Defesa de Bolsonaro alega risco de morte do ex-presidente
Advogados falam em perplexidade com prisão preventiva do ex-chefe do Executivo e ressaltam "delicado estado de saúde" dele
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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro criticou a prisão preventiva do cliente, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao deixar a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, o advogado Paulo Cunha Bueno classificou a decisão de "inconcebível", afirmando que Bolsonaro sempre colaborou com o processo e nunca tentou se esquivar da Justiça.
Segundo o advogado, o ex-presidente esteve em todas as etapas da ação da trama golpista, inclusive de forma espontânea quando a denúncia foi recebida pela Primeira Turma do STF. Bueno destacou que Bolsonaro enfrenta um quadro de saúde considerado grave e frágil, agravado desde o atentado sofrido em 2018.
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"Ele passou por seis cirurgias de longa duração, a última com 12 horas. Foi internado várias vezes por semiobstruções intestinais, inclusive logo após o 8 de janeiro, quando já estava nos Estados Unidos", frisou.
Bueno comparou o tratamento dado a Bolsonaro ao de outros políticos que enfrentam acusações judiciais. Ele citou o ex-presidente Fernando Collor de Mello, que cumpre medida domiciliar por problemas de saúde. "Collor está em prisão domiciliar por apneia do sono e Parkinson, enquanto Bolsonaro é submetido a uma prisão vergonhosa na PF, mesmo com quadro clínico muito mais grave", criticou.
Outro ponto contestado pela defesa foi a imposição do uso de tornozeleira eletrônica. Para o advogado, o equipamento foi adotado apenas com "finalidade de humilhação". Ele sustentou que Bolsonaro vive sob vigilância constante, com presença permanente de agentes armados da Polícia Federal na residência. "Não conheço nenhum brasileiro com tornozeleira que tenha escolta 24 horas. Falar em risco de evasão é querer justificar o injustificável", declarou.
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O advogado foi questionado sobre o motivo pelo qual o equipamento havia sido danificado, mas não respondeu de forma direta. Reiterou que a própria exigência da tornozeleira já nasce injustificada. "A finalidade é apenas justificar o injustificável. Não havia motivo algum para que ele estivesse usando esse equipamento", concluiu.
Mais cedo, Bueno e o advogado Celso Vilardi publicaram nota alegando que a prisão coloca o ex-presidente em perigo de morte. "O estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco", disseram.
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Segundo eles, "a prisão preventiva do ex-presidente causa profunda perplexidade, principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações". "A Constituição de 1988, com acerto, garante o direito de reunião a todos, em especial para garantir a liberdade religiosa", acrescentaram.