DIA MUNDIAL

Câncer de ovário ainda é diagnosticado tardiamente e exige atenção

No Dia Mundial da Luta Contra o Câncer de Ovário, especialista alerta para a importância do diagnóstico precoce

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Cerca de 75% dos casos de câncer de ovário são diagnosticados tardiamente, quando a doença já atingiu estágios avançados (3 e 4) e ultrapassou os ovários e a pelve. A ausência de um exame eficaz para rastreamento precoce e os sintomas pouco específicos tornam a detecção precoce um desafio. O alerta ganha ainda mais importância neste 8 de maio, Dia Mundial da Luta Contra o Câncer de Ovário.

“O câncer de ovário, infelizmente, costuma ser silencioso nas fases iniciais e, na maioria das vezes, é diagnosticado apenas em estágios avançados”, explica o cirurgião oncológico Glauco Baiocchi, líder do Centro de Referência em Tumores Ginecológicos do A.C.Camargo Cancer Center. Segundo ele, o tumor pode se originar nos ovários ou trompas e se disseminar, principalmente, para o peritônio - membrana que reveste a cavidade abdominal. “Essa característica dificulta a detecção precoce e torna o câncer de ovário um dos mais desafiadores do ponto de vista do diagnóstico”, afirma.

 

Sintomas pouco específicos 

Os primeiros sinais, quando surgem, tendem a ser confundidos com problemas gastrointestinais ou urinários: dor e inchaço abdominal, distensão, alterações para urinar ou evacuar. “Esses sintomas são comuns a diversas outras condições, o que muitas vezes retarda a busca por avaliação médica e o diagnóstico preciso”, destaca Glauco.

Além disso, é comum que o câncer de ovário seja confundido com o de colo de útero, embora sejam doenças diferentes em sintomas, causas e formas de prevenção. “O câncer do colo do útero está relacionado, na maioria dos casos, à infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV). É um tipo de câncer altamente prevenível com o exame de papanicolau, colposcopia e teste de HPV”, explica o especialista.

Desafios no diagnóstico precoce

Atualmente, o ultrassom pélvico e o marcador tumoral CA125 são exames frequentemente solicitados, mas com limitações. “O CA125 pode estar dentro dos níveis normais nos estágios iniciais da doença. Em pelo menos metade dos casos iniciais, esse marcador permanece normal, dificultando ainda mais o diagnóstico precoce”, alerta o cirurgião.

Para mulheres com histórico familiar significativo de câncer de mama ou ovário, o teste genético é uma ferramenta essencial. “Cerca de 18% dos casos de câncer de ovário estão associados a mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, e até 25% podem ter origem hereditária quando somamos outras alterações genéticas”, afirma Glauco Baiocchi.

Todas as mulheres diagnosticadas com o tipo mais comum da doença, o carcinoma epitelial, têm indicação formal para realizar o teste genético. “Se o teste for positivo para mutações em genes como BRCA1 ou BRCA2, está indicada a cirurgia redutora de risco, que consiste na retirada preventiva dos ovários e trompas, preferencialmente por volta dos 40 anos”, explica.

A identificação de uma mutação também impacta diretamente os familiares. “Quando uma paciente testa positivo, é fundamental investigar familiares de primeiro grau. A chance de transmissão genética é de 50%. Nesses casos, o acompanhamento deve ser ampliado para filhas, netas e netos, com foco em estratégias de prevenção”, complementa.

Avanços no tratamento

Apesar dos desafios no diagnóstico, os avanços terapêuticos têm ampliado as chances de controle e cura, especialmente nos estágios mais avançados. “A combinação de cirurgia com quimioterapia ainda é a base do tratamento. A cirurgia tem como objetivo remover toda a doença visível, mesmo que isso envolva retirar partes do peritônio ou de outros órgãos”, explica Glauco.

Os maiores avanços recentes, no entanto, vêm da terapia-alvo. “Hoje, cerca de metade das pacientes com câncer de ovário apresentam alguma alteração genética que permite o uso de inibidores de PARP. Essas medicações representam um avanço significativo, pois aumentam as chances de controle da doença quando comparadas aos tratamentos disponíveis há alguns anos”, destaca o especialista.

Na avaliação de Glauco, um dos principais entraves para o diagnóstico precoce no Brasil está na desorganização da jornada da paciente. “Quanto mais especializado for o centro de tratamento, maiores são as chances de a mulher receber um cuidado adequado e alcançar a cura. O tratamento ideal envolve cirurgias de grande porte, quimioterapia e, em alguns casos, o uso de terapias modernas. Isso precisa acontecer em centros de excelência”, defende.

Por fim, ele reforça a importância do acesso à informação e à prevenção. “A chance de uma mulher desenvolver câncer de ovário ao longo da vida é de cerca de 1 em cada 70. Identificar precocemente as mulheres com predisposição genética permite ações preventivas e terapias mais eficazes. Esse é o caminho para mudar esse cenário.”

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