Cavalo mutilado gerou revolta nas redes sociais crédito: Redes sociais
Andrey Guilherme Nogueira de Queiroz, de 21 anos, acusado de mutilar um cavalo em Bananal, no interior de São Paulo, no último final de semana, confessou o crime brutal. Em entrevista à Rede Vanguarda, nessa terça-feira (19), ele alegou estar embriagado e transtornado no momento do crime.
“Não foi uma decisão [cortar as patas do cavalo]. Foi um ato de transtorno. Em um momento embriagado, transtornado, eu peguei e cortei, por cortar. Foi um ato cruel. Estava com álcool no corpo. Não é culpa da bebida. É culpa minha. Eu reconheço os meus erros”, alegou.
“Eu mutilei duas patas do cavalo”
Andrey afirmou que não é um monstro e que as acusações contra ele são falsas. “Estão me acusando de um ato que eu não fiz. Muitas pessoas estão me julgando e falando que eu sou um monstro. Eu sou nascido e criado no ramo de cavalo, mexo com boi, tenho o apelido de boiadeiro”, continuou.
“Muitas pessoas estão me criticando por um ato que eu não fiz, falando que eu cortei as quatro patas do cavalo. Eu cortei duas. Eu mutilei duas patas do cavalo, mas depois dele ter morrido. Foi uma covardia, mas em um ato de transtorno”, concluiu.
Autor de ato cruel teme pela vida
O autor do crime disse reprovar a divulgação das imagens do cavalo mutilado nas redes sociais. Ele afirmou estar arrependido e revelou temer ser morto ao sair de casa.
“Eu amo os animais, sempre mexi com cavalo. Não tinha necessidade de a pessoa ter jogado isso na rede. Muitas pessoas não mereciam ver esse ato. Eu me sinto até inseguro. Muitas pessoas me ameaçando de morte sem necessidade. Vai pagar uma morte com a outra? Muitas pessoas falaram que vão mutilar meus braços e minhas pernas. Como é que eu ando na rua? Tenho que ficar dentro de casa”, disse.
Ainda durante a entrevista, ele manteve a versão de que o ato de crueldade ocorreu após o cavalo morrer. Agentes da Polícia Civil de São José dos Campos (SP) e veterinários vão realizar uma nova perícia nesta quarta-feira (20), em Bananal. O novo exame busca verificar a versão de Andrey.
Denúncia de Ana Castela
O caso ganhou grande repercussão a partir da denúncia da cantora Ana Castela na última segunda-feira (18). Indignada com o caso de extrema violência, a artista publicou imagens do crime e do autor nas redes sociais.
Segundo a cantora, Andrey agrediu o cavalo irritado com o baixo desempenho do animal na cavalgada. Ela também expôs o perfil de outro homem que filmou a cena e debochou da situação.
No dia 31/07, o Ibama - Instituto Brasieiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - fez a apreensão em São Paulo de 201 espécimes secos de cavalos-marinhos em uma carga postal.
Reprodução Ibama-SP
A remessa era originária da cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e tinha como destino o bairro do Brooklyn, em Nova York. A apreensão ocorreu no Centro de Tratamento Internacionais dos Correios, o Ceint.
Reprodução Ibama-SP
O volume postal era composto por cavalos-marinhos do gênero Hippocampus spp., que constam da lista da Convenção sobre o Comércio Internacionais da Fauna e Flora Silvestres Ameaçados de Extinção, o Cites. Essa lista promove a regulação do comércio internacional com o objetivo de afastar ameaças à conservação das espécies.
Flickr sdanii
Os cavalos-marinhos estavam acomodados em meio a pacotes de café, o que sugere uma tentativa dos suspeitos de disfarçar o odor da carga para tentar driblar a fiscalização.
Reprodução Ibama
O Ibama informou que a carga não tinha a documentação obrigatória para transporte de espécies que estão na lista da Cites. Assim, foi aplicada multa de R$ 5 mil por espécime, com o valor total superando R$ 1 milhão.
Divulgação
O cavalo-marinho é uma espécie de peixe ósseo que desperta atenção justamente por seu visual exótico e comportamento único.
Hans Hillewaert/Wikimédia Commons
Com corpo esguio e focinho alongado, esse pequeno peixe pertence ao gênero Hippocampus. Seu corpo é coberto por placas ósseas, não por escamas, como ocorre em geral com os peixes.
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O cavalo-marinho pode ser encontrado em águas tropicais e temperadas de todo o mundo, inclusive na costa brasileira.
Imagem de Monica Volpin por Pixabay
Ele habita principalmente áreas de manguezais, estuários e recifes de coral, onde se camufla com maestria entre algas e corais para escapar de predadores.
- Reprodução do Instagram @emilymaydive
Ao contrário da maioria dos peixes, que nadam na horizontal, o cavalo-marinho nada em posição vertical. Essa característica é rara no mundo aquático.
Flickr Flavio Silva
O cavalo-marinho não se destaca pelas habilidades de nadador. Ele usa uma pequena nadadeira dorsal que bate até 70 vezes por segundo, mas mesmo assim é muito lento. Por isso, costuma se prender a corais e plantas com a cauda preênsil para não ser levado pelas correntes.
Flickr Ricardo Kobe
Para se camuflar,o cavalo-marinho pode mudar de cor de acordo com o ambiente. Essa habilidade ajuda a escapar de predadores e também é usada durante o ritual de acasalamento.
Reprodução iNaturalist
Apesar da aparência delicada, o cavalo-marinho é um predador ágil. Ele se alimenta de pequenos crustáceos, como copépodes e larvas de camarão, que suga com rapidez por meio de seu focinho tubular.
Reprodução iNaturalist
Como não possui dentes nem estômago, ele precisa se alimentar com frequência para sobreviver.
Reprodução Project Seahorse
Uma das características mais fascinantes dessa espécie é o sistema de reprodução. Ao contrário da maioria dos animais, é o macho quem fica "grávido". A fêmea deposita os ovos em uma bolsa incubadora presente no ventre do macho, onde eles são fertilizados e mantidos até o nascimento.
Reprodução do Instagram @emilymaydive
Dependendo da espécie, o período de gestação pode durar de dez dias a seis semanas, e cada gestação pode resultar no nascimento de até mil filhotes.
Reprodução do Facebook Tá Saudável
Antes do acasalamento, macho e fêmea realizam uma dança sincronizada que pode durar dias. Eles nadam juntos, mudam de cor e entrelaçam suas caudas em um comportamento considerado um dos mais belos do reino animal.
Reprodução do Instagram @emilymaydive
Muitas espécies formam casais fixos durante toda a temporada reprodutiva. Alguns podem permanecer com o mesmo parceiro por toda a vida.
Reprodução do Facebook Tá Saudável
Existem cerca de 45 espécies conhecidas de cavalo-marinho. Algumas têm "narizes" mais longos, outras mais curtos. Há espécies do tamanho de um grão de arroz, como o Hippocampus denise, e outras que podem chegar a 30 cm.
-Reprodução LUSA
Infelizmente, o cavalo-marinho está sob ameaça. A destruição de habitats costeiros, a poluição dos mares e a captura para uso ornamental e medicinal são os principais fatores que colocam várias espécies em risco.
Reprodução Project Seahorse
No Brasil, o cavalo-marinho é protegido por lei e sua captura é proibida sem autorização dos órgãos ambientais. Preservar esse símbolo da biodiversidade marinha é fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas costeiros.
Reprodução do Instagram @emilymaydive
Além disso, o cavalo-marinho é um importante indicador da saúde dos oceanos. Isso porque onde há presença da espécie é um sinal de que o ambiente está equilibrado.
Flickr Pernambuco é Aqui
“Está aí a casa do verme de Bananal, que cortou as patas de um cavalo e o deixou na rua agonizando. Me ajudem a deixar esse verme famoso”, compartilhou a cantora.
Luisa Mell, ativista conhecida pelo resgate e proteção de animais, repudiou o episódio: “Monstros! Como pode gente? Pelo amor de Deus! Exigimos punição! Estes covardes tem que pagar! Cortaram as patas de um cavalo, simplesmente porque ele não aguentava mais andar! Cidade Bananal. Já estamos em contato com uma vereadora! Vamos pressionar! Não se calem!”, comentou.
O caso
O caso ocorreu no último sábado (16), durante uma cavalgada de cerca de 14 km. O cavalo, exausto, deitou no chão ao fim do trajeto com muitas subidas.
Segundo a Polícia Civil, após a mutilação, o tutor contou que um amigo o ajudou a retirar o animal da estrada. A dupla prendeu o cavalo em uma corda e o arrastou por 760 metros. Por fim, ele foi jogado em uma vala.
Posicionamentos
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que as diligências seguem em andamento. Já a Prefeitura de Bananal afirmou que não tolera crimes contra animais e encaminhou o caso à Polícia Civil e à Polícia Ambiental.
Em nota, a administração municipal repudiou o ato, reforçou o compromisso com o bem-estar animal e garantiu que trabalha em conjunto com as autoridades para punir os responsáveis.