RECOMEÇO

Ex-usuária de drogas notada por Madonna se forma no EJA

Maria Solange Amorim concluiu o colegial e agora sonha em se tornar psicóloga; conheça a história dela

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Há cinco anos, as pessoas não sabiam quem era Maria Solange Amorim. Ela viralizou apenas como uma usuária de drogas que dançou “Holiday”, de Madonna, em um bar de Manaus, no Amazonas. As imagens chegaram até à Rainha do Pop, que publicou em seu perfil nas redes sociais o vídeo de Maria dançando. Foi aí que a vida dela mudou.

Nesta semana, aos 55 anos, ela se formou no ensino médio pelo programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Guarulhos, na Grande São Paulo, e agora tem um novo objetivo: prestar o Enem e cursar psicologia. O momento foi celebrado com orgulho pela mulher que superou mais de três décadas de dependência química. 

Em entrevista ao g1, Maria resumiu a conquista com a mesma força que marcou sua história de recomeço. "Era um sonho de adolescência. E hoje, aos 55 anos, posso afirmar que tudo é possível quando se corre atrás", disse.

Hoje trabalhando como cuidadora de crianças e reabilitada há quase cinco anos, ela afirma ter reencontrado sua dignidade. "Com humildade, honestidade e fé, a vida flui. Foram 4 anos, 11 meses e 22 dias de sobriedade. E com a permissão de Jeová Deus, daqui a cinco anos vou pegar meu segundo canudo, o de psicologia”, sonha.

Reconstrução

Em 2024, Maria foi convidada para assistir ao show de Madonna no Rio de Janeiro, onde dançou novamente a canção que marcou sua vida. A primeira vez, em 2020, foi num bar manauara, em meio ao luto pela morte do filho Pedro Paulo. Foi ali que foi gravado o vídeo famoso.

"Aquela dança era a minha dor. Uma dedicação ao meu filho. Eu precisava extravasar, e foi através da música", lembrou. O filho, também usuário de drogas, havia sido assassinado. Maria nunca chegou a velá-lo, mas encontrou na arte uma forma de lidar com o luto.

Com a repercussão, um grupo de voluntários criou uma corrente de solidariedade. O projeto Parceiros Brilhantes, de Manaus, ofereceu ajuda. Maria foi internada em uma clínica de reabilitação no interior de São Paulo, onde passou oito meses em tratamento. Também recebeu acompanhamento odontológico, recuperou o contato com parte da família e ganhou oportunidades de recomeço.

A história de Maria tem passagens marcantes. Durante 32 anos, ela viveu sob o impacto do vício em drogas, atravessando períodos de instabilidade e atuação como "mula" do tráfico — transportando entorpecentes de Fortaleza a Manaus. Na última viagem, decidiu ficar na região Norte, onde sua vida se desestabilizou de vez.

Ela pagava R$ 30 por noite para viver com o filho em um hotel onde moravam outros dependentes químicos. Mesmo sem ter vivido em situação de rua, enfrentou o abandono e a distância da família por três décadas. "Teve gente que chorou a minha morte. Foram muitos anos sem contato."

Novos sonhos

A reconciliação com os familiares veio apenas em 2021, quando passou a viver com uma irmã em Fortaleza. Pouco depois, voltou a Manaus para uma oportunidade de trabalho, mas acabou retornando a São Paulo com a ajuda de amigos. Desde então, recomeçou a vida em Guarulhos.

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Hoje, Maria sonha alto. Quer transformar sua experiência em ferramenta de acolhimento para outras pessoas. "Meu conhecimento vem da vivência. Quero estudar, quero ajudar. Tudo o que vivi me preparou para isso”, afirmou.

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