Caixões gigantes, pessoas fantasiadas de animais e uma "cobra ativista" são alguns dos elementos que fizeram parte da marcha organizada por entidades da sociedade civil neste sábado (15/11), em Belém, como atividade paralela à COP30, a conferência do clima das Nações Unidas.

A Marcha dos Povos, tradicional durante as conferências climáticas, retorna após ser inibida nos últimos três países-sede devido a seus regimes autoritários. As últimas edições ocorreram no Egito (COP27), nos Emirados Árabes Unidos (COP28) e no Azerbaijão (COP29).

O ato reuniu artistas e ativistas pelas ruas de Belém para pedir o fim dos combustíveis fósseis, transição energética justa, financiamento direto às comunidades tradicionais, entre outras pautas.

Em Belém, o ato começou a se concentrar às 8h, no mercado de São Brás, e partiu em direção ao Parque da Cidade, onde é realizada a COP30. O trajeto incluiu as vias José Bonifácio, Duque de Caxias, Lomas Valentinas e Aldeia Amazônica.

Intervenções artísticas

Entre as intervenções artísticas mais ousadas, estava um "funeral" dos combustíveis fósseis, montado por ONGs internacionais e artistas da UFPA (Universidade Federal do Pará). Durante a manifestação, cerca de 150 performistas representaram um velório com caixões gigantes, em alusão a uma nova era sem o consumo de combustíveis fósseis.

Para Lina Torres, ativista e uma das organizadoras da ação, o objeto é levar conscientização através da arte. "O objetivo desta ação é inspirar líderes políticos e delegados influentes na COP30 a reconhecerem a necessidade de encerrar a era dos combustíveis fósseis", disse. "Se os negociadores da COP não conseguem imaginar isso, acreditamos que a arte pode ajudar a criar uma imagem desse futuro", acrescentou.

Eram esperadas na marcha mais de cem organizações da sociedade civil.

O movimento social Amazônia de Pé levou uma "cobra ativista" para as ruas. Com cerca de 30 metros, a alegoria carregava em seu corpo a frase "financiamento direto para quem cuida da floresta" como uma mensagem aos negociadores dos países.

"Uma das formas de a gente conseguir passar o recado de forma clara, tanto engajando as pessoas quando mostrando para os líderes mundiais do que nós somos capazes enquanto sociedade civil, é através da cultura", afirmou a indígena Leila Borari, coordenadora de articulação cultural da Amazônia de Pé.

"Depois de três anos acontecendo em países com muitas restrições a manifestações, a COP30 no Brasil consegue mobilizar milhares de pessoas para estar nas ruas", destacou.

Jovens ativistas 

Nesta sexta (14/11), jovens ativistas pelo clima trouxeram de volta o movimento global Fridays for Future (Sextas-Feiras pelo Futuro) para a cidade-sede da conferência do clima das Nações Unidas, que também deixou de ser realizado nos países autoritários durante as COPs.

Em Belém, eles pediram para serem ouvidos nas negociações oficiais. A mobilização ocorreu paralelamente na Alemanha, Suécia, Itália, Espanha, Estados Unidos, México, Filipinas, Japão, República do Congo, entre outros países.

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O movimento foi criado e popularizado pela ativista sueca Greta Thunberg. Ela ganhou projeção internacional com protestos solitários que promovia a cada sexta-feira em Estocolmo, quando deixava de ir à escola para se manifestar. As greves estudantis depois uniram milhões de pessoas por ações contra as mudanças climáticas. 

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