Ganhadora do Nobel da Paz já esteve no Congresso Nacional e criticou Maduro
A venezuelana María Corina Machado foi laureada nesta sexta-feira "pelo trabalho em prol dos direitos democráticos do povo da Venezuela"
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A ganhadora do prêmio Nobel da Paz de 2025, a venezuelana María Corina Machado, esteve no Senado Federal, em Brasília, em 2014, quando ela era deputada e teve o mandato cassado depois de participar de uma reunião do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde denunciou as restrições à liberdade na Venezuela.
María participou de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), a convite do então senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). "Alguns dizem que na Venezuela há uma guerra civil, mas o que existe é uma guerra contra os civis, promovida pelo Estado. E muitos dos que foram tão ativos nos casos do Paraguai e de Honduras hoje dão as costas à Venezuela", afirmou.
A opositora também disse que o presidente Nicolás Maduro, “cruzou a linha vermelha” ao prender líderes oposicionistas de maneira arbitrária. "Maduro estimula a ação de grupos paramilitares, em muitos casos junto com a Guarda Nacional. Na Venezuela não há autonomia de poderes, o sistema de Justiça está a serviço do poder, não há Estado de Direito e praticamente não existe liberdade de imprensa", disse.
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María também esteve na Câmara dos Deputados em 2014, onde foi chamada de "golpista" e "fascista" por alguns parlamentares e elogiada por outros.
Nobel da Paz 2025
O Comitê Norueguês do Nobel concedeu, nesta sexta-feira (10/10, o Nobel da Paz à venezuelana María Corina Machado pelo trabalho em prol dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia.
O comitê destacou que a Venezuela evoluiu de um país relativamente democrático e próspero para um Estado brutal e autoritário que agora sofre uma crise humanitária e econômica. "A maioria dos venezuelanos vive em extrema pobreza, enquanto os poucos no topo enriquecem. A máquina violenta do Estado é direcionada contra os próprios cidadãos", citou.
"O regime autoritário da Venezuela dificulta enormemente o trabalho político. Como fundadora da Súmate, uma organização dedicada ao desenvolvimento democrático, a Sra. Machado defendeu eleições livres e justas há mais de 20 anos. Como ela mesma disse: 'Foi uma escolha entre votos e balas'", pontuou o comitê.
Antes das eleições de 2024, a María Corina era a candidata presidencial da oposição, mas o regime venezuelano bloqueou a candidatura dela. Então, ela então apoiou o representante de outro partido, Edmundo Gonzalez Urrutia, na eleição. No entanto, o Conselho Nacional Eleitoral reconheceu a vitória do Nicolás Maduro. O resultado foi questionado pela oposição e por alguns líderes internacionais, que pediram mais transparência no processo.
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Engenheira de formação e ativista desde os anos 1990, María Corina fundou a organização Súmate, criada para fiscalizar eleições e promover o voto livre na Venezuela. Ao longo de duas décadas, enfrentou perseguições políticas, bloqueio de candidatura e ameaças à própria vida.