Alvo de mandado de busca e apreensão da Operação Sem Desconto, o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) é apontado pelas investigações da Polícia Federal como a “pessoa melhor paga na lista de propina” de fraudes contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
O parlamentar foi alvo de mandado de busca e apreensão pela PF e a Controladoria Geral da União (CGU) nessa quinta-feira (13/11). A deflagração dessa fase da Operação Sem Desconto também resultou na prisão preventiva de 10 pessoas, entre elas o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e no cumprimento de outros 62 mandados de busca e apreensão em 15 estados e no Distrito Federal.
Propina
Segundo a PF, Pettersen recebeu R$ 14,7 milhões para “assegurar proteção política” à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil) - principal empresa investigada pelos descontos irregulares do INSS.
O deputado do Republicanos - descrito como a “pessoa melhor paga na lista de propina” - teria recebido mensalmente para blindar o esquema, impedindo fiscalizações. O dinheiro era pago por empresas controladas por Cícero Marcelino de Souza Santos, e seu assessor, André Luiz Martins Dias, intermediava os repasses, feitos a empresas e pessoas ligadas a Pettersen.
Além da blindagem, o mineiro oferecia ao esquema o acesso a pessoas que tinham influência na indicação de nomes para a presidência do INSS, atuando como “porta-voz político”.
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Venda de avião
A investigação da PF e CGU ainda dá conta que Pettersen vendeu um avião para Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), ONG ligada à Conafer, além de destinar emendas parlamentares à entidade.
Foram duas emendas enviadas ao ITT. A primeira, em outubro de 2022, no valor de R$ 1,5 milhão, e a segunda, em dezembro de 2023, de R$ 1 milhão. As duas foram destinadas ao incentivo para capacitação de agricultores e inseminação de gados bovinos em Minas.
Pettersen é natural de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e agropecuarista. Foi vereador de GV entre 2008 e 2012, pelo PSC. Depois, entre 2016 e 2017, foi superintendente-geral de Saúde do governo de Minas Gerais, na gestão de Fernando Pimentel (PT).
Em 2018, foi eleito deputado federal pela primeira vez, ainda pelo PSC. Em 2022, foi reeleito e, com a fusão do partido ao Podemos, o mineiro migrou para o Republicanos, que hoje preside em Minas Gerais.
Resposta de Pettersen
Pettersen comentou a operação da Polícia Federal por meio de nota, afirmando confiar na Justiça e se colocar à disposição das autoridades. Ele também ressaltou que já foi alvo de duas operações anteriores, em uma delas, foi absolvido, e, na outra, o Judiciário não chegou a receber a denúncia por falta de provas.
"Reitero que toda operação representa, para alguns, um fim, e para outros, uma libertação. Já fui alvo de duas operações: em uma delas, fui absolvido, e na outra, o Judiciário sequer recebeu a denúncia, por falta de provas que comprovassem qualquer prática criminosa", disse.
"Deixo claro que apoio integralmente o trabalho das autoridades competentes e me coloco à inteira disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. Acredito na justiça, na verdade e na importância das investigações sérias, conduzidas dentro da legalidade e com total transparência", completou.
