No município de São José, na Grande Florianópolis (SC), um condomínio transformou-se em protagonista de uma história que atravessou os limites da vizinhança e se espalhou pela internet. Entre as paredes do prédio surgiu uma norma curiosa: a proibição de relações sexuais após as 22h.
A regra foi resultado de 18 reclamações formais de moradores que se diziam perturbados por gemidos, batidas de móveis e conversas em tom elevado durante a madrugada. O episódio foi apelidado nas redes sociais de “toque de recolher do amor”.
O regulamento interno prevê que o morador flagrado em descumprimento receba uma advertência por escrito. Caso reincida, a penalidade se transforma em uma multa de R$ 237. A administração chegou a considerar a reprodução de áudios em assembleia para provar os incômodos, gesto que apenas aumentou a controvérsia.
Determinados a impor disciplina, os gestores do condomínio cogitam a instalação de sensores de ruído nos corredores e até campanhas educativas para lembrar da importância do silêncio noturno.
A medida, no entanto, não tem validade legal. Segundo o portal especializado em gestão condominial SíndicoNet, não cabe ao condomínio proibir atividades íntimas dentro das unidades privativas. “Barulho por lei é proibido após as 22h pela lei do silêncio, mas isso não quer dizer que relações sexuais possam ser proibidas”, explica a síndica profissional Joice Honório. "O síndico é responsável pela área comum, da porta para dentro a responsabilidade é do dono da unidade."
Uma moradora de um prédio em Belo Horizonte, Minas Gerais, ficou irritada ao saber que a administração do edifício exigiu pagamento do condomínio exclusivamente em dinheiro. Ela decidiu, então, protestar. Reprodução TV Globo
Ela pediu ajuda aos amigos para coletar moedas e pagou a taxa integral do condomínio usando apenas moedas. Ao todo, foram 1.663 moedas para fazer o pagamento de R$ 835. Reprodução TV Globo
E para causar maior perturbação, ela fez questão de incluir moedas de baixo valor, até mesmo as de 5 centavos. Os funcionários da administradora é que se deram mal. Levaram duas horas para conferir o pagamento. Reprodução TV Globo
E já que o assunto é moeda, vamos deixar o aborrecimento de lado e mostrar um levantamenro curioso. Veja todas as moedas que o Brasil já teve ao longo da história. Banco Central do Brasil
Real Português (plural: Réis): ficou em circulação por 303 anos, do período colonial (entre o séc. XVI e XIX) até 7 de outubro de 1833. Era representado pelo símbolo “R”. wikimedia commons JFVP
O uso da palavra “real” como unidade monetária deriva de realeza, exatamente por conta do período monárquico ao qual o Brasil foi submetido. Antes disso a moeda era apenas chamada de “dinheiro”. - Reprodução / Casa da Moeda
Real Brasileiro (plural: Réis): ficou em circulação por 109 anos, de 8 de outubro de 1833 a 31 de outubro de 1942. Era representado pelo símbolo “Rs”. - Reprodução / Casa da Moeda
Cruzeiro: permaneceu em circulação por 24 anos, de 1º de novembro de 1942 a 12 de fevereiro de 1967. Era representado pelo símbolo “Cr$”. Reprodução Casa da Moeda
Quando foi implementado, um cruzeiro equivalia a mil réis. A escolha do nome se deu por conta da constelação Cruzeiro do Sul, presente na bandeira e no Hino Nacional Brasileiro. Reprodução Casa da Moeda
Cruzeiro Novo: Ficou em circulação por três anos, de 13 de fevereiro de 1967 a 14 de maio de 1970. - Reprodução / Casa da Moeda
Cruzeiro: Ficou em circulação por 15 anos, de 15 de maio de 1970 a 27 de fevereiro de 1986. Domínio Público
Cruzado: ficou em circulação por dois anos, de 28 de fevereiro de 1986 a 15 de janeiro de 1989. Era representado pelo símbolo “Cz$”. - Reprodução / Banco Central do Brasil
Essa moeda foi criada a partir do “Plano Cruzado”, que tinha como objetivo conter a alta inflação do país. Reprodução Banco Central do Brasil
Cruzado Novo: ficou em circulação por apenas um ano, de 16 de janeiro de 1989 a 15 de março de 1990. Era representado pelo símbolo “NCz$”. Reprodução Casa da Moeda
O Cruzado Novo veio em consequência do chamado “Plano Verão”, instituído pelo então Ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, em 1989. Reprodução Banco Central do Brasil
Cruzeiro: entrou em circulação novamente em 16 de março de 1990 e permaneceu por três anos, até 31 de julho de 1993. Reprodução Banco Central do Brasil
Mais uma vez, entrou em prática um programa para tentar estabilizar a inflação que assolava o país. O “Plano Brasil Novo”, popularmente conhecido como “Plano Collor”, foi instituído em 16 de março de 1990 wikimedia commons Roosewelt Pinheiro
Cruzeiro Real: ficou em circulação por 10 meses, de 1º de agosto de 1993 a 30 de junho de 1994. Era representado pelo símbolo “CR$”. Reprodução Banco Central do Brasil
Real: Entrou em circulação em 1º de julho de 1994 e permanece até hoje. Daniel Dan/Pexels
O real foi implantado no governo do presidente Itamar Franco, sob comando do então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que depois viria a ser presidente da República. wikimedia commons José Cruz/ABr
O real é a 16ª moeda mais negociada do mundo e a segunda mais negociada da América Latina. Divulgação/Casa da Moeda
No dia 2 de setembro de 2020 entrou em vigor a cédula de 200 reais, maior valor já posto em circulação. Reprodução Banco Central do Brasil
Alguns especialistas apontam que o “Plano Real” mostrou-se um dos mais eficazes da história do país, pois conseguiu reduzir a inflação, além de ampliar o poder de compra da população. Daniel Dan/Pexels
Marcelo de Souza Sarmento, advogado especialista em direito imobiliário do escritório RCT Advogados, considera a norma criada pelo condomínio em Santa Catarina equivocada e desnecessária. Para ele, não havia motivo para citar especificamente a relação sexual, já que o problema não está no tipo de ato em si, mas no ruído que pode prejudicar a coletividade.
Sarmento destaca que bastaria a assembleia condominial ter definido limites gerais de barulho, sem restringir apenas um comportamento: “Pode ser hoje uma relação sexual, amanhã uma música clássica enquanto um condômino estuda, ou até mesmo alguém socando alho na cozinha. O que precisa ser regulado é o ruído como um todo, independentemente da origem. Ao focar apenas no ato sexual, o condomínio acabou adotando uma medida extremista, mais para chamar atenção do que para resolver de fato a questão.”