O apresentador Fausto Silva, 75, passou por um transplante de fígado e, no dia seguinte, por um retransplante renal no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Faustão, como é conhecido, já havia recebido um coração e um rim, em agosto de 2023 e fevereiro de 2024 respectivamente.

Segundo boletim médico divulgado na sexta-feira (8), Faustão está internado desde 21 de maio devido a uma infecção bacteriana aguda com sepse, condição grave em que a resposta do organismo a uma infecção desencadeia inflamação generalizada e pode levar à falência de órgãos.

Ao longo desse período, foi submetido a tratamento para controle da infecção, além de reabilitação clínica e nutricional, com o objetivo de estabilizar seu quadro de saúde.

O transplante de fígado foi realizado na quinta-feira (7), seguido do retransplante renal na sexta-feira (8), procedimento que já estava planejado havia um ano.

As cirurgias ocorreram após a Central de Transplantes do Estado de São Paulo acionar o hospital e a equipe médica confirmar a compatibilidade dos órgãos — fígado e rim — doados por um mesmo doador.

Doador único e chances de compatibilidade

No caso de Faustão, os dois órgãos transplantados — fígado e rim — vieram de um mesmo doador.

A compatibilidade é determinada por uma série de exames, que avaliam fatores como o tipo sanguíneo, a compatibilidade genética e o estado de saúde do órgão doado. Quanto maior a compatibilidade, menores as chances de rejeição e melhores as perspectivas de sucesso no pós-operatório.

Como funciona o transplante de fígado e de rim

O transplante de rim é considerado a melhor alternativa para a maioria dos pacientes com doença renal crônica em estágio avançado. Os rins desempenham funções vitais, como filtrar resíduos metabólicos, regular o equilíbrio de líquidos e eletrólitos e manter a pressão arterial. Quando o órgão perde a capacidade de exercer essas funções, o transplante pode substituir a diálise e oferecer melhor qualidade de vida.

O transplante de fígado, por sua vez, é indicado para pacientes com doenças hepáticas graves, como cirrose avançada, câncer no fígado ou falência hepática aguda. O fígado, essencial para processos metabólicos e de detoxificação, pode ser transplantado de um doador falecido (órgão inteiro) ou de um doador vivo (segmento do órgão, capaz de regeneração).

Em ambos os casos, o preparo inclui avaliações médicas detalhadas, entrada na lista de espera (quando não há doador compatível imediato), testes de compatibilidade e, após a cirurgia, uso contínuo de medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão.

Instagram/Fausto Silva
Faustão em hospital em foto de 2023, enquanto fazia exames para acompanhar o funcionamento do coração que recebeu via transplante

Quais são os riscos do pós-transplante

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, o risco mais comum após transplantes é o de infecção — desde as que podem ocorrer em qualquer cirurgia, como pneumonia e infecção urinária, até as chamadas infecções oportunistas, que afetam especialmente pessoas com o sistema imunológico enfraquecido.

Para reduzir esses riscos, os pacientes recebem medicamentos antimicrobianos durante a recuperação. Na maioria dos casos, a probabilidade de infecção retorna ao nível normal — semelhante ao de antes do transplante — cerca de seis meses após a cirurgia.

Quanto tempo em média vive a pessoa transplantada?

A sobrevida do paciente tem sido cada vez maior devido aos novos medicamentos e às técnicas aprimoradas.

O valor médio aproximado de sobrevida, depois de um ano, é de 70% para o enxerto e para o paciente, segundo o Ministério da Saúde.

"O transplante não é cura, mas sim um tratamento que pode prolongar a vida com uma melhor qualidade", diz a pasta em seu site.

"Muito embora a compatibilidade entre doador e receptor seja testada antes de um transplante, a prescrição de medicamentos imunossupressores é obrigatória e de forma permanente, com o objetivo de evitar a rejeição do órgão."

"Em casos de rejeição, poderá ser oferecido um novo transplante ao paciente. As consultas periódicas de acompanhamento pós-transplante são obrigatórias."

O que fazer para doar órgãos?

A legislação brasileira exige o consentimento da família para a retirada de órgãos e tecidos para transplante.

O órgão foi doado por seu marido, Erwin Bach. Turner morreu em maio de 2023, de causas naturais, aos 83 anos. divulgação hbo
Tina Turner: Em sua autobiografia intitulada “Tina Turner: My Love Story”, a cantora revelou que precisou fazer um transplante de rim em 2016. Instagram @tinaturner
“Se não fosse essa pessoa acordar um belo dia para se cadastrar no banco de doadores, eu não estaria aqui dando essa entrevista", disse a atriz na época. reprodução tv globo
Na ocasião, ela compartilhou em uma entrevista na TV que, embora tivesse seis irmãos, nenhum deles era compatível para a doação. A medula óssea veio de uma pessoa desconhecida. reprodução instagram
Drica Moraes: Em 2008, a atriz passou por um transplante de medula óssea devido ao diagnóstico de leucemia. reprodução
Durante uma participação no programa "Encontro Com Fátima Bernardes", em 2013, ele contou que já havia feito seis cirurgias e precisou ser internado sete vezes. O ator morreu em 2016, aos 54 anos. divulgação tv globo
Duda Ribeiro: O ator passou por um transplante de fígado em 2011, por conta de um câncer no mesmo órgão. reprodução
O coração que Norton recebeu pertencia a um médico, que faleceu em um acidente de carro no Rio de Janeiro. Mesmo com a cirurgia, Norton não conseguiu resistir a um quadro infeccioso pulmonar e veio a falecer em 2007. reprodução/tv globo
Norton Nascimento: O ator precisou passar por um transplante de coração em 2003. A situação do artista era tão séria que ele se tornou um dos seis casos mais urgentes de São Paulo na época, de um total de 60 pessoas na lista de espera. reprodução redes sociais
O procedimento não foi suficiente e ele voltou a ser internado em julho, com um quadro de desidratação severa. O músico acabou morrendo em outubro daquele ano. flickr Man Alive!
Lou Reed: Fundador da banda The Velvet Underground, o cantor e compositor norte-americano precisou passar por um transplante de fígado, em maio de 2013. flickr Man Alive!
Na época, a mídia americana tratou o caso de Wonder como “um problema de saúde sério”, sem dar maiores detalhes. Ralph PH wikimedia commons
Stevie Wonder: Outro que também precisou transplantar um rim foi o lendário cantor norte-americano Stevie Wonder, em 2019. wikimedia commons Kingkongphoto
Com 21, Hyland enfim conseguiu realizar um transplante e se curar da doença. Ela recebeu um rim do próprio pai. reprodução youtube
Sarah Hyland: Conhecida pela série “Modern Family”, a atriz precisou lidar com uma doença grave nos rins chamada displasia renal, desde os 9 anos de idade. wikimedia commons Josh Hallett
O empresário foi diagnosticado com câncer no pâncreas em 2003 e vinha com a saúde bastante debilitada. A cirurgia acabou não sendo suficiente e ele morreu dois anos depois, em 2011. Matt Yohe - Wikimédia Commons
Steve Jobs: O ex-presidente e um dos fundadores da Apple precisou realizar um transplante de fígado em 2009. Kim Støvring/Flickr
Na época, ela publicou uma foto no hospital, ao lado de sua amiga Francia Raisa, que foi quem lhe doou o órgão. reprodução redes sociais
Selena Gomez: Em 2017, a artista precisou passar por uma cirurgia de transplante de rim. Ela teve complicações por conta do lúpus, uma doença que não tem cura. Reprodução/@selenagomez
Na época da cirurgia, eles já não estavam mais juntos, mas o ator expressou publicamente sua gratidão a ela por esse gesto durante o SAG Awards de 2011. divulgação / no auge da fama
Tracy Morgan: O ator e comediante teve que fazer um transplante de rim devido a problemas causados pelo diabetes. O caso aconteceu em 2010. Ele recebeu o rim da sua ex-namorada, Tanish Hall. wikimedia commons David Shankbone
Depois de receber o rim, Faustão chegou a ficar 45 dias internado até que sua saúde se estabilizasse e ele pudesse voltar para casa. reprodução tv band
Fausto Silva: O ex-apresentador já precisou passar por um transplante de rim, em fevereiro de 2024, e de coração, em agosto de 2023, depois de sofrer uma insuficiência cardíaca. Reprodução Instagram
Um único doador de órgãos pode beneficiar até 8 pessoas, impactando significativamente a vida de indivíduos e famílias. Hoje, o FLIPAR relembra famosos que já receberam algum transplante; confira! freepik
O transplante de órgãos é um procedimento médico vital que salva milhares de vidas a cada ano. Para muitos, é a única chance de sobreviver. jcomp freepik

Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que, se você quiser ser doador de órgãos, avisar aos familiares é o mais importante.

Isso porque, apesar de pela lei não ser possível garantir efetivamente a vontade do doador, na grande maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado, acrescenta a pasta.

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Não é necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios, basta que a família atenda ao pedido e autorize a doação de órgãos e tecidos.

Mas o desejo do doador, expressamente registrado, também pode ser aceito, caso haja decisão judicial nesse sentido.

Um dos principais motivos para que um órgão não seja doado no Brasil é a negativa familiar.

Muitas famílias, mesmo diante da possibilidade de salvar outras vidas, optam por não autorizar a doação, seja por falta de informação, crenças pessoais ou dificuldades em lidar com a perda.

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