A ex-presidente argentina Cristina Kirchner denunciou o que chamou de provocação policial pelo cerco à sua residência, onde cumpre prisão domiciliar. E pediu a seus apoiadores que evitem o local, ocupado por centenas de pessoas, em solidariedade à ex-chefe do Estado.

Condenada a seis anos de prisão e inabilitação política perpétua por fraude, Cristina é a principal líder da oposição ao presidente ultraliberal Javier Milei. Sua condenação foi confirmada na última terça-feira (17/6), dias após a líder peronista de centro-esquerda anunciar sua candidatura a deputada provincial.

O domicílio na capital argentina onde ela cumpre pena de prisão tornou-se foco de manifestações em solidariedade à duas vezes presidente (2007-2015) e vice-presidente (2019-2023), mas também de resistência às políticas de Milei, das quais ela é uma crítica ferrenha.

Diante da operação policial, a ex-presidente usou as redes sociais para pedir que seus apoiadores transferissem para uma praça um ato programado para acontecer em frente à sua residência, o que levou centenas de manifestantes a se concentrar no Parque Lezama, onde eles ouviram uma mensagem gravada por Cristina.

"Esse modelo é insustentável, cedo ou tarde vai cair. Podem mandar policiais, mas as pessoas querem comer e ter um futuro", disse a ex-presidente, que chamou de falso o superávit fiscal, um dos pilares do plano econômico do governo Milei: "Se deixam de financiar ciência, saúde, educação e não fazem nenhuma obra pública, qualquer um tem superávit".

O poder de mobilização da líder peronista foi demonstrado na última quarta-feira (18/6), em uma grande manifestação pacífica na Praça de Maio sob o lema "Argentina com Cristina", que reuniu sindicatos, movimentos sociais, estudantes e partidos de oposição.

Para esta sexta-feira (20/6), feriado na Argentina, apoiadores de Cristina haviam convocado uma manifestação em frente à residência da ex-presidente, mas a polícia isolou o local. Para Cristina, a medida busca "gerar caos para obter protagonismo e abafar o desastre econômico e social" que o país enfrenta.

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Nesta semana, a defesa da ex-presidente recorreu do regime de visitas imposto pela Justiça, limitado apenas à sua família, médicos e advogados, em meio a especulações sobre uma possível visita do presidente Lula no início de julho, quando viajará a Buenos Aires para a cúpula do Mercosul.

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