SAÚDE MENTAL

Efeito duradouro: depressão materna pode comprometer vínculo com bebê

Estudo aponta que tristeza persistente, isolamento e falta de prazer após o parto afetam a relação entre mãe e filho e podem impactar o desenvolvimento infantil

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A depressão materna compromete como a mãe se relaciona com o bebê, o que pode impactar o desenvolvimento da criança no futuro, conclui um artigo publicado por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, na revista científica "Harvard Review of Psychiatry".

A falta de pesquisas sobre os impactos da depressão na parentalidade motivou a equipe brasileira a conduzir uma revisão sistemática de todos os artigos sobre o assunto publicados nos últimos dez anos em diversas bases de dados. “Embora a depressão seja muito afetada por fatores socioeconômicos, a maioria das pesquisas são feitas em países ricos, e são estudos transversais, ou seja, que não fazem um acompanhamento a longo prazo”, comenta o psicólogo Tiago Neuenfeld Munhoz, professor da UFPel e um dos autores do artigo.

 

Impactos

De forma geral, a análise revela que os sintomas depressivos na mãe (tristeza, solidão, irritabilidade, sentimento de incapacidade, baixa autoestima, entre outros) são associados a menor envolvimento, comprometimento e prazer ao interagir com o bebê. “Mães com depressão têm dificuldade de se conectar aos filhos, afetando o vínculo com eles. Há menos afetividade, menos sorrisos, menos toque e estímulos”, exemplifica Tiago.


Isso também impacta atividades como contar histórias e passear. “Elas têm menos sensibilidade para identificar possíveis problemas do filho e até dificuldades para organizar a rotina”, diz o psicólogo. Essas mães ainda podem adotar práticas educativas chamadas coercitivas ou punitivas, que incluem a expressão de sentimentos como:

  • Raiva
  • Tristeza
  • Hostilidade
  • Agressão física e verbal

Tudo isso pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo da criança.

Quando ficar alerta?

Se a mãe manifesta humor deprimido, falta de vontade ou prazer na maior parte do tempo por duas semanas, vale ficar alerta. Por isso, é essencial o acompanhamento adequado no pré-natal, bem como os retornos nas consultas, que acontecem 15 e 40 dias após o parto e depois de três a seis meses do nascimento do bebê.

“Muitas passam por altos e baixos emocionais e, até certo ponto, essas flutuações podem ser normais e transitórias. Mas a depressão materna é um problema sério para a mãe e a criança, e o médico obstetra é peça-chave para sua detecção desde o pré-natal até o puerpério”, alerta o ginecologista e obstetra Mariano Tamura, do Einstein Hospital Israelita.

É importante avaliar fatores de risco, como:

  • Histórico de depressão
  • Falta de apoio familiar
  • Se a gravidez foi planejada

“O médico deve perguntar sempre como a mulher se sente emocionalmente, como está seu ânimo, esperança e como tem sido cuidar do bebê. Ouvir atentamente relatos de incapacidade ou sentimento de culpa e observar sinais, como distanciamento e falta de contato ou irritabilidade, choro frequente e discurso negativo”, orienta Mariano.

Também é importante que o profissional de saúde dê suporte e consulte com mais frequência se necessário, além de prescrever medicação e encaminhar para psicólogo ou psiquiatra, quando indicado. Além do médico, toda a rede que está em torno da mãe, desde a família até outros profissionais, deve estar atenta a sinais e sintomas que possam indicar uma possível depressão e procurar ajuda, se for o caso.

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