Lula sobre acusações de Trump: 'Chantagem inaceitável'
Presidente afirma que Brasil vem estreitando relações comerciais com diversos países do mundo, mas que pode usar instrumentos legais para defender a economia
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Siga noO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu nesta quinta-feira (17/7), em pronunciamento à nação, às diversas acusações que o presidente americano Donald Trump vem fazendo ao governo federal e à Justiça brasileira, classificadas de "chantagem inaceitável".
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"O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo. Fizemos mais de dez reuniões com o governo dos Estados Unidos. Encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaça às instituições brasileiras e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos", afirmou o petista.
Sobre as recorrentes ameaças do americano de que a Justiça deveria interromper o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores por tentativa de golpe de Estado, o presidente afirmou que essa tentativa de interferência será vista como "um grave atentado à soberania nacional".
Lula classificou bolsonaristas, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos trabalhando para a aplicação de sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes; contra o petista e contra o Brasil, como traidores da Pátria.
"Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da Pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo", afirmou.
Já sobre a obrigatoriedade de as "big techs" americanas se submeterem à legislação brasileira — tema recorrentemente abordado por Trump, que alega que isso prejudica as empresas americanas —, o petista afirmou: "Para operar no nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras. No Brasil, ninguém — ninguém — está acima da lei. É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes e fraudes", prosseguiu.
Em relação às tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, anunciadas por Trump, Lula reforçou que vem se reunindo com representantes das indústrias, da sociedade civil e dos sindicatos, e que seguirá apostando nas relações diplomáticas e comerciais com todos os países do mundo.
"São falsas as alegações sobre práticas desleais brasileiras. Os Estados Unidos acumulam, há mais de 15 anos, um robusto superávit comercial de US$ 410 bilhões", afirmou.
Já sobre as acusações de que o país seria tolerante com o desmatamento, o que, segundo Trump, prejudica os pecuaristas americanos, o presidente respondeu que o Brasil reduziu pela metade o desmatamento da Amazônia e que a meta é zerá-lo até 2030.
Alvo de uma investigação do governo americano por ser considerado concorrência desleal a empresas dos Estados Unidos que também oferecem pagamento online, Lula saiu em defesa do sistema PIX e afirmou que "não aceitaremos ataques" ao sistema.
O presidente disse que o Brasil vem estreitando laços comerciais com a União Europeia, países da África, da Ásia, da América Latina e do Caribe, mas que, se necessário, utilizará instrumentos para proteger os produtores brasileiros.
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"Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia, desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional. Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações", concluiu.