DESPEDIDA

Barroso agradece Moraes pela "dedicação ao país"

Ao anunciar sua aposentadoria antecipada, Luís Roberto Barroso exaltou dedicação de Alexandre Moraes à defesa das instituições e da democracia

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O ministro Luís Roberto Barroso aproveitou seu discurso de despedida do Supremo Tribunal Federal para prestar uma homenagem ao colega Alexandre de Moraes, a quem descreveu como um dos principais defensores das instituições democráticas em tempos de intolerância e desinformação.

Ao anunciar, nesta quinta-feira (9/10), sua aposentadoria antecipada da Corte, Barroso afirmou que Moraes tem sido alvo de ataques injustos e que “a história há de reconhecer e reparar” o papel que ele desempenhou na proteção da democracia, em referência às sanções impostas a ele e a sua esposa depois do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista.

“Eu e todos nós somos testemunhas da sua dedicação ao trabalho, ao país e à causa da proteção das instituições”, disse Barroso, dirigindo-se diretamente ao colega. “Somos solidários com os preços pessoais elevados que está tendo que pagar e que um dia a história há de reconhecer e reparar.”

Em um discurso emocionado e repleto de pausas devido à voz embargada, Barroso fez uma defesa contundente da democracia, da civilidade e da liberdade de imprensa, alertando para os efeitos corrosivos da intolerância e do ódio político.

“O radicalismo é inimigo da verdade. A gente, na vida, deve ter cuidado para não se apaixonar pelas próprias razões”, afirmou o ministro, em referência ao clima de polarização que marcou o país nos últimos anos. Disse ainda que pretende continuar contribuindo para o debate público, “trabalhando por um tempo de paz e fraternidade”.

O magistrado também destacou a importância da imprensa profissional e da informação verdadeira como antídotos à desinformação. “Nunca precisamos tanto da imprensa, que se move pela ética e pela técnica jornalística. Checa as notícias e distingue fato de opinião. Mentir precisa voltar a ser errado de novo”, declarou.

O ministro, que presidiu o Supremo até o início da semana, encerrou um ciclo de 12 anos e três meses na Corte com um discurso permeado por gratidão, serenidade e referências literárias. Citando o poeta Pablo Neruda, Barroso disse que seu sentimento ao deixar o tribunal é de amor pelo país e fé no futuro.

“Mil vezes tivera que nascer, e eu queria nascer aqui. Mil vezes tivera que morrer, eu queria morrer aqui — mas não agora”, brincou, arrancando risos e aplausos dos colegas, mencionados um a um em seu discurso, que se levantaram ao fim da fala para uma homenagem de pé.

O ministro contou que deixa o tribunal sem arrependimentos e sem apego ao poder. “Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta, com mais espiritualidade, literatura e poesia”, afirmou.

Legado de Barroso

Indicado ao STF em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff (PT), Barroso consolidou-se como um dos magistrados mais influentes e atuantes na defesa dos direitos fundamentais e da Constituição. Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), ele relatou ações de grande impacto social, como a suspensão de despejos durante a pandemia, a reativação do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e decisões relacionadas ao direito à saúde e ao acesso a medicamentos.

À frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre 2020 e 2022, Barroso também foi um dos principais porta-vozes na defesa do sistema eleitoral brasileiro diante dos ataques e das fake news que tentavam minar a confiança nas urnas eletrônicas.

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Com a antecipação da aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá indicar o terceiro ministro de seu atual mandato, após as nomeações de Cristiano Zanin e Flávio Dino.

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