Crise de ref�ns do Hamas est� nas m�os de grupo de pa�ses liderados pelo Catar

Um grupo de pot�ncias regionais do Oriente M�dio pode influenciar o Hamas a libertar seus ref�ns, mas o Qatar, habituado a fazer a media��o entre movimentos radicais e o Ocidente, � um ator inevit�vel em qualquer negocia��o.

O grupo islamita palestino lan�ou no �ltimo dia 7 uma ofensiva sangrenta em territ�rio israelense, que deixou mais de 1.400 mortos, a maioria deles civis. Tamb�m sequestrou aproximadamente 200 pessoas, de cerca de 20 nacionalidades.

Para conseguir o retorno dos seus cidad�os, os Estados Unidos e pa�ses da Uni�o Europeia, que consideram o Hamas uma organiza��o terrorista, atuam nos bastidores. O porta-voz do bra�o militar do Hamas, Abu Obeida, afirmou que os ref�ns ser�o libertados "no tempo devido", destacou Hasni Abidi, diretor do Centro de Estudos e Pesquisa sobre o Mundo �rabe e o Mediterr�neo, com sede em Genebra.

"N�o haver� negocia��o coletiva. Cada Estado ter� que negociar individualmente a liberta��o dos seus pr�prios ref�ns", por meio dos interlocutores habituais, que s�o Catar, Egito e Turquia. Os poss�veis intermedi�rios s�o atores "que tenham estabelecido rela��es duradouras com o Hamas e, portanto, s�o os �nicos autorizados a entrar em contato com os seus l�deres", acrescentou Abidi.

- 'Jogo duplo' -

Desde antes do an�ncio da liberta��o de dois americanos, que, segundo o Hamas, deveu-se � media��o do Catar, Doha se perfila como um interlocutor privilegiado. "O mediador mais complacente � o Catar, um pequeno Estado sem uma agenda regional, que n�o se preocupa com o uso pol�tico da media��o", explicou Hasni Abidi.

O emirado rico "conhece bem o Hamas e lhe oferece, ao mesmo tempo, um apoio financeiro leal", ressaltou Abidi, referindo-se ao financiamento por Doha dos sal�rios dos funcion�rios da Faixa de Gaza. Al�m disso, o comando pol�tico do Hamas � sediado em Doha h� mais de dez anos. A capital do Catar tamb�m abriga a maior base americana naquela regi�o.

"Especializaram-se na liberta��o de ref�ns", apontou Etienne Dignat, do Centro de Pesquisas Internacionais (Ceri), com sede em Paris. Um exemplo recente � a media��o da liberta��o de americanos que estavam presos no Ir�.

N�o foi � toa que Jean-Yves le Drian, enviado especial da Fran�a para o L�bano, viajou ao Catar nesta semana, segundo fontes diplom�ticas. O funcion�rio se reuniu com o ministro das Rela��es Exteriores para conversar sobre Israel e o L�bano, informou a ag�ncia de not�cias do Catar QNA.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, tamb�m viajou a Doha, e a Alemanha pediu ajuda ao Catar para garantir a prote��o dos seus ref�ns. "O Catar faz um jogo duplo: mant�m rela��es tanto com os grupos terroristas quanto com algumas na��es ocidentais que t�m uma d�vida de gratid�o", ressaltou Dignat.

O emirado convidou os talib�s a abrir um escrit�rio em Doha, com a autoriza��o dos Estados Unidos, para negociar a retirada das for�as de Washington do Afeganist�o em 2021, antes de esse grupo islamita retomar o poder.

- Outros pesos pesados -

Outros pesos pesados da regi�o tamb�m buscam interferir nesses di�logos. A Turquia manifestou sua vontade e disse que recebeu pedidos de v�rios pa�ses, informou nesta semana em Beirute o chefe da diplomacia turca, Hakan Fidan.

Apesar dos atritos desde que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chegou ao poder, ele nunca rompeu rela��es com Israel, destacou Hasni Abidi. E o pa�s acolheu v�rios l�deres do Hamas. No entanto, especialistas s�o c�ticos quanto � capacidade da Turquia de agir sem apoios, uma vez que se distanciou recentemente do grupo palestino.

O Egito tamb�m tem um perfil conciliador, j� que tem sido o medidador entre Israel e o Hamas, como quando foi negociada a liberta��o do soldado israelita Gilad Shalit, em 2011, destacou Dignat.

Mas, uma vez que a quest�o ser� abordada Estado por Estado, o Hamas tem "uma carta de negocia��o muito poderosa", tanto para libertar presos palestinos quanto para salvar esse movimento isl�mico, que Israel deseja erradicar.