Israel e o Hamas assinaram nesta quinta-feira (9/10) um primeiro acordo para um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns, seguindo o plano do presidente americano, Donald Trump, para pôr fim a dois anos de guerra no território palestino.
O acordo foi assinado no Egito após quatro dias de intensas negociações indiretas na localidade turística de Sharm el-Sheikh, nas quais participaram os Estados Unidos, Catar e Turquia como mediadores.
A hora de sua entrada em vigor ainda será anunciada e os reféns vivos, capturados durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 que desencadeou a guerra, serão libertados "de acordo com as condições no terreno" em Gaza, indicou outra fonte do movimento islamista palestino.
Referindo-se a "um grande dia para Israel", o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que reunirá nesta quinta-feira seu gabinete às 15h00 GMT (12h em Brasília) para "ratificar o acordo".
Somente após a aprovação, este acordo entrará em vigor, conforme esclareceu o Executivo. O ministro das Finanças, o ultradireitista Bezalel Smotrich, já antecipou que votará contra.
Em Khan Yunis, no sul de uma Faixa de Gaza sitiada, devastada e submetida à fome segundo a ONU, os palestinos aplaudiram, gritaram e dançaram ao saber do acordo, segundo imagens da AFP.
"Graças a Deus! Apesar de todos os mortos e da perda de entes queridos, hoje estamos felizes após o cessar-fogo. Apesar da tristeza e de tudo, estamos felizes", afirmou Ayman al Najjar.
Na praça dos reféns em Tel Aviv, as pessoas também se abraçaram e se parabenizaram pelo pacto.
- Troca de reféns por prisioneiros -
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Lançada em resposta ao ataque de 7 de outubro, a ofensiva de Israel em Gaza causou dezenas de milhares de mortos e uma catástrofe humanitária. Mesmo nesta quinta-feira, a Defesa Civil informou ataques israelenses em alguns pontos da Faixa.
Ao ser consultado sobre o acordo, um membro do alto escalão do Hamas garantiu à AFP que 20 reféns vivos sob seu poder seriam libertados em troca de cerca de 2.000 prisioneiros palestinos em penitenciárias israelenses.
Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas em seu ataque de 2023, 47 continuam em Gaza, 25 das quais morreram, segundo o exército israelense.
Para a concretização da troca, o exército israelense anunciou que está preparando a retirada de suas tropas na Faixa de Gaza, da qual controla aproximadamente 75%.
Trump se mostrou mais cedo "muito orgulhoso" ao anunciar o pacto, com o qual "TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha estabelecida, os primeiros passos em direção a uma paz forte, duradoura e eterna".
Estimou que os reféns "voltariam na segunda-feira", incluindo "os corpos dos falecidos".
Antes de divulgar o acordo, o magnata republicano antecipou uma possível visita ao Oriente Médio no final da semana.
- 400 caminhões de ajuda por dia -
Em um comunicado, o Hamas anunciou que chegou a um acordo que "prevê o fim da guerra em Gaza, a retirada israelense do território, a libertação (dos reféns) e a entrada de ajuda humanitária".
O movimento pediu a Trump e aos países mediadores que vigiassem para garantir que Israel cumprisse sua parte.
Segundo uma fonte do Hamas, pelo menos 400 caminhões de ajuda humanitária deverão entrar diariamente na Faixa de Gaza durante os cinco primeiros dias do cessar-fogo.
Além da trégua e do acesso à assistência, a proposta de paz de 20 pontos de Trump também estabelece a retirada gradual do exército israelense de Gaza e o desarmamento do Hamas.
Duas tréguas anteriores, em novembro de 2023 e início de 2025, já permitiram o retorno de reféns ou corpos de cativos em troca de prisioneiros palestinos.
O ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 causou 1.219 mortos, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
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Em resposta, Israel lançou uma campanha militar que, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, deixou pelo menos 67.183 mortos, também em sua maior parte civis.
As Nações Unidas declararam estado de fome em uma parte de Gaza, e investigadores independentes do órgão afirmam que Israel está cometendo um "genocídio", algo que as principais autoridades do país rejeitam.
Quase uma em cada seis crianças sofre de desnutrição aguda em Gaza devido à guerra, concluiu um estudo publicado na revista The Lancet e financiado pela Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).