A bancada de Minas Gerais na Câmara dos Deputados seguiu a tendência nacional e apoiou em ampla maioria o PL 2.162/2023, que reduz as penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e beneficia diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sentenciado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dos 53 parlamentares mineiros, 35 votaram “sim”, 15 foram contrários e três não registraram voto (confira a votação abaixo).
A votação ocorreu na madrugada desta quarta-feira (10/12), às 2h34, sob forte tensão no plenário. O texto passou com 291 votos favoráveis e 148 contrários no geral. A condução da sessão pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi alvo de críticas intensas da base governista.
Para o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ), o horário da votação, após as 2h da manhã, expôs o que chamou de submissão à pressão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que vinha condicionando a retirada de sua pré-candidatura à Presidência à votação do projeto.
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“São 23h38 e estamos votando esta proposta que é uma vergonha para o país. Essa Câmara está abraçando o golpismo, um golpismo que a gente sabe que é uma chantagem de Flávio Bolsonaro. Ontem teve uma reunião com os líderes do PP e do União Brasil para definir o que está sendo votado aqui hoje. É uma vergonha, é um escândalo votar isso aqui”, disse o petista.
Deputados governistas também pediram o encerramento imediato da sessão, alegando “falta de clima” para seguir com votações, após os episódio de agressão por parte da Polícia Legislativa Federal à parlamentares do Partido Socialismo e Liberdade (PSol) depois que o deputado Glauber Braga (RJ) ocupou a mesa-diretora da Casa.
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O que prevê o projeto
Apelidado de PL da Dosimetria, o texto altera regras de cálculo de pena para crimes contra o Estado democrático. A medida reduz penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, incluindo a condenação de Bolsonaro, que cumpre pena na Polícia Federal (PF) em Brasília.
O texto determina que os crimes de tentativa de abolição ao Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, quando praticados no mesmo contexto, implicarão o uso da pena mais grave em vez da soma de ambas as penas.
O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.
Se virar lei, a nova forma de soma de penas deve beneficiar todos os condenados da tentativa de golpe de Estado, incluindo o núcleo central:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil;
- Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e
- Alexandre Ramagem, deputado federal.
Esse grupo foi condenado a penas que variam de 16 anos a 24 anos em regime fechado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em caráter definitivo, em 25 de novembro deste ano.
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Como votaram os deputados mineiros?
A favor
- Aécio Neves (PSDB)
- Ana Paula Leão (PP)
- Bruno Farias (Avante)
- Delegada Ione (Avante)
- Delegado Marcelo (União)
- Diego Andrade (PSD)
- Dimas Fabiano (PP)
- Domingos Sávio (PL)
- Dr. Frederico (PRD)
- Emidinho Madeira (PL)
- Eros Biondini (PL)
- Euclydes Pettersen (Republicanos)
- Fabiano Cazeca (PRD)
- Fred Costa (PRD)
- Greyce Elias (Avante)
- Hercílio Diniz (MDB)
- Junio Amaral (PL)
- Lafayette Andrada (Republicanos)
- Lincoln Portela (PL)
- Luis Tibé (Avante)
- Marcelo Álvaro (PL)
- Mauricio do Vôlei (PL)
- Misael Varella (PSD)
- Nikolas Ferreira (PL)
- Paulo Abi-Ackel (PSDB)
- Pinheirinho (PP)
- Rafael Simoes (União)
- Rodrigo de Castro (União)
- Rosângela Reis (PL)
- Samuel Viana (Republicanos)
- Sergio Santos (Podemos)
- Stefano Aguiar (PSD)
- Weliton Prado (Solidariedade)
- Zé Silva (Solidariedade)
- Zé Vitor (PL)
Contra
- Ana Pimentel (PT)
- André Janones (Avante)
- Célia Xakriabá (PSOL)
- Dandara (PT)
- Duda Salabert (PDT)
- Igor Timo (PSD)
- Leonardo Monteiro (PT)
- Mário Heringer (PDT)
- Miguel Ângelo (PT)
- Odair Cunha (PT)
- Padre João (PT)
- Patrus Ananias (PT)
- Paulo Guedes (PT)
- Reginaldo Lopes (PT)
- Rogério Correia (PT)
Ausentes
- Gilberto Abramo (Republicanos)
- Luiz Fernando (PSD)
- Newton Cardoso Jr (MDB)
