Mariana Alves de Oliveira Silva fazendo selfie no espelho em que mostra a barriga aumentada

O cisto era mais pesado do que um rec�m-nascido, tinha cerca de 7 kg

Arquivo pessoal

Nos primeiros meses de 2020, quando come�ou a engordar, a vendedora Mariana Alves de Oliveira Silva, hoje com 18 anos, logo associou a situa��o a m� alimenta��o que vinha tendo devido � rotina corrida.

Em dois meses, a jovem, moradora de Ferraz de Vasconcelos (SP), conta que foram quase 8 quilos a mais na balan�a, mas ela n�o desconfiava que poderia haver algo de errado com sua sa�de. Apesar de ter tido um aumento no abd�men, ela acreditava que havia ganhado medidas em todo o corpo.

Somente em junho, quando come�ou a sentir muitas dores no abd�men e nas costas, que passaram a impossibilitar de realizar pequenas atividades do dia a dia, ela percebeu que havia algo de errado.

Qualquer coisa que eu fosse fazer em casa para ajudar minha m�e, do�a muito meu abd�men e eu precisava deitar. Foi quando n�s marcamos um m�dico para ver o que estava acontecendo, recorda.

A vendedora conta que ao entrar no consult�rio m�dico a primeira pergunta que ouviu do profissional foi se ela estava gr�vida, j� que seu abd�men estava distendido. Diante da negativa da jovem, o profissional a encaminhou para fazer um ultrassom.

O diagn�stico

Mariana Alves de Oliveira Silva fazendo selfie no espelho com a barriga aumentada

Mariana s� desconfiou que poderia haver algo de errado com sua sa�de quando come�ou a sentir muita dor no abd�men

Arquivo pessoal

Durante o exame veio o susto. Mariana tinha um cisto que devido ao tamanho estava tomando toda a sua regi�o abdominal e n�o era sequer poss�vel ver onde era a sua origem se era no ov�rio direito ou esquerdo.

Quando a m�dica viu, ela levou um susto. Na mesma hora ela j� me encaminhou para fazer uma tomografia de urg�ncia, para que eles pudessem ver o cisto com mais detalhes, conta a vendedora.

O exame foi feito no mesmo dia e os m�dicos informaram que a jovem precisaria passar por uma cirurgia de emerg�ncia para remover o cisto que estava em seu ov�rio direito. Havia o risco de ele estourar e gerar uma infec��o grave.

Sem ter plano de sa�de e acreditando que o procedimento cir�rgico pelo SUS (Sistema �nico de Sa�de) pudesse demorar meses, a fam�lia de Mariana se organizou financeiramente para pagar os custos da cirurgia em um hospital particular da cidade, o que fez com que a jovem precisasse esperar algumas semanas para retirar o cisto.

Mariana Alves de Oliveira Silva com barriga normal

Em dois meses, Mariana ganhou quase 8 quilos

Arquivo pessoal

Eu fiquei muito assustada, eu sabia que era um cisto muito grande e aquilo era perigoso. Enquanto a minha m�e se organizava para pagar a minha cirurgia, eu fiquei em repouso em casa. N�o sa�a da cama para quase nada com medo de agravar a minha situa��o, conta.

Medo de ser c�ncer

Ainda segundo Mariana, na �poca em que teve o diagn�stico, ela ainda vivia o luto de ter perdido a av�, que morreu devido a um c�ncer no �tero, e acompanhava a luta de uma tia que fazia tratamento contra um tumor na mama.

O nosso maior medo � que eu tamb�m pudesse estar com c�ncer, j� que o cisto cresceu muito r�pido e em poucos meses. Foram momentos desesperadores, recorda a jovem.

Em julho de 2020, Mariana passou pela cirurgia de retirada do cisto. Para surpresa at� dos m�dicos, o cisto era mais pesado do que um rec�m-nascido, tinha cerca de 7 kg e continha aproximadamente 8 litros de l�quidos. Ap�s a cirurgia, que n�o comprometeu os ov�rios, o material foi enviado para bi�psia.

Mariana Alves de Oliveira Silva fazendo selfie no espelho com a barriga aumentada

Mariana foi submetida a uma cirurgia de retirada do cisto em julho de 2020

Arquivo pessoal

A cirurgia demorou seis horas devido ao tamanho do cisto e por ele conter muito l�quido. Gra�as a Deus a bi�psia constatou que n�o era c�ncer e isso nos deixou bastante aliviados, conta.

Devido ao risco de desenvolver novos cistos, Mariana faz acompanhamento ginecol�gico e a cada seis meses realiza diversos exames preventivos.

O que � cisto no ov�rio e por que ele surge

Os cistos nos ov�rios geralmente s�o pequenos e n�o apresentam riscos � sa�de da mulher. Eles podem ocorrer em qualquer momento da vida, sendo mais comum durante a idade reprodutiva (entre 15 e 45 anos), e em muitos casos a paciente n�o tem nenhum sintoma e eles desaparecem sozinho em algumas semanas.

Eles surgem por fatores como: hist�rico gen�tico, desregula��o hormonal e infec��es p�lvicas graves.

Os cistos benignos podem ser causados simplesmente por problemas de ovula��o. Fol�culos ovarianos que cont�m os �vulos que n�o rompem no momento da ovula��o e formam os cistos ou estruturas com conte�do l�quido que crescem no ov�rio, mas n�o s�o malignos, explica Silvana Chedid, ginecologista do Hospital S�rio-Liban�s.

Mariana Alves de Oliveira Silva fazendo selfie no espelho com a barriga aumentada

A bi�psia constatou que o cisto de Mariana era benigno

Arquivo pessoal

Nesse caso, o cisto possui de 3 a 8 cm, havendo, normalmente, uma diminui��o de seu di�metro e desaparecendo entre 4 e 8 semanas.

No entanto, h� cistos considerados malignos e est�o diretamente relacionados ao c�ncer de ov�rio.

Essa � outra modalidade de cisto. O c�ncer de ov�rio tem uma heran�a heredit�ria, ou seja, possuem um risco maior em mulheres cujas m�es tiveram tamb�m o c�ncer, mas tamb�m podem aparecer em mulheres sem casos na fam�lia acrescenta Chedid.

Sintomas e tipos de cistos

A mulher com cisto no ov�rio pode sentir ou n�o sintomas. Os mais comuns s�o:

- Aumento do volume abdominal;

- Dor p�lvica;

- Atrasos ou mudan�as no ciclo menstrual;

- Sangramento fora do per�odo menstrual;

- Enjoo;

- Ganho de peso;

- Dor durante as rela��es sexuais;

- Dor durante a ovula��o;

- Dificuldade para engravidar.

Os cistos maiores normalmente acontecem em mulheres que n�o fazem os exames ginecol�gicos anual e consequentemente n�o os identificam no come�o. Nesse caso, ele pode comprimir a bexiga, a al�a intestinal, gerando um desconforto abdominal muito grande. Ele tem um l�quido dentro, gerando a dor abdominal intensa, explica o ginecologista Carlos Alberto Politano, diretor da Associa��o de Obstetr�cia e Ginecologia do Estado de S�o Paulo (SOGESP).

Tipos principais de cistos:

Segundo os especialistas, h� sete tipos de cistos de ov�rio benignos, chamados tamb�m de cistos funcionais, e cada um possui suas particularidades. Como eles est�o relacionados � ovula��o, podem regredir naturalmente.

Cisto de corpo l�teo: O corpo l�teo � o tecido dentro do ov�rio desenvolvido ap�s a libera��o do �vulo. Normalmente esse tecido desaparece at� que um novo ciclo de ovula��o se inicie, mas em alguns casos ele pode acumular l�quido, criando um cisto. Esse tipo de cisto � assintom�tico.

Cisto folicular: � formado quando h� crescimento anormal de um fol�culo ovariano durante a menstrua��o e a ruptura que causa a libera��o do �vulo n�o ocorre.

Cisto derm�ide: � um tumor benigno que afeta mulheres mais jovens. Ele pode apresentar ossos, gordura, cartilagem e pelos em sua composi��o. Normalmente, � preciso tratamento m�dico para que ele desapare�a.

Cisto endometrioma: Ocorre quando o endom�trio (tecido que reveste o �tero), se aloja e cresce nos ov�rios. S�o mais comuns em mulheres em idade f�rtil (15 a 45 anos), gera dor p�lvica durante os ciclos menstruais e pode causar infertilidade.

Cisto hemorr�gico: Esse tipo de cisto apresenta sangramento interno resultantes de les�es em seus pequenos vasos sangu�neos. Pode causar dores abdominais intensas.

Cistoadenoma: � um cisto que pode crescer bastante a ponto de a mulher precisar passar por interven��o cir�rgica para remov�-lo.

Ov�rios polic�stico: � quando os dois ov�rios apresentam aumento consider�vel de volume devido � presen�a de pequenos cistos decorrentes de altera��es hormonais.

Cisto e gravidez

A presen�a de um cisto no ov�rio, geralmente, n�o causa infertilidade, no entanto, a mulher pode ter dificuldades para engravidar devido �s altera��es hormonais que originou esse cisto.

Apenas grandes cistos ovarianos ou os tumores malignos trazem algum risco para a gravidez. Paciente com cistos grandes, superiores a 10 cm, podem apresentar dor, risco de aborto ou trabalho de parto prematuro. Para estes cistos, assim como os tumores malignos, pode ser necess�rio a realiza��o da cirurgia durante a gesta��o, explica Guilherme Accorsi, ginecologista e oncologista do Hospital de Base de S�o Jos� do Rio Preto.