Na audiência de custódia realizada neste domingo (23/11), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica surgiu em meio a uma “certa paranóia” provocada pelo uso de remédios. Ele relatou que pensou que estava sendo escutado pelo dispositivo.
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Na madrugada de sexta (21) para sábado (22), foi registrada a tentativa de danificar o objeto que Bolsonaro portava. Segundo o ex-presidente, ele usou um ferro de solda na tentativa de abrir o “case” da tornozeleira. A violação do dispositivo motivou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a decretar a prisão preventiva do político.
A decisão do juiz avalia que os danos à tornozeleira configuraram tentativa de fuga de Bolsonaro, que estava em prisão domiciliar. Em depoimento, contudo, ele negou que tentou escapar.
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Relato de Bolsonaro
"Depoente [Bolsonaro] afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa", diz trecho da ata da audiência de custódia, protocolada pela juíza Luciana Sorrentino, auxiliar de Moraes.
Conforme o texto, o ex-presidente afirmou que o uso de remédios (Pregabalina e Sertralina) receitados por médicos diferentes causaram efeito inadequado - uma “certa paranoia”. Ele disse que, com o “sono picado” decidiu mexer na tornozeleira por volta da meia-noite com um ferro de soldar.
Bolsonaro relatou que estava acompanhado da filha, Laura, do irmão mais velho e do assessor em casa, mas ninguém viu a ação. Depois, disse que “caiu na razão” e cessou o uso da ferramenta.
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Trecho da ata em que Bolsonaro relata ‘alucinação’
"Indagado acerca do equipamento de monitoramento eletrônico, o depoente respondeu que teve uma “certa paranoia” de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada (Pregabalina e Sertralina); que tem o sono “picado” e não dorme direito resolvendo, então, com um ferro de soldar, mexer na tornozeleira, pois tem curso de operação desse tipo de equipamento. Afirmou o depoente que, por volta de meia-noite mexeu na tornozeleira, depois “caindo na razão” e cessando o uso da solda, ocasião em que comunicou os agentes de sua custódia; O depoente afirmou que estava acompanhado de sua filha, de seu irmão mais velho e um assessor na sua casa e nenhum deles viu a ação do depoente com a tornozeleira. Afirmou que começou a mexer com a tornozeleira tarde da noite e parou por volta de meia-noite. Informou que as demais pessoas que estavam na casa dormiam e que ninguém percebeu qualquer movimentação. O depoente afirmou que estava com “alucinação” de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa. O depoente afirmou que não se lembra de surto dessa natureza em outra ocasião. O depoente afirmou que passou a tomar um dos remédios cerca de 4 (quatro) dias antes dos fatos que levaram à sua prisão."
