Pequenos machucados nos pés, tornozelos ou pernas muitas vezes são ignorados, com a expectativa de que desaparecerão com o tempo. No entanto, em pessoas com diabetes, má circulação ou imunidade comprometida, uma simples ferida pode evoluir para um quadro grave de infecção, com risco de internação e até amputação.
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Laís Seriacopi, médica especialista em infecções ortopédicas, de pele e partes moles e professora do InfectoCast, destaca que o corpo humano é capaz de cicatrizar lesões simples em poucos dias. Quando isso não acontece, é sinal de que algo está fora do esperado. O maior risco está no fato de que muitas infecções profundas evoluem silenciosamente, sem dor aparente, o que retarda o diagnóstico e o início do tratamento.
Lesões como cortes, bolhas, calos rompidos, arranhões e rachaduras nos pés, aparentemente inofensivas, podem se tornar porta de entrada para bactérias. Em pacientes com doenças vasculares, diabetes ou uso prolongado de corticoides, essas feridas podem progredir rapidamente, atingindo camadas mais profundas da pele, articulações e até os ossos.
Entre os sinais de alerta que indicam possível infecção estão a demora na cicatrização, inchaço, vermelhidão, calor local, secreção purulenta com odor desagradável, alteração na cor da pele, dor que se intensifica e presença de áreas escurecidas ou endurecidas, sugerindo necrose. De acordo com a Dra. Laís, quando a infecção atinge o osso (osteomielite), geralmente já é necessário o uso de antibióticos intravenosos, cirurgia e internação hospitalar.
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Algumas pessoas precisam redobrar os cuidados, como pacientes com diabetes (mesmo quando controlado), histórico de feridas ou amputações, portadores de doenças vasculares, idosos, pessoas imunossuprimidas (como transplantados ou em quimioterapia) e indivíduos com mobilidade reduzida.
Há práticas que agravam o risco e devem ser evitadas, como o uso de pomadas sem prescrição, cobrir a ferida por longos períodos sem trocas apropriadas, recorrer a receitas caseiras ou adiar a ida ao médico. A ausência de dor não deve ser interpretada como ausência de gravidade — especialmente em casos de neuropatia diabética, em que a sensibilidade dos pés está comprometida.
Diante de uma lesão, a orientação é clara: lavar com água e sabão neutro, manter o local limpo e seco, não andar descalço, usar calçados fechados e confortáveis e buscar avaliação médica ao notar dificuldade na cicatrização ou qualquer sinal de infecção.
No Dia Nacional do Diabetes, neste 26 de junho, o alerta se torna ainda mais importante. O cuidado com a pele e os pés deve ser diário e contínuo. Prevenir infecções é preservar a autonomia, evitar complicações e manter a qualidade de vida.
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