A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) criticou, nessa terça-feira (26/8), a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou reforço no policiamento em tempo integral no entorno da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no Jardim Botânico, em Brasília (DF). Nas redes sociais, ela classificou a medida como uma “humilhação” imposta à família.
O despacho de Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que defendeu maior vigilância pelo risco de fuga do ex-presidente. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto. Em parecer, o procurador-geral Paulo Gonet considerou prudente o monitoramento contínuo, desde que sem interferência direta no ambiente doméstico do ex-presidente ou transtornos à vizinhança.
Em publicação no Instagram, Michelle afirmou enfrentar um “desafio enorme” com o cenário. “A cada dia que passa, o desafio tem sido enorme: resistir à perseguição, lidar com as incertezas e suportar as humilhações. Mas não tem nada, não. Nós vamos vencer. Deus é bom o tempo todo, e nós temos uma promessa”, escreveu Michelle em publicação no Instagram.
A decisão de Moraes foi tomada após a Polícia Federal (PF) receber um ofício do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que relatou informações sobre uma possível tentativa de fuga de Bolsonaro. O parlamentar afirma que o ex-presidente poderia buscar abrigo na Embaixada dos Estados Unidos, localizada a cerca de dez minutos da casa do ex-presidente, para solicitar asilo político.
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No despacho, Moraes destacou que a determinação “revela-se absolutamente necessária e adequada […] sem que haja qualquer agravamento da situação do réu”. A ordem prevê que o monitoramento seja feito em tempo real, com equipes destacadas para acompanhar de forma permanente as medidas cautelares impostas ao ex-presidente.
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Por que Bolsonaro está em prisão domiciliar?
- A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) foi decretada em 4 de agosto pelo ministro Alexandre de Moraes, no âmbito de um inquérito que apura apoio financeiro do ex-presidente ao filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) durante estadia nos Estados Unidos;
- Deputado federal licenciado, Eduardo se mudou para os EUA em março, onde participou de ações contra autoridades brasileiras. Ele chegou a se gabar de ter influenciado Donald Trump a adotar sanções contra o Brasil, como sobretaxa a exportações e restrições a ministros do STF;
- O ex-presidente admitiu ter transferido R$ 2 milhões para custear a permanência do filho, da nora e dos netos nos Estados Unidos, informação confirmada em depoimento à Polícia Federal;
- Antes da prisão domiciliar, em 18 de julho, Bolsonaro já havia recebido restrições: uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar as redes sociais e de sair de casa à noite e nos fins de semana;
- Apesar de a prisão domiciliar estar vinculada ao caso envolvendo Eduardo Bolsonaro, o ex-presidente responde a diversas ações na Justiça, incluindo a acusação de ser um dos articuladores da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023;
- A PGR aponta que Bolsonaro liderou a trama golpista. Ele responde por: tentativa de golpe de Estado; tentativa de abolição do Estado democrático de direito; associação criminosa armada; dano qualificado ao patrimônio público; deterioração de patrimônio tombado.
- Se condenado em todos os processos, Bolsonaro pode enfrentar até 43 anos de prisão.