isso. Por causa da ameaça de mísseis e bombardeios. É certamente um alto preço pessoal para ele, para a noiva e para nossa família”, disse.

Em seguida, ele teceu elogios à sua mulher, Sara. “Devo dizer que minha querida esposa é uma heroína. Ela carregou um preço pessoal por anos; enquanto eu lidero este movimento contra o programa nuclear iraniano, ela passou por isso. Ela sacrificou o melhor de seus anos. E ela me deu toda a força para estar aqui, porque sem ela eu não estaria aqui, e meus dois filhos também”, afirmou.

A fala rapidamente viralizou nas redes sociais, sendo considerada fora de tom e insensível por grande parte da população. “Conheço muitas famílias que não foram forçadas a adiar um casamento, mas que agora nunca mais celebrarão os casamentos que deveriam ter acontecido”, disse o deputado democrata, que é ex-líder do Movimento Israelense pela Reforma e pelo Judaísmo Progressista. Ele acrescentou que os verdadeiros heróis são os médicos, professores e cidadãos comuns que seguem em frente mesmo diante do caos e ainda chamou Netanyahu de "narcisista sem fronteiras".

No dia 26 de outubro, Duaa Sharaf, apresentadora da rádio Al-Aqsa, morreu junto com a filha quando sua casa foi atingida por mísseis israelenses. Reprodução/Redes Sociais
Issam Abdallah, cinegrafista da Reuters no Líbano, morreu durante bombardeio na fronteira com Israel em confronto do Hezbollah, que apoia o Hamas. Reprodução/Redes Sociais
O palestino Saeed al-Taweel, editor-chefe do site de notícias Al-Khamsa News, também perdeu a vida nas respostas de Israel dias depois do ataque do Hamas. Reprodução de vídeo AL JAzeera
O jornalista Hisham Alnwajha e o fotógrafo Mohammed Subh, ambos palestino da agência de notícias Khabar, morreram em ofensivas aéreas de Israel em 9 de outubro. Reprodução de vídeo AL JAzeera
Fundador da empresa de serviços de imprensa Ain Media, Rushdi Siraj, 31 anos, também foi atingido por um ataque aéreo em Gaza. Ele deixou esposa e uma filha de menos de um ano. Reprodução de Twitter
A jornalista Salma Mkhaimer, de 31 anos, morreu junto com familiares (entre eles um filho pequeno, o pai e a mãe) durante ataque aéreo israelense na cidade de Rafah, no sul de Gaza, no dia 25 de outubro. Reprodução/Facebook
O fotógrafo Yaniv Zohar, 54, do diário Israel Hayom, morreu junto com a esposa e duas filhas no ataque do Hamas ao Kibutz Nahal Oz. Reprodução/Facebook
Shai Regev, 25, do jornal Ma’ariv, e Ayelet Arnin (foto), 22, da emissora pública israelense Kan, foram mortos quando faziam a cobertura do festival de música Supernova. Reprodução/Facebook
No ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, foram registradas as mortes de seis jornalistas, três israelenses e três palestinos. reprodução tv globo
Houve jornalistas mortos no ataque terrorista do Hamas, mas a maioria ocorreu nas ofensivas aéreas de Israel. Um caso isolado aconteceu na fronteira com o Líbano. Veja a seguir alguns casos! Youtube Canal Jovem Pan News
"Não podemos garantir a segurança de seus funcionários e pedimos encarecidamente que tomem todas as medidas necessárias para a segurança deles", diz o comunicado da FDI enviado às agências. RayMark por Pixabay
De acordo com as agências de notícias Reuters e AFP, as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que não tinham como garantir a segurança dos profissionais de imprensa que atuam em Gaza. flickr Storming Ahead
Em resposta, o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu passou a fazer ofensivas contra Gaza e a guerra ganhou uma nova escalada, resultando em milhares de mortos. Avi Ohayon/Wikimedia Commons
O conflito teve início no dia 7 de outubro, quando o Hamas atacou Israel por mar, ar e terra matando centenas de pessoas - incluindo ações em uma rave perto da Faixa de Gaza e em Kibutzim (comunas agrícolas). Reprodução/TV Globo
"O CPJ também está investigando numerosos relatos não confirmados de outros jornalistas mortos, desaparecidos, detidos, feridos ou ameaçados, e de danos a escritórios de mídia e casas de jornalistas”, informou em comunicado a entidade. Youtube Canal Jovem Pan News
De acordo com o CPJ, este foi o conflito mais mortal para jornalistas desde 1992, quando a organização começou a fazer esse tipo de levantamento. Reprodução/TV Globo
O CPJ também inclui uma menção ao jornalista Wael Al Dahdouh, da Al Jazeera. Ele perdeu esposa, dois filhos e um neto nas ofensivas de Israel a Gaza. Reprodução/Al Jazeera
â??Pelo menos 128 jornalistas e trabalhadores de mídia, todos palestinos, com exceção de 5, foram mortos â??o maior número desde que o comitê começou a documentar os assassinatos, em 1992. Todas as mortes, exceto duas, foram realizadas por forças israelensesâ?, afirmou a entidade em comunicado. Reprodução/Youtube
Até o fim de outubro de 2024, quando a guerra completou um ano, ao menos 128 profissionais de imprensa já haviam perdido a vida no conflito. Os dados são da organização não-governamental Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Reprodução de TV / Al Jazeera
O dia 19/1 marcou o início do cessar-fogo entre Israel e Hamas, interrompendo 15 meses de guerra entre o país do Oriente Médio e o grupo extremista islâmico. O conflito provocou a morte de milhares de mortos, entre eles mais de 130 jornalistas. Reprodução de vídeo AL JAzeera

Anat Angrest, mãe de Matan, soldado israelense mantido como refém pelo Hamas desde o ataque de 7 de outubro de 2023, disse que o sofrimento “também não passou despercebido pela minha família”. “Estou nas masmorras infernais de Gaza há 622 dias”, escreveu em uma publicação no X. 

O casamento de Avner Netanyahu estava inicialmente marcado para novembro de 2024, mas foi adiado por motivos de segurança. A nova cerimônia estava prevista para a última segunda-feira (16/6). De acordo com a imprensa internacional, o primeiro-ministro cogitava tirar alguns dias de folga para participar do evento — decisão que, segundo analistas, pode ter contribuído para a percepção de que o Irã baixou a guarda, surpreendido pela ofensiva israelense.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

Até o momento, as autoridades israelenses confirmaram a morte de 24 civis em ataques recentes. Organizações de direitos humanos estimam que ao menos 263 civis iranianos também foram mortos. 

compartilhe