TARIFAÇO

Fiemg vê recuo tarifário dos EUA como avanço tímido e cobra remoção total

Indústria mineira elogia sinal político, mas afirma que manutenção da sobretaxa de 40% mantém Brasil em desvantagem

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A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avaliou como positivo, porém limitado, o anúncio dos Estados Unidos de reduzir parte das tarifas aplicadas a produtos brasileiros. Em nota divulgada neste sábado (15/11), a entidade afirmou que a medida representa um avanço importante nas relações, mas reforçou que a decisão não deixa claro o alcance total das reduções e mantém dúvidas sobre a permanência da sobretaxa de 40% imposta ao Brasil.

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O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, classificou o anúncio de Trump como um sinal de abertura ao diálogo, mas alertou que o gesto, por si só, não garante competitividade. “É um passo importante, mas ainda insuficiente. A decisão mostra disposição ao diálogo, porém é necessário avançar mais para remover todas as barreiras adicionais e restabelecer condições adequadas de competitividade para a indústria mineira”, afirmou.

A avaliação dialoga diretamente com o alerta de outras entidades industriais brasileiras. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os 80 itens beneficiados pela suspensão da tarifa de 10% representaram US$ 4,6 bilhões em exportações para os Estados Unidos em 2024, cerca de 11% do total enviado pelo Brasil.

A entidade, contudo, reforçou que a manutenção da sobretaxa de 40% mantém o país em posição desvantajosa frente a concorrentes que receberam cortes tarifários mais profundos ou totais. “É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Café ainda em desvantagem

A preocupação é compartilhada por diferentes segmentos produtivos de Minas. O café, símbolo do agronegócio mineiro e maior item da pauta de exportações para os Estados Unidos, permanece enfrentando uma tarifa de 40%. O número representa um alívio tímido em relação aos 50% anteriores, mas ainda coloca o Brasil, que é o maior fornecedor da bebida para o mercado americano, em desvantagem frente a concorrentes como o Vietnã, cuja taxa foi reduzida de 20% para zero.

Em nota, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) afirmou ser necessária uma análise técnica detalhada para entender plenamente o alcance das medidas. O setor lembra que o Brasil, responsável por metade da produção de arábicas e por cerca de um terço do abastecimento do mercado norte-americano, continua enfrentando tarifas significativamente mais altas que seus concorrentes.

Reação mais favorável

Entre os setores afetados pelas mudanças, a indústria de carne bovina foi quem demonstrou reação mais favorável. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou, em nota, que a redução tarifária devolve previsibilidade ao setor e reforça a confiança no diálogo técnico entre os dois países.

A entidade destacou também o reconhecimento da qualidade e da relevância da proteína brasileira para a segurança alimentar mundial. Com a retirada da tarifa global de 10%, a taxação total sobre a carne bovina brasileira caiu de 76,4% para 66,4%. Antes da gestão Trump, esse índice era de 26,4%.

Alckmin fala em "avanços sucessivos"

A avaliação das entidades industriais ecoa no diagnóstico apresentado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin nesta manhã. Em coletiva no Planalto, ele classificou o recuo tarifário como um movimento “na direção correta”, mas reforçou que a negociação está longe de terminar. “Ainda temos 33% das exportações no tarifaço. É isso que precisamos corrigir”, afirmou.

Alckmin destacou que, com a nova medida, a fatia das exportações brasileiras que entra sem tarifa nos Estados Unidos passa de 23% para 26%, o equivalente a R$ 9,7 bilhões. Ele comemorou o que chamou de “avanços sucessivos”, ainda que limitados, e sinalizou que o governo seguirá pressionando por novos cortes, especialmente no caso do café, que também afeta o bolso do consumidor americano.

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A retirada da taxa de 10% sobre suco de laranja, manga, açaí, abacaxi e bananas foi bem recebida por exportadores e por entidades como a Abiec, que representa a indústria de carne bovina. Mas para setores fortemente dependentes do mercado norte-americano, a sensação é de que a mudança pode até reforçar disparidades, uma vez que países concorrentes receberam reduções mais generosas.

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