VIOLÊNCIA

O que é uma milícia? Entenda a diferença para outros grupos criminosos

O caso Binho Galinha traz o tema à tona; saiba como as milícias se formam, quais seus objetivos e por que são consideradas uma ameaça à democracia

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A recente operação da Polícia Federal na Bahia, que teve como alvo o deputado estadual Binho Galinha, apontado como líder de um grupo criminoso, trouxe à tona um termo que causa temor e confusão: milícia. O parlamentar está foragido, mas sua esposa e filho foram presos.

Diferente de outros grupos, as milícias nascem com a promessa de segurança em áreas abandonadas pelo poder público. Elas se apresentam como uma solução para a violência, mas rapidamente se tornam o próprio problema. O controle territorial é exercido substituindo o Estado e impondo suas próprias regras e taxas aos moradores e comerciantes locais.

Leia:

Como as milícias se formam e operam?

A origem de uma milícia está frequentemente ligada a agentes ou ex-agentes de segurança do Estado, como policiais militares, civis, bombeiros e militares do Exército. Eles usam o conhecimento tático, o acesso a armas e a própria credibilidade da farda para impor sua autoridade em uma determinada comunidade.

O primeiro passo é a cobrança de uma "taxa de segurança". Moradores e comerciantes são obrigados a pagar um valor mensal para não serem assaltados ou para terem seus estabelecimentos "protegidos". Quem se recusa a pagar sofre retaliações violentas, que podem ir de ameaças e agressões até a morte.

Com o território dominado, o grupo expande suas atividades para criar monopólios lucrativos. A exploração de serviços básicos se torna a principal fonte de renda. Tudo passa a ser controlado e taxado pela organização criminosa, gerando um ciclo de dependência e medo.

As atividades exploradas incluem:

  • venda de botijões de gás com preços superfaturados;

  • distribuição de sinal clandestino de TV a cabo e internet, conhecido como "gatonet";

  • controle de transporte alternativo, como vans e mototáxis;

  • construção e venda de imóveis irregulares em áreas invadidas;

  • agência de empregos informal e cobrança de dívidas.

Qual a diferença entre milícia e facção?

Embora todos sejam grupos criminosos, seus objetivos e métodos são distintos. A principal diferença entre milícias e facções, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) ou o Comando Vermelho (CV), está no foco do negócio. As facções têm o tráfico de drogas como sua atividade central, uma fonte de renda que financia sua expansão e poder de fogo.

As milícias concentram-se na extorsão e no controle de serviços e do mercado imobiliário local. O tráfico de drogas pode até ser uma atividade secundária ou "terceirizada", mas não é o pilar do grupo. A característica fundamental da milícia é a sua origem estatal e a fachada de provedora de segurança.

Por que as milícias são uma ameaça à democracia?

O perigo das milícias vai além da violência e da extorsão. Seu projeto de poder inclui a infiltração nas instituições políticas. Ao controlar uma comunidade, elas também controlam os votos. Moradores são coagidos a votar nos candidatos indicados pelo grupo, que, uma vez eleitos, usam o mandato para proteger as atividades criminosas e ampliar sua influência.

Essa captura do poder político cria um Estado paralelo. Vereadores, deputados estaduais e até federais ligados a esses grupos legislam em causa própria, dificultam investigações e garantem que o aparato estatal não interfira em seus territórios. Eles corroem a democracia por dentro, transformando o voto em uma ferramenta de manutenção do crime.

A existência desses grupos representa a falência da autoridade estatal em diversas frentes. Eles desafiam o monopólio da força, que deveria pertencer ao Estado, e o substituem na oferta de serviços e na aplicação de uma "justiça" própria, baseada na intimidação e na violência letal.

O que é uma milícia?

É uma organização criminosa que exerce controle sobre um território por meio da força e da intimidação.

Ela é geralmente formada por agentes ou ex-agentes de segurança pública.

Como uma milícia ganha dinheiro?

Sua principal fonte de renda é a extorsão de moradores e comerciantes, por meio da cobrança de "taxas de segurança".

Ela também monopoliza serviços essenciais, como a venda de gás e a distribuição de internet.

Qual a principal diferença entre milícia e facção de tráfico?

O foco do negócio. Facções criminosas, como o PCC, concentram-se primariamente no tráfico de drogas.

As milícias focam na extorsão e no controle de serviços e comércios locais.

Milícias têm envolvimento com a política?

Sim, essa é uma de suas características mais perigosas. Elas buscam eleger seus próprios representantes políticos.

Com isso, usam o poder do Estado para proteger suas atividades e expandir sua influência.

Por que as milícias são consideradas uma ameaça à democracia?

Porque elas corroem o Estado por dentro ao eleger políticos que defendem seus interesses criminosos.

Elas também substituem a autoridade pública, impondo suas próprias leis e controlando a vida dos cidadãos.

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