O que parecia ser uma noite comum com amigos se transformou em um verdadeiro pesadelo para a modelo e influenciadora digital Madelynn May, de 23 anos, dos Estados Unidos. Após dar uma tragada em um cigarro artesanal contendo maconha misturada com tabaco, Madelynn desmaiou, foi levada às pressas ao hospital e passou meses lutando pela vida com uma infecção fúngica agressiva que se espalhou pelos pulmões, seios nasais e ouvidos.

Hoje, curada, ela compartilha sua experiência com seus mais de 600 mil seguidores no Instagram. O incidente aconteceu quando Madelynn ainda era adolescente, enquanto visitava um amigo em Memphis, Tennessee. Curiosa para saber o gosto do cigarro, ela deu uma única tragada. Minutos depois, começou a tossir de forma descontrolada, perdeu o fôlego e desmaiou.

"Meus pulmões falharam e começou a crescer mofo. Enquanto eu estava inconsciente, a mãe do meu amigo ligou para a emergência. Fui colocada em suporte de vida ainda na ambulância”, contou ao NY Post.

Na unidade de terapia intensiva, médicos constataram uma grave infecção causada por fungos do gênero Aspergillus, que resultou em insuficiência pulmonar. A condição, chamada aspergilose, é rara em pessoas saudáveis, mas pode se desenvolver rapidamente quando esporos de mofo são inalados, especialmente em ambientes ou substâncias contaminadas — como é o caso do cigarro artesanal de Madelynn.

Mofo nos pulmões, ouvidos e seios da face

Ao longo dos meses seguintes, a jovem passou por oito broncoscopias (exame endoscópico que permite a visualização do interior das vias aéreas, incluindo a traqueia, brônquios e pulmões) e teve que usar um tanque de oxigênio diariamente. Ela relata que tossia meleca preta por seis meses e que até cotonetes usados para limpar os ouvidos saíam escurecidos pela presença do mofo.

"Morei em hospitais por cerca de um ano, indo de enfermaria a enfermaria. Os médicos limpavam o mofo, mas ele voltava. Eu estava sendo mantida viva por máquinas que bombeavam medicamentos", lembrou.

Durante a fase mais crítica, ela estava inconsciente e em suporte de vida, sem explicações claras sobre o que havia causado o colapso. Só muito tempo depois, em conversa com um médico durante a recuperação, Madelynn se lembrou do cigarro e relatou a tragada. Foi então que os especialistas descobriram que ela havia inalado esporos de fungos presentes na mistura fumada.

A aspergilose é uma infecção causada pelo Aspergillus, um fungo comum encontrado em ambientes internos e externos — especialmente em folhas em decomposição, grãos armazenados, maconha mal cultivada ou guardada em ambientes úmidos. Quando inalado, o mofo geralmente é combatido pelo sistema imunológico, mas pode causar infecções graves em pessoas imunocomprometidas ou expostas a grandes quantidades de esporos.

Embora incomum, já foram relatados surtos de aspergilose associados ao uso de cigarros ou vaporizadores contaminados, especialmente quando preparados de forma caseira e armazenados sem cuidados sanitários.

Recuperação

Após a recuperação, Madelynn se dedicou à fisioterapia e exames regulares. Só aos 20 anos conseguiu abandonar o uso diário do oxigênio. Durante o longo período de internações e repouso, ela começou a compartilhar seu dia a dia nas redes sociais — inicialmente como forma de distração.

Hoje, o apelo pelo cigarro já foi bastante reduzido. O cinema parou de glamourizar o fumo. Não há mais propaganda de cigarro. E os alertas são explícitos nas embalagens numa tentativa de dissuasão. Gerd Altmann pixabay
Os filmes de faroeste também não largavam o cigarro. Clint Eastwood, um dos ícones do western americano, desejado pelas moças e por rapazes em sua época de herói, a todo instante tinha um cigarro na boca. divulgação
A atriz chegou a fazer propaganda de cigarro. No cartaz, ela aparece sofisticada, maquiada, com cabelos alinhados, vestido de gala, e uma piteira. A propaganda diz que o Lucky Strike é mais brando que outros. Divulgação
Marlene Dietrich foi outra, quase sempre com um cigarro na boca na personagem. divulgação
Aqui é o oposto. A mulher é que acende o cigarro do homem. Clark Gable, símbolo sexual de sua geração, dá aquela olhada em Joan Crawford com o cigarro a postos. Divulgação
O cigarro era até mesmo um instrumento de sedução, como nesta cena de "Now Voyager" (1942), em que o galã Paul Henreid acende o cigarro de Bette Davis, ambos num clima de sensualidade. Divulgação Now Voyager
Bette Davis foi uma das atrizes que mais vezes apareceu na tela com um cigarro nas mãos. Era um companheiro quase permanente. Divulgação
Humphrey, um dos maiores atores da história, desperdiçou boa parte da vida em nome do vício. Ele fumava não apenas nos filmes, mas na vida real. E fumou tanto que o câncer o matou cedo, aos 57 anos. Divulgação O Falcão Maltês
Humphrey Bogart, no clássico "Casablanca", interpreta o charmoso Rick Blaine. Personagem tão cativante que divide o coração de Ilsa Lund (Ingrid Bergman). E em cenas atraentes, ele dava uma tragada no cigarro. Divulgação Humphrey Bogart Casablanca
A bela Audrey Hepburn com sua piteira marcou época - um gesto hoje condenável. Domínio público
James Dean, jovem e belo ator que servia de inspiração para milhares de fãs, apareceu fumando no clássico "Juventude Transviada" (1955). Olhe a foto e pense: quem, na época, não acharia um charme? divulgação
Nos anos 1920, o cigarro representava glamour e rebeldia. Entre as décadas de 1930 e 1960, houve uma sucessão de filmes em que os atores fumavam em ambientes que atraíam a atenção pelo requinte e pela autonomia dos personagens. divulgaçao filme Gilda
Impossível saber o alcance do mal causado pelos filmes da época na saúde dos espectadores, tamanha a quantidade de personagens fumantes que inspiraram jovens ao longo de décadas. aamiraimer pixabay
O cigarro como instrumento de inclusão é um problema que foi debatido desde os tempos áureos do cinema, quando o fumo era considerado charmoso. Ralf Kunze pixabay
Embora o tabaco seja notoriamente prejudicial à saúde e, em muitos casos, fatal, o cigarro ainda é largamente consumido. E campanhas de conscientização, como as adotadas no Brasil, tentam desestimular essa prática. Alexas fotos pixabay
No Brasil, a inclusão de imagens de advertência nas embalagens de cigarro é norma desde 2001 e, desde então, já houve quatro atualizações desses alertas. Kristina / pixabay.com
Ou seja, as empresas fabricantes terão um ano para se adaptarem a elas. Quem não cumprir terá o produto retirado dos pontos de venda. Ao todo, são sete imagens e textos com advertências sobre diversos problemas de saúde ocasionados pelos derivados do tabaco. Elas devem obedecer uma ordem rotativa a cada cinco meses. Divulgação/Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo conjunto de imagens e textos para embalagensde cigarros. A meta é mostrar problemas graves decorrentes do fumo e,assim, desestimular a prática. As normas serão obrigatórias a partir de 2 de novembro de 2025. Divulgação

"Eu só queria me conectar com outras pessoas e mostrar o que tinha vivido. Nunca imaginei que isso se tornaria uma carreira", disse. Ela chegou a testar trabalhos como stripper e cam girl por um curto período, mas optou por seguir como criadora de conteúdo digital por conta própria. 

O sucesso foi quase imediato. Hoje, com uma legião de fãs, Madelynn fatura cerca de US$ 2 milhões (R$ 10 milhões) por ano com assinaturas, parcerias e presença online - graças a suas postagens bem-humoradas e sensuais.

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“Os médicos acreditam que foi sorte eu não precisar de um transplante de pulmão. Hoje, meus exames mostram que meus pulmões estão melhores do que os da maioria das pessoas da minha idade — e eu nunca mais vou tocar em nenhum tipo de fumaça”, afirmou.

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