Após três anos de negociações, os países-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovaram nesta quarta-feira (16/4) um acordo histórico para enfrentar pandemias, anunciou a entidade.

"Os Estados-membros da OMS deram um grande passo adiante em seus esforços para conseguir um mundo mais seguro diante das pandemias, ao elaborar um projeto de acordo que será debatido na próxima Assembleia Mundial da Saúde em maio", indicou a OMS em comunicado.

O acordo foi alcançado por volta das 2h locais desta quarta-feira (21h da terça-feira em Brasília), disse um delegado à AFP. "As nações do mundo fizeram história hoje em Genebra", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Ao chegarem a um consenso sobre o Acordo de Pandemia, não só estabeleceram um acordo geracional para tornar o mundo mais seguro, mas também demonstraram que o multilateralismo está vivo e bem, e que, em nosso mundo dividido, as nações ainda podem trabalhar juntas para encontrar um terreno comum e uma resposta compartilhada às ameaças comuns", acrescentou Tedros.

Covid-19

Cinco anos depois que a Covid-19 começou a matar milhões de pessoas e devastou economias, um senso de urgência crescente dominou as conversas, em meio ao surgimento de novas ameaças sanitárias como a gripe aviária, o sarampo e o ebola.

O principal obstáculo nas discussões foi o artigo 11, sobre a transferência de tecnologia para a fabricação de produtos de saúde ligados às pandemias, sobretudo em benefício dos países em desenvolvimento.

Esse tema foi motivo de numerosas reivindicações dos países mais pobres durante a pandemia de covid-19, quando viram como as nações ricas acumulavam doses de vacinas e de testes contra o novo coronavírus.

Muitos países nos quais a indústria farmacêutica representa parte importante de sua economia são contrários à transferência obrigatória e insistem em seu caráter voluntário.

 ‘Adotado’ 

No fim de 2019, a COVID-19 surgiu como uma nova doença respiratória na China, mais especificamente na cidade de Wuhan, província de Hubei. - wikimedia commons
Isso inclui o uso de analgésicos, antitérmicos, descongestionantes e, em casos mais graves, corticosteroides para aliviar inflamações e melhorar a respiração. reprodução
Os especialistas também recomendam a prevenção como forma de conter o avanço do vírus. Para isso, é fundamental manter a higiene adequada, lavar bem as mãos e evitar contato com pessoas infectadas. reprodução
Até o momento, não há vacina ou tratamento específico para o HMPV. Por enquanto, a forma de tratamento é focada no alívio dos sintomas. reprodução
O período de incubação varia de 3 a 6 dias, e os sintomas geralmente duram o mesmo tempo que outras infecções respiratórias. reprodução/tv record
A infecção é mais comum nos primeiros anos de vida, com reinfecções frequentes. O vírus é transmitido por gotículas respiratórias, contato próximo ou superfícies contaminadas. reprodução/tv record
Entre o sintomas mais comuns do HMPV humano estão tosse, febre, congestão nasal e falta de ar, podendo evoluir para bronquite ou pneumonia em casos graves. reprodução
[...] É consenso entre os virologistas que, embora a situação exija investigação, a preocupação global está mais relacionada ao nível de vigilância atual, após o impacto da Covid-19, do que a um real problema grave na China", relatou o virulogista. reprodução
Embora a maioria das infecções cause apenas sintomas leves, pessoas vulneráveis, como crianças, idosos e imunossuprimidos, têm maior risco de complicações graves. reprodução/tv record
Segundo o virologista Flavio Fonseca, da UFMG, as chances de o HMPV se comportar como o Sars-CoV-2 são mínimas, já que grande parte da população possui imunidade natural ao vírus, o que limita sua propagação. reprodução/tv record
Estudos indicam que, desde 2004, o HMPV circula em uma faixa de 19% até 50% da população, a depender da região. reprodução/tv record
No Brasil, esse vírus foi detectado pela primeira vez em um paciente em 2004 e, desde então, tem circulado amplamente pelo país. Tumisu por Pixabay
Identificado pela primeira vez nos Países Baixos em 2001, o HMPV já foi registrado em diversos países, incluindo Índia, Inglaterra, Austrália e Chile. reprodução
Entre os integrantes dessa família, o mais conhecido é o vírus respiratório-sincicial, principal causador de internações infantis relacionadas a doenças como bronquite e bronquiolite. Leo Fontes Pixabay
O metapneumovírus humano (HMPV) não é uma descoberta recente e faz parte de uma família de vírus responsáveis por infecções respiratórias já bem conhecidos no meio científico. Gerd Altmann - Pixabay
Além disso, o órgão descartou preocupações quanto à possibilidade de uma nova pandemia nos moldes da covid-19. reprodução/tv record
O Centro de Controle de Doenças chinês destacou a necessidade de medidas preventivas de saúde e higiene e desmentiu vídeos que circulam nas redes sociais mostrando hospitais superlotados. montagem/reprodução redes sociais
O HMPV é um agente respiratório que provoca sintomas semelhantes aos da gripe, principalmente entre crianças. Steward Masweneng Pixabay
Alguns locais do norte da China têm registrado um aumento acelerado nos casos de infecção pelo metapneumovírus humano (HMPV), o que tem preocupado especialistas. reprodução/tv record

As negociações, que aconteceram de forma híbrida, avançaram de modo mais lento que o previsto na terça-feira, após três dias de pausa. O principal obstáculo era a transferência de tecnologia para a fabricação de produtos de saúde ligados às pandemias, sobretudo em benefício dos países em desenvolvimento.

Esse tema foi motivo de numerosas reivindicações dos países mais pobres durante a pandemia de covid-19, quando viram como as nações ricas acumulavam doses de vacinas e de testes de diagnóstico do coronavírus.

Muitos países nos quais a indústria farmacêutica representa parte importante de sua economia são contrários à transferência obrigatória e insistem em seu caráter voluntário.

Finalmente, chegou-se a um consenso sobre o princípio da transferência tecnológica “de mútuo acordo”.

Outro aspecto importante do texto é a criação de um “sistema de acesso e participação nos benefícios dos patógenos” para que as empresas farmacêuticas possam dispor dos dados e comecem a trabalhar rapidamente em produtos para combater as pandemias.

O projeto adotado, 32 páginas, também busca ampliar o acesso a estes produtos, estabelecendo uma rede mundial de cadeia de suprimentos e logística.

“É um acordo histórico para a segurança sanitária, a igualdade e a solidariedade internacional”, declarou Anne-Claire Amprou, copresidente das negociações e representante da França.

“Foi adotado”, anunciou Anne-Claire Amprou, entre fortes aplausos.

Em relação à implementação do acordo, a principal organização do setor farmacêutico destacou que a propriedade intelectual e a segurança jurídica são essenciais para assegurar os investimentos do setor.

“Esperamos que, em negociações posteriores, os Estados-membros mantenham as condições que permitem ao setor privado continuar inovando contra os agentes patogênicos suscetíveis de provocar uma pandemia”, disse David Reddy, diretor geral da Federação Internacional da Indústria do Medicamento.

O secretário-geral da OMS entrou nas negociações na terça-feira e defendeu um texto “bom”, “equilibrado” e que traria “maior equidade” entre os países.

Ele reconheceu que as medidas de coordenação para a prevenção pandêmica podem ser custosas, mas garantiu que “o custo da inação é muito maior”.

“O vírus é o pior inimigo, pode ser pior que uma guerra”, afirmou Tedros.

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