O advogado de defesa do tenente-coronel Mauro Cid, Jair Alves Pereira, negou que seu cliente tenha sido coagido durante os depoimentos da colaboração premiada da investigação da suposta tentativa de golpe de 2022. Pereira abriu a fase de sustentação oral das defesas durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe, nesta terça-feira (2/9), no Supremo Tribunal Federal (STF).

A suposta coação do ministro Alexandre de Moraes e da Polícia Federal (PF) é alvo da defesa dos demais réus, que pedem a nulidade da delação do militar. Segundo o advogado de Cid, em nenhum momento ele teria sido ameaçado pelos delegados que o interrogaram ou durante depoimento para Moraes.

Pereira lembrou que a tese surgiu após matéria da revista Veja com áudios vazados do militar, onde ele reclama das versões apontadas pelos delegados. “Isso não é coação, Mauro Cid está reclamando da posição do delegado, isso é direito. Qual a versão constou nos autos? Do Mauro Cid ou do delegado? Qual delegado não tem uma tese confrontante com quem ele está investigando ou perguntando?”, indagou o advogado.

Ele também afirmou que os delegados não tentaram passar por cima dos advogados e falar com o colaborador longe da presença da defesa. “O delegado que não puder questionar quem está interrogando, não tem nada. Ele vai perguntar o que? Eu posso não concordar com o relatório do delegado, e de fato não concordo, agora, nem por isso eu posso dizer que ele coagiu meu cliente”, emendou.

O advogado de Cid ainda buscou rebater o argumento de uma suposta coação de Moraes. Ele lembra do depoimento que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deu no STF, quando na época o magistrado lembrou que ele não poderia mentir ou então perderia os benefícios da colaboração premiada.

“Vossa Excelência tinha obrigação de falar isso com Mauro Cid, ele tinha um contrato vigente. Não teria como rescindir o contrato se ele não tivesse direito ao contraditório e o direito de explicar pontos que não estavam claros. Isso não é ameaça, é o devido processo legal”, disse.

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