Moraes rebate defesa de Heleno: 'Não deve dizer quantas perguntas fazer'
Relator da ação que investiga suposta tentativa de golpe afirma que juiz tem papel ativo nos interrogatórios e defende legalidade de suas perguntas
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Siga noO ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu nesta terça-feira (9/9) críticas do advogado do general da reserva Augusto Heleno sobre sua atuação como relator da ação que apura a tentativa de golpe de Estado. Durante sustentação oral, na semana passada, a defesa acusou Moraes de extrapolar suas funções ao tomar a iniciativa de buscar provas, em suposto desrespeito ao sistema acusatório.
Em sua defesa, o Moraes afirmou que o juiz não só pode, como deve fazer perguntas, especialmente nos interrogatórios, quando a defesa tem oportunidade de expor a autodefesa do réu. “O juiz, ele não só pode, como deve, fazer perguntas, principalmente nos interrogatórios. Os interrogatórios são exatamente o momento em que a defesa pode expor a sua autodefesa a partir dos réus. E, consequentemente, o juiz deve tirar, desde que não se pleitei direito ao silêncio, as informações, inclusive, a favor dos réus.”
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Moraes criticou a ideia de que o magistrado deve permanecer “passivo” durante o processo e defendeu que não cabe à defesa “censurar o magistrado dizendo o número de perguntas que ele deve fazer”. “A ideia de que o juiz deve ser uma samambaia jurídica durante o processo não tem nenhuma ligação ao sistema acusatório. Isso é uma alegação esdrúxula. E mais, não cabe a nenhum advogado censurar o magistrado dizendo o número de perguntas que ele deve fazer. Há argumentos muito mais importantes do que ficar contando o número de perguntas que o advogado fez, que o juiz fez”.
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Entenda o julgamento contra o ex-presidente
Em quais dias acontece o julgamento?
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2 de setembro – das 9h às 12h e das 14h às 19h (primeiro dia de julgamento);
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3 de setembro – das 9h às 12h; (segundo dia de julgamento);
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9 de setembro – das 9h às 12h e das 14h às 19h;
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10 de setembro – das 9h às 12h;
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12 de setembro – das 9h às 12h e das 14h às 19h.
Quem são os réus no julgamento?
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Jair Bolsonaro: Ex-presidente, apontado como líder do esquema.
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Generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira: Ex-ministros.
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Anderson Torres: Ex-ministro da Justiça.
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Almirante Almir Garnier: Ex-comandante da Marinha.
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Alexandre Ramagem: Deputado federal e ex-diretor da Abin.
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Tenente-Coronel Mauro Cid: Ex-ajudante de ordens e delator.
Quais são as acusações?
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Organização criminosa (3 a 8 anos de prisão, podendo chegar a 17 anos se houver uso de arma de fogo ou participação de funcionário público);
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Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos de prisão);
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Golpe de Estado (4 a 12 anos de prisão);
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Dano qualificado (6 meses a 3 anos de prisão);
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Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos de prisão).
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O rito do julgamento
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Leitura do relatório: ministro Alexandre de Moraes apresenta o caso (já concluída).
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Sustentações: fala a PGR (acusação) e depois os advogados de defesa (também já concluída).
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Votos: os ministros votam, começando pelo relator Moraes e terminando com o presidente Zanin.
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Decisão: o resultado é definido por maioria simples (3 de 5 votos).
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Atenção: qualquer ministro pode pedir "vista" (mais tempo para análise), suspendendo o julgamento por até 90 dias. A condenação não leva à prisão imediata devido às possibilidades de recurso.
Quem julga Bolsonaro e aliados?
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Alexandre de Moraes (Relator)
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Cristiano Zanin (Presidente)
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Flávio Dino
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Luiz Fux